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Meu telefone apita logo antes da meia-noite, mas não estou dormindo

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Meu telefone apita logo antes da meia-noite, mas não estou dormindo. Na verdade, nem vesti o pijama ainda.

No segundo em que cheguei em casa depois do trabalho, peguei o violão e voltei ao trabalho. Agora que Cass complicou minha vida da forma mais egoísta e vingativa possível, coisas como "colocar o sono em dia" , "relaxar" e "não entrar em pânico" não existem mais.

Pelo próximo mês, serei praticamente um zumbi, a menos que encontre, magicamente, um jeito de conciliar faculdade, trabalho, Josh e ensaios sem ter um colapso nervoso. Baixo o violão e dou uma olhada no celular. É Josh.

Ele: N consigo dormir. Acordada?

Eu: Tá c/ segundas intenções?

Ele: N. Quer q esteja?

Eu: N, tô ensaiando. Totalmente estressada.

Ele: Mais uma razão pra segundas intenções.

Eu: Pode ir sossegando o facho, cara. Pq vc não consegue dormir?

Ele: Td dói. Sinto uma onda de pena tremular em minha barriga.

Josh tinha ligado mais cedo para dizer que eles perderam o jogo, e aparentemente ele levou umas pancadas feias esta noite. Da última vez que conversamos, ainda estava botando bolsas de gelo pelo corpo inteiro. Estou com muita preguiça de digitar, então ligo, e Josh atende no primeiro toque.

Sua voz rouca preenche meu ouvido.

"Oi."

"Oi." Eu me recosto contra o travesseiro.

"Desculpa não poder ir até aí beijar todos os seus dodóis, mas estou trabalhando na música."

"Tudo bem. Só tem um dodói que quero que você beije, e você parece distraída demais para isso." Ele faz uma pausa. "Tô falando do meu pau, viu?" Contenho uma risada.

"É. Entendi. Não precisa explicar."

"Já decidiu qual música vai cantar?"

"Acho que sim. A que cantei para você no mês passado, quando estávamos estudando. Lembra?"

"Lembro. Era triste."

"Triste é bom. Gera mais impacto emocional." Hesito. "Esqueci de perguntar hoje mais cedo... seu pai foi ao jogo?" Uma pausa.

"Nunca perde um."

"Tocou no assunto do dia de Ação de Graças de novo?"

"Não, ainda bem. Nem sequer olha para mim quando a gente perde, então não imaginei que estaria a fim de papo." A voz de Josh está repleta de amargura, e o ouço limpando a garganta. "Coloca no viva-voz. Quero ouvir você cantar." Meu coração está apertado de emoção, mas tento esconder a reação, adotando um tom descontraído.

"Quer que eu cante uma música de ninar, coisinha linda da mamãe?" Ele ri.

"Parece que meu peito foi atropelado por um caminhão. Preciso de uma distração."

"Tudo bem." Aperto o botão de viva-voz e pego o violão. "Sinta-se livre para desligar se ficar entediado."

"Linda, eu poderia assistir a você vendo tinta secar e não ficaria entediado." Josh Beauchamp, meu galanteador pessoal.

Coloco o violão no colo e canto a música desde o início. Minha porta está fechada, e, embora as paredes do quarto sejam finas, não me preocupo em acordar Joalin. A primeira coisa que fiz depois que Fiona me deu a notícia foi dar a Joalin um par de protetores auriculares e avisá-la de que, até o festival, vou virar noites cantando.

Estranhamente, não estou mais com raiva. Estou aliviada. Cass tinha transformado o nosso dueto num número espalhafatoso e cheio de firulas, do tipo que desprezo. Então, por mais irritante que seja levar um fora, a melhor coisa é não ter que cantar com ele. Repasso a música três vezes, até que minha voz fica rouca, e preciso parar e virar a garrafa d'água que tenho na mesinha de cabeceira.

"Ainda aqui, sabia?" A voz de Josh me assusta. Então rio, porque sinceramente tinha me esquecido de que ele estava na linha.

"Não consegui colocar você para dormir, né? Não sei se deveria me sentir lisonjeada ou insultada."

"Lisonjeada. Sua voz me dá calafrios. É impossível dormir." Sorrio, mesmo que ele não possa me ver.

"Preciso dar um jeito neste último refrão. Fechar com uma nota alta ou baixa? Hmmm, talvez devesse mudar a parte do meio também. Quer saber? Tenho uma ideia. Vou desligar agora para resolver isso, e você precisa ir dormir. Boa noite, cara."

"Gabrielly, espere" , ele chama, antes que eu possa desligar. Tiro o telefone do viva-voz e o levo ao ouvido.

"O que foi?" Sou recebida pela pausa mais longa do mundo. "Josh? Você está aí?"

"Hmm, estou. Desculpa. Ainda aqui." Uma respiração pesada corta a chamada. "Vem comigo para o dia de Ação de Graças?" Fico paralisada.

"Sério?" Outra pausa, ainda maior que a primeira. Chego a achar que vai retirar o convite.

E acho que não ficaria chateada se o fizesse. Sabendo o que sei sobre o pai de Josh, não tenho certeza se posso me sentar em uma mesa de jantar com o sujeito sem pular no pescoço dele. Que tipo de homem bate no próprio filho? No filho de doze anos de idade.

"Não posso voltar lá sozinho, Any. Vem comigo?" Sua voz falha nas últimas palavras, o que me parte o coração.

Deixo escapar um suspiro e digo: "Claro que vou".

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Mais um pq eu amo vcs. ❤️✨

O ACORDO | BEAUANYWhere stories live. Discover now