03| Caos

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A M B E R

Ao sentir uma presença perto demais, abro meus olhos, e vejo Andreia bem próxima de onde estou, me avaliando. Ao ver que estou acordada, ela se afasta, ainda me olhando estranho.

Não digo nada até conseguir compreender o que exatamente ela estava fazendo. Provavelmente pensando em várias formas de me matar, o que não seria uma surpresa. Porque mesmo ela parecendo ser educada demais para estar aqui, ela matou alguém. E eu não ligo se ela realmente quiser fazer isso. Seria um favor.

— O que você pretendia? — a questiono, me levantando logo em seguida.

Ela solta um sorriso irônico, e olha para suas unhas, que nesse momento, percebi estarem pintadas. Estranho.

— Admirando sua beleza, docinho.

O apelido insuportável que ela colocou, me faz ter vontade de arrancar a língua dela, mas não o faço porque preciso pensar friamente, ainda mais no fato de que tenho que ser exemplar a partir de agora.

— Se eu pegar você mais uma vez me admirando, te garanto que o seu final não vai ser bom — devolvo, com um sorriso sarcástico de lado.

Ela me encara, e logo em seguida manda um beijinho debochado.

— Veremos.

Nitidamente ela só está tentando me intimidar, o que não vai acontecer. Não tenho medo de uma mosca morta como ela.

Bufo, indo em direção a pia, lavar meu rosto e escovar meus dentes a ignorando. Mesmo não sentindo medo, preciso ter muito cuidado com ela. Algo me diz que ela está aprontando algo.

Assim que termino de lavar meu rosto, volto para me sentar na cama e esperar a agente penitenciária vir nos liberar para o café.

Me deito na cama olhando para o teto e ouvindo novamente ela cantar essa música ridícula que tira toda a paciência que eu não tenho. A letra é melancólica, e me faz viajar para um lugar bem estranho.

Foco meus pensamentos no meu advogado, tentando imaginar o que exatamente ele pode estar fazendo agora. Provavelmente iniciando o dia em uma casa luxuosa, com sua esposa e uns dois filhos. Ele me parece esse tipo. Daqueles que são amorosos na medida certa. E com certeza deve ser muito feliz.

Em uma outra realidade ele seria o tipo de cara que eu me envolveria, mas como eu sou uma completa fodida, era capaz de o matar na primeira discussão.

— TÁ NA HORA MADAMES!!!!

Sou tirada dos meus pensamentos insanos pela agente que veio nos buscar para o banho de sol, e também, café.

Tudo isso é uma completa idiotice e caso o que o doutor bonitão me disse não aconteça, já tenho um destino para ir. Mas ficar aqui dentro não é uma opção mais. Não mesmo.

Já pensei tantas vezes em fazer isso durante o meu tempo na terra, que se eu permanecer aqui, finalmente vou conseguir pôr um fim no que nunca tive coragem. Na minha vida.

Me levanto da cama, calçando as sandálias e saindo logo atrás de Andreia, que parece um pouco nervosa. Isso é inédito. Nunca a vi assim. Mas também, nunca prestei atenção nela mesmo. Deve ser coisa da minha mente.

IN(QUEBRÁVEL) | ✓Where stories live. Discover now