14| Acidente

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AMBER

Infelizmente somos obrigados a nos separar pela necessidade de respirar. O que me faz voltar para a realidade onde o que aconteceu é um completo erro.

Sinto sua respiração pesada batendo no meu rosto, mas não consigo abrir meus olhos para o encarar. Pelo menos não agora. Esse momento precisa ser memorizado na melhor parte da minha mente. Uma parte que descobri estar cheia de momentos com ele e Ian. O que me faz perceber que esse tempo com eles, me fez sentir coisas.

Sua mão quente na minha cintura não se move e posso sentir que ele está me olhando. Não sei se quero o olhar. Não sei se posso.

— Não.

Sua voz rouca me surpreende, me faz querer questionar o porquê dessa palavra. Assim que abro meus olhos, sinto algo mais intenso.

— Não o que? — indago, um pouco perdida.

— Eu não tenho amor à minha vida. É isso que estou dizendo.

Após alguns segundos, consigo raciocinar que ele está respondendo a minha pergunta. O que me faz lembrar que estávamos discutindo.

Tento me afastar, mas sua mão me impede e eu não sei o que sentir com esse ato dele.

— Você sempre foge quando não tem o controle da situação? Pensei que você fosse mais desafiadora. — desdenha.

— Estou evitando que algo muito ruim ocorra com você. Isso que aconteceu aqui, foi um absurdo. E eu acho melhor você tirar suas mãos de mim.

Ele sorri vitorioso, se aproximando mais um pouco. E eu sei que eu só estou aqui ainda porque eu quero. E também porque não quero o machucar. Estou apenas blefando. Assim como menti descaradamente sobre o beijo. Com certeza não foi um absurdo.

— Não achei um absurdo… E você pareceu gostar muito, linda.

O elogio que vem me atormentando nos últimos dias saem da sua boca como uma música muito boa. E eu quero morrer por gostar tanto disso. Que merda eu fui fazer!

Foda-se Dominic.

Afasto sua mão da minha cintura bruscamente, não me importando muito se coloquei força. Não posso deixar ele me dominar desse jeito. Eu sempre odiei que qualquer pessoa tivesse poder sobre as minhas ações. Isso não vai ocorrer agora.

Saio da cozinha, deixando ele para trás, com a porra do sorriso convencido mais lindo que já presenciei.

Me jogo na cama, querendo gritar por ter permitido que algo tão íntimo tenha acontecido. Eu deixei minhas barreiras caírem por terra naquele momento. Ele me viu e teve nas mãos. E se ele sonhar que o formigamento que estou sentindo nos lábios, fora a porra da adrenalina passando por toda terminação nervosa é por causa dele, o acidente mais brusco que vai acontecer na minha vida é essa loucura.

Uma vez eu caí em uma armadilha como essa e dessa vez não posso deixar isso acontecer; Eu preciso me preservar. Preciso cuidar de mim, porque ninguém fará isso.

Cubro meu rosto com as mãos querendo tirar dos meus pensamentos esse beijo. Mas não dá. É como se tivesse sentindo seu toque em cada parte e isso é aterrorizante demais.

Isso precisa ser freado com urgência, ou caso contrário, eu posso facilmente ser esmagada por todos esses sentimentos conflituosos. E isso não pode acontecer de forma alguma. Não depois de tudo que construí ao meu redor para me defender.

(...)

Passei praticamente o dia de ontem todo no quarto, ignorando completamente ele.

Só sai apenas para comer e brincar um pouco com Ian, mas assim que percebi que estava próximo do horário dele chegar, corri para meu refúgio, me escondendo de qualquer olhar que ele pudesse me dar. Não duvido em nada que eu não fosse resistir. Não depois de passar horas sonhando com isso acordada. O que é inaceitável para alguém como eu, que corri desse tipo de sentimento a maior parte da minha vida. Principalmente depois de Pietro.

IN(QUEBRÁVEL) | ✓Where stories live. Discover now