04| Promessa

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D O M I N I C

Olho a cidade lá embaixo, vendo a vida das pessoas seguirem como se nada tivesse ocorrendo ao seu redor. E muitos desses indivíduos nem se importam com o que acontece com os outros que não fazem parte de seus laços sanguíneos. E isso me deixa terrivelmente puto.

Eu sempre fui o tipo de cara que tenta ao máximo ajudar o próximo. Escolhi minha profissão justamente por isso. Alguns dizem que eu solto bandidos, e por isso, muitas vezes me julgam. Já eu, interpreto de outra forma. Eu ajudo pessoas a voltarem para suas vidas e terem a chance de se ressocializar na sociedade. Mesmo alguns deles voltando a praticar seus crimes.

Meu próximo caso é muito interessante e me faz questionar tudo. Amber Lewis é uma verdadeira incógnita para mim e mesmo sabendo de tudo que ela fez, não consigo a ver apenas como uma assassina. Eu vejo além. Eu vejo nela uma garota que foi extremamente machucada e destruída tentando salvar outras crianças de um destino ruim. E por isso, eu não julgo. Acho que se tivesse a chance de fazer algo para ajudar vítimas, também faria.

Ainda mais quando penso que eu tenho um filho que poderia facilmente ser alvo de alguém sem escrúpulos e com certeza, eu não iria pensar duas vezes em matar qualquer um que ousasse o machucar. Por isso, eu entendo ela. De uma maneira errada, mas ela sempre tentou ajudar.

Escuto passinhos leves se aproximando e rapidamente um sorriso surge em meu rosto. Me viro e visualizo meu filho vindo na minha direção, com sua chupeta na boca.

Me agacho esperando por ele que abre os abraços se jogando em cima de mim.

— Oi papai… — diz, me dando um abraço logo em seguida.

Deposito um beijo em sua bochecha e me afasto da parede de vidro, indo em direção a cozinha

— Vamos fazer seu café? Terminei esquecendo… 

Ele sorri, escondendo seu rosto em meu pescoço.

— To com fome…

— Desculpa o papai, terminei indo fazer outras coisas antes do café… Vamos preparar uma vitamina bem reforçada para o campeão.

Ele bate palminhas, com suas mãos gordinhas, animado com o que eu disse. Seu rosto amassado de sono é a coisa mais linda do mundo. E eu sou completamente apaixonado por esse pequeno.

Coloco ele na sua cadeirinha e vou pegar os ingredientes para fazer seu café. Enquanto isso, ele bagunça um pouco, pegando tudo que ver em cima da mesa e derrubando. Como sempre, ligado nos 220v.

Quando termino de fazer a vitamina, coloco na sua mamadeira e entrego nas mãozinhas dele, que parece ansioso para comer, e isso me faz sorrir novamente. Meus dias com ele sempre são os melhores. Acho que não consigo me visualizar sem esse pequeno humano na minha vida.

E pensar nisso me faz pensar na mãe dele, que cogitou o tirar e não me dá a chance de o ter ao meu lado. Acho que meu ódio por ela vem justamente por causa disso. Principalmente porque ela só o teve porque eu paguei por isso, e com certeza, isso é algo que vou omitir por um tempo dele. Não quero que ele ache que não é amado. Porque se tem uma coisa que eu faço, é o amar incondicionalmente.

Observo ele terminar de tomar a vitamina e logo depois me entregar a mamadeira. Pego ele meus braços, saindo da cozinha e subindo as escadas para meu quarto. Preciso dar banho nele antes de Ana – sua babá – chegar.

Ao perceber para onde estamos indo, ele logo se anima, tentando tirar sua roupinha de dormir.

— Papai… Banho… Ebaaa — diz separadamente, super animado.

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