Adeus

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Algumas semanas se passaram e a minha vida parece finalmente estar acontecendo. Não é que eu esteja me transformando nos idiotas que vivem perdendo tempo pelos corredores daquela maldita escola, eu apenas pareço estar mais relaxada, eu diria até acostumada com todo o caos daquele lugar. 

Neste ponto, não consigo aceitar que a minha vida louca, onde eu vivia presa, escondida, fugindo de monstros, enquanto a minha família muito louca os caçava, se transformou na droga de um clichê adolescente. u até tenho uma rotina agora! E não é que eu odeie tudo isso, eu apenas não esperava viver nada parecido, embora eu desejado isso durante os últimos anos. 

Ser criada por três caras, cada um com seu jeito peculiar, num bunker antigo e rodeada de monstros, fez de mim o que sou hoje, a garota que todos acham estranha. Não sei se é o meu jeito de falar ou andar, talvez seja o meu cabelo rebelde, ou a inúmeras camisas de bandas que uso como uniforme, eu não sei. Mas já me conformei com o fato de ser a estranha número um. 

Uma novidade, arranjei um emprego de meio período no fim da tarde, numa cafeteria aqui perto. Quem diria que eu me sairia bem preparando café... É... Eu sou mesmo muito boa. 

Na casa da Jô, ou melhor, meu lar pelos próximos meses, tudo segue tranquilo. Jô é incrível e assim como os meus pais, não deixa escapar um monstro que apareça na vizinhança. Eu até tentei convencê-la de me levar em uma caçada, mas assim como todos os outros, ela disse não muito facilmente. Um dia serei dona do meu próprio caminho e então caçarei todos os monstros que eu puder, demônios... Ou Seja lá o que for. Enquanto isso não acontece, tenho dever de casa e uma pilha enorme de roupas sobre a minha cama. Por que tem que ser tão difícil dobrar todas essas coisas... Seria tão mais fácil só jogar tudo no armário... Seria possível se eu não dividisse o quarto com uma louca da limpeza.

Clarisse vive pegando no meu pé quando o assunto é a organização do nosso quarto... Eu a odeio por isso. E não, não a odeio por completo. Quanto ao incidente lá no começo, ou melhor, aquela porcaria de trote sem graça, já não sinto tanta raiva dela... E não, não somos melhores amigas, não caminhamos de um lado para o outro pelos corredores daquele lugar maldito, e muito menos trocamos segredos... Clarisse estragou tudo no momento em que decidiu permitir que aqueles idiotas brincassem comigo daquele jeito. Apesar de tudo, ainda conversamos e até dividimos a lição de casa, mas não que me faça sentir que temos uma super relação. E pra falar a verdade, eu nem sei se quero. 

Crescer longe de pessoas da minha idade e sem poder ver o mundo tal e como ele é me causou alguns danos e posso notá-los ao viver novas experiências. 

Também tem a Linda, mas ela quase não vive em casa. Vamos juntas à escola, ela trabalha durante à tarde e ó chega em casa depois do jantar. Com ela eu até converso às vezes, mas sempre acabo dormindo quando ela começa a falar sobre garotos e sobre seu namoro com um tal de Joel... Ah... Eu só vi esse tipo de coisa em filmes... Uh, me dá arrepios só de pensar em ter que ouvir Linda me falar sobre Joel enquanto suspira pelos cantos...

Na manhã seguinte, despertei sem o barulho do despertador, nem fui chacoalhada por Clarisse... Foi estranho... Mas então lembrei que finalmente chegou o fim de semana... E eu tenho planos! 

— Isso é uma loucura, Kate... Se o Dean descobre que permiti essa loucura... Ele vai te levar de volta! — Nem passou das nove e já estou enchendo o saco de Jody. 

— Mas eu já estaria lá mesmo, Jô. Por favor, eu posso me cuidar sozinha. — Estou implorando enquanto acompanho a mulher que está sentada diante do balcão da cozinha enquanto beberica o seu café. 

— Por que não os convidamos para o jantar? — Ela sugeriu. 

 — Sem chances, Jô! — Rebati. — Olha, eu já tentei chamar o anjo Castiel, mas ele não me escuta... O tio Sam deve estar caçando com o meu pai... Eu sinto saudades do bunker... — Choraminguei. 

— Se algo acontecer, eu digo que você fugiu de casa enquanto eu estava no trabalho.  — Jô ameaçou, já que sabia que essa batalha ela não venceria. 

— Eu não poderei lutar contra isso, Jô. — Lhe ofereci uma piscadela. — Estarei de volta no domingo à noite! — A avisei ao pegar minha mochila que já estava atrás do balcão. 

— Você ia de qualquer jeito, não é mesmo? — Ela pergunta surpresa. — Eu confirmo imediatamente. 

— Se cuida, garota... Não faça nenhuma loucura! — Ela pediu. — E como vai chegar lá? 

— De ônibus. — Dei de ombros. — Eu tenho tudo planejado! — E sem mais esperar, saí de casa sem nem olhar para atrás... 

Ah... Eu só espero que tenha uma daquelas tortas deliciosas na geladeira... Adeus cidadezinha cheia de clichê para adolescente... Adeus! Breve, mas ainda sim... Adeus! 

A Filha de Dean Winchester (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora