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Direto ao ponto.
— 胡蝶しのぶ

Juntamente ao rubor que se alastrou pelas bochechas de Shinobu, as palavras de Giyu abrigaram-se confortavelmente em seu peito. Era exatamente o que gostaria de ouvir. Sob seu olhar atento, ela negou com a cabeça delicadamente e sem mais delongas, respondeu em um sussurro:

— Não posso.

Ouvindo suas palavras, ele assentiu e voltou a olhar para o gelo que já derretia pressionado contra sua pele clara. Ela analisou sua expressão por mais um tempo e o viu crispar os lábios, embora a franja escura tampasse mais da metade de seu rosto daquele ângulo.

Pensar que talvez ele tenha se desanimado com sua resposta fez seu coração palpitar e a deu vontade de rir para o nada, como boba. Estava sentindo cada vez mais coisas quando se tratava de Tomioka. Mas, então, uma dúvida a preencheu e a fez se retrair, fugindo do toque cuidadoso da mão que rodeava seu tornozelo: ele realmente a queria por perto ou estava apenas sendo condescente?

Percebendo o ato, Giyu afastou as mãos e colocou a sacola de gelo em cima da mesa de centro, franzido a sobrancelha em um misto de confusão e... culpa?

— Desculpa, esqueci que isso queima.

— Tudo bem, já está melhor.

— Sua irmã mandou mais alguma mensagem? — ele perguntou depois de algum tempo em silêncio e, após se levantar, foi se afastando gradualmente em direção ao corredor.

— Não.

Desapareceu por completo, fazendo um sinal de espere. Voltou poucos segundo mais tarde, trazendo em mãos um pedaço de pano, que Kocho reconheceu ser uma toalha de rosto, e uma pomada. Se sentou novamente, no mesmo lugar, e buscou pelo pé lesionado e molhado pelo gelo que derreteu. Secou-o cuidadosamente e aplicou a pomada refrescante, espalhando em círculos até que tudo já estivesse absorvido, depois, vestiu-os com as meias que ela usava quando chegou. De cima, Shinobu encarava todos esses gestos de cuidado sem saber como reagir. Estava envergonha e seu rosto, vermelho.

Ao finalizar, pôs-se de pé sem encará-la e saiu pelo corredor outra vez, levando o que havia trago e a sacola com gelo – água, a essa altura. Aproveitou que estava sozinha para mandar uma mensagem a irmã dizendo que já estava indo e levantou-se, ajeitando a saia, vestindo sua blusa de frio cor de creme e catando sua bolsa. Dobrou o cobertor macio que usou mais cedo e o colocou em cima do travesseiro no canto do sofá.

Reparou que dessa vez Tomioka estava demorando mais, mas felizmente a curiosidade não foi forte o suficiente para que fosse atrás dele pela casa. Ainda assim, se perguntou muitas vezes o que estaria fazendo enquanto o esperava de pé. Queria se despedir dele e o desejar feliz aniversário uma última vez antes de ir.

Como faria isso dessa vez, de uma forma seria e não irônica? Não fazia a mínima ideia, inclusive, mais cedo havia parabenizado-o da forma mais provocativa que conseguia. Queria irritá-lo, fazê-lo ferver de raiva, só para provocá-lo mais e mais. Contudo, ele devolveu suas brincadeiras bobas com gentileza e a deixou sem jeito. Ficaria sem graça de devolver os favores que recebeu enquanto estava ali de forma tão ingrata, afinal de contas, ele a alimentou, a deixou confortável entre sua família e a impediu de cair, além de tratar de sua injúria com tanto zelo.

Era uma questão difícil em seu ponto de vista, que demandava tempo. Talvez, no final de tudo, devesse só agir como sempre e esquecer todos os acontecimentos de hoje. Mudanças a incomodavam um pouco, ela deveria admitir. Gostava de ter sua rotina definida e de segui-la todos os dias, por isso dias de neve a entediavam tanto. Os momentos que passou com Giyu foram completamente fora do que estava acostumada, e sabia que o que viria a seguir seria uma novidade maior ainda.

Feliz aniversário, Tomioka-san! | GiyushinoWhere stories live. Discover now