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Any Gabrielly está a fim de um jogador de futebol americano

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Any Gabrielly está a fim de um jogador de futebol americano. Não dá para acreditar nisso, mas como já a ofendi uma vez hoje, tenho de pisar em ovos se quero dobrar a menina. Espero até estarmos no Jeep e coloco o cinto antes de lançar, com cuidado, a pergunta.

"E aí, há quanto tempo você quer pegar... digo, fazer amor com Kohl?" Ela não responde, mas posso sentir seu olhar mortal em meu rosto. "Deve ser bem recente, já que ele só foi transferido há dois meses." Pressiono os lábios. "Certo, vamos considerar que faz um mês." Sem resposta. Viro-me para ela de relance e vejo que seu olhar é ainda mais ameaçador. No entanto, mesmo com a expressão fulminante, continua gata.

Tem um dos rostos mais interessantes que já vi - as maçãs do rosto bem arredondadas, a boca um tanto arrebitada, e, combinados com a pele morena e os olhos castanhos, cor de chocolate. O visual é quase exótico. E o corpo... cara, agora que reparei nele, não consigo "desreparar". Mas me lembro de que não estou levando Any para casa na esperança de me dar bem. Preciso muito dela, e dormirmos juntos só estragaria as coisas.

Hoje, depois do treino, o treinador me chamou num canto e me deu um sermão de dez minutos sobre a importância de manter as notas na média. Bem, chamar aquilo de sermão é uma bondade minha. Suas palavras exatas foram: "Mantenha as notas azuis, ou vou enfiar o pé com tanta força na sua bunda que você vai passar anos sentindo o gosto da graxa do meu sapato na boca". Inteligente que sou, perguntei se as pessoas ainda engraxam o sapato, e ele respondeu com uma sequência de impropérios eloquentes, antes de sair feito um furacão.

Não estou exagerando quando digo que hóquei é tudo na vida para mim - e acho que eu não teria escolha, sendo filho de um fodão do ringue como meu pai é. O velho tinha meu futuro inteirinho planejado quando eu ainda estava na barriga da minha mãe - aprender a patinar, aprender a bater com o taco, chegar à liga profissional, fim. Afinal de contas, Ron Beauchamp tem uma reputação a zelar. Quer dizer, imagina só como ele se sentiria se o filho não virasse um jogador profissional.

Não vou negar, tem um quê de sarcasmo aí.

E aqui vai uma confissão: não gosto do meu pai. Ou melhor, eu o odeio. A ironia é que o filho da mãe acha que tudo que fiz foi por ele. Os treinos pesados, os hematomas pelo corpo inteiro, me matar vinte horas por semana para progredir no rinque.

Ele é arrogante o suficiente para acreditar que faço tudo isso por ele. Mas está errado. Faço por mim. E, em menor grau, para superar o meu pai. Para ser melhor do que ele. Não me leve a mal - adoro o jogo. Vivo pelo barulho da torcida, a sensação do ar gelado no rosto ao voar sobre o gelo, o som do disco quando acerto uma tacada que acende a luz do gol. Hóquei é adrenalina. É empolgante. É relaxante até.

Olho para Any mais uma vez, imaginando o que fazer para persuadi-la, quando, de repente, percebo que estou encarando essa situação com o Kohl de forma errada.

Porque, de fato, não acho que ela seja o tipo dele... mas como é que ele pode ser o dela?

Kohl é do tipo forte e calado, mas já conversei com o cara o suficiente para enxergar por debaixo da máscara. Faz pinta de misterioso para atrair as garotas e, assim que elas mordem a isca, ele abusa do seu charme para entrar debaixo da saia delas. Então por que uma menina centrada como Any Gabrielly ficaria babando por um cafajeste feito Kohl?

O ACORDO | BEAUANYWhere stories live. Discover now