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Quando você menos espera.
— 胡蝶しのぶ

Giyu se inclinou sobre Shinobu para pegar o controle, pausou a televisão e se levantou para atender a porta, mas a Kocho permaneceu deitada.

— E quem é? — perguntou sem receber uma resposta.

Era estranho imaginar que ele teria chamado alguém para comemorar seu aniversário, afinal, ele não possuía amigos.

Shinobu voltou a prestar atenção no anime, agora congelado, na televisão, porém, não conseguiu se concentrar novamente graças ao divino cheio de pizza que adentrou seu nariz, provavelmente vindo de algum apartamento vizinho.

Sua barriga roncou novamente, e ela se sentou no sofá de pernas cruzadas em baixo da coberta e cara ameaçada. Os cabelos provavelmente estavam desgrenhados, mas ela não saberia dizer pois não tinha um espelho por perto. Buscou por seu celular na bolsa que havia colocado no braço do sofá e observou ser pouco mais de dezoito horas; já era noite. Entrou na câmera, arrumou os fios pretos e arroxeados e o bloqueou novamente, largando-o em cima do tecido grosso. Provavelmente cochilou um pouco em algum momento do anime, mas tem um sono muito frágil.

Seria legal comer uma pizza...

— Ei, Tomioka-san, — a porta bateu e Shinobu sentiu vontade de coçar os olhos — por que não pedimos uma pizza? Podemos dividir o valor.

Quando ergueu a cabeça, encontrou Giyu parado na frente do corredor, segurando um sacola com duas garrafas de refrigerante e duas caixas quadradas. Ele foi até a mesinha de centro e deixou uma das caixas e uma garrafa, em seguida se retirou para a cozinha. Então, Kocho reparou que o cheiro de pizza quente não vinha de nenhum outro lugar exceto ali.

Embora tenha ficado um pouco confusa, também ficou agradecida. Pensava que, por odiá-la, Tomioka não daria a mínima para ela enquanto estivesse ali. Logo ele retornou com dois copos, dois pratos, dois garfos e facas e alguns guardanapos. Colocou-os sobre a mesa, e pegou o controle da TV para despausar o anime, serviu-se enquanto assistia, com cuidado para não sujar a mesa ou o chão e, por incrível que pareça, serviu Shinobu também.

— Aqui. — entregou o prato e as talheres para ela, depois o copo. — Espero que você goste desse sabor.

— Podia ter me perguntado. Realmente achei que você ia me deixar com fome.

— As pessoas não passam fome perto de mim, Kocho, não quando eu tenho condições o suficiente pra alimentar elas.

Giyu colocou o seu prato no braço do sofá e permaneceu segurando o copo enquanto se sentava novamente debaixo da coberta. Shinobu o encarou por alguns segundos, de um modo diferente do normal. Estava admirada pelas suas palavras de agora pouco e as achava nobre, agora entendia ainda mais a razão dele ter escolhido ajudar na cozinha durante o trabalho voluntário no asilo.

— Por que? Você não tem nada a ver com a vida delas. — quis saber.

— Porque eu gostaria de ser ajudado se estivesse nessa mesma posição. Já ouviu falar da ética da reciprocidade?

— Isso é tão clichê. — deu uma risada fraca e comeu um pedaço de pizza.

— Antes de ter um restaurante meu tio costumava distribuir marmitas pra moradores de rua. — deu de ombros e tomou um gole de refri — Eu o ajudava, na maioria das vezes, por isso ver uma pessoa passando fome realmente meche comigo.

— Ele não distribuí mais?

— Não tenho certeza, faz um tempo que não vou lá. Da última vez que fui, ele ainda fazia esse tipo de coisa.

— Isso é legal. Você morava com ele, não é?

— Sim, meus pais morreram a alguns anos.

— Os meus também. Meu primo Gyomei morou com a gente até Kanae Neesan ser maior de idade. Ela e minhas outras irmãs são minha única família... — fez uma longa pausa — e talvez o Sanemi.

Tomioka grunhiu, mostrando que havia ouvido, embora não tivesse o que comentar sobre. Ele entendia que Shinobu não queria a pena dele pois já esteve na mesma situação. A ferida da garota provavelmente havia cicatrazado a um bom tempo.

— Eu não me dava exatamente bem com meus pais — continuou narrando o passado — Eu era um pouco bagunceira, eles se irritavam e a gente brigava, mas eles ainda continuavam sendo meus pais e eu ainda amava eles. Hoje em dia, acho que se fosse qualquer uma das minhas irmãs, eu ficaria em um luto eterno.

— Eu sei como é. — os olhos de Giyu oscilaram um pouco e ele encarou Shinobu um pouco surpreso, resgatando suas lembranças passadas com Tsutako.

— Parece que nós dois temos mais em comum do que a gente imagina. — riu para ele.

— É. — devolveu com um sorisso simples, porém sincero.

Após isso, permaneceram quietos por algum tempo, apenas comendo pizza e assistindo televisão.

O diálogo que teve com o rapaz foi estranho e sabia que ele deveria estar pensando o mesmo. Se sentiu corada, confortável demais para se abrir e não entendia o motivo, ainda sim, não estava incomodada, poderia dizer que o que sentia era satisfação e uma pitada de alegria e conforto.

capítulo curtinho, mas o próximo vai ser maior

até a segunda que vem, vidocas 🙋‍♀️😽

Feliz aniversário, Tomioka-san! | GiyushinoWhere stories live. Discover now