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Gatos e Borboletas.
— 冨岡義勇

Embora odeie admitir esse tipo de coisa, Giyu sabe que foi o único a perceber quando os olhos de Shinobu, antes carregados de brilho, tornaram se opacos e baixos. Sabito e Makomo corriam de um lado ao outro sussurrando algo que ele não poderia nunca saber, como duas crianças tentando guardar um segredo: deixando obvio que há um.

Mesmo sem saber a razão do estado de Shinobu, Giyu sabia que ela estava pensando demais, porque pensar demais sempre fazia isso com ele.

Comendo bem lentamente pelas beiradas, juntando um garfo aqui e outro ali pela mesa de centro, até estar perto o suficiente dela, não soube o que dizer. As palavras titubearam em sua boca muitas vezes, e ela ainda não o havia notado agachado com um sapo a sua frente, e quando resolveu falar, foi um convite bobo e desnecessariamente curto para lavarem juntos a louça que sujaram, também juntos.

Pelo menos, pôde vê-la voltar a sorrir e sentiu-se aquecido, embora seja o sorriso provocativo que sempre o desagrada, pois vem acompanhado de palavras que o deixam irritado.

Agora, estavam ambos parado frente a pia. Shinobu tinha as mãos repletas de espuma, porque, ainda que Giyu tenha deixado bem claro que ficaria com essa tarefa para si, ela sempre tem o que quer. Enquanto isso, as mãos molhadas de Tomioka quase congelavam de frio.

Estavam em um silêncio constrangedor, que nenhum dos dois se atrevia a quebrar. Foi inevitável para Giyu não achar toda a situação estranha, a garota era mestre em nunca se manter calada perto dele. Sempre arranjava um modo de fazer um comentário impertinente ou provocá-lo de formas variadas a qualquer momento.

Ainda sim, podia ouví-la soltar um suspiro ou outro, embora não saiba identificar o que eles querem dizer.

Após terminar de ensaboar o segundo prato, Shinobu estendeu-o para Tomioka. Ao pegar, foi inevitável não conter a vontade de tocá-la, nem que fosse somente por um leve roçar de dedos. Estava sentindo essa necessidade dentro de si desde antes. Desde que estava perto o suficiente do rosto dela, quando suas respirações quentes entrelaçaram e uniram-se em uma só, para afirmar que os lábios avermelhados da garota, ainda que no frio, eram a coisa mais convidativa que ele teve o prazer de encontrar em todos esses dias.

Giyu sabia exatamente o que queria, mas seria idiota demais por fazê-lo sem nem mesmo pensar sobre como Shinobu se sentiria a respeito.

E ela provavelmente se sentiria alheia. Não entenderia nada, já que não está a par de suas necessidades, então continuaria com os toques sutis até que ela se incomode e o mande parar, o que ele espera não aconteçer.

— Kocho-san, pode vir aqui um segundo? — Makomo apareceu na porta, chamando-a com a mão.

— Claro! Já volto. — retirou a espuma da própria mão e pegou um pano para secá-las, já andando direção a sala.

Giyu grunhiu. Foi impossível não reparar na careta de incômodo que ela fez ao molhar as mãos, e ele ficou ultrajado por ser o único a ter que passar por todo esse sofrimento de enxaguar vasilha por vasilha.

Em poucos instantes, já estava de volta, andando vagarosamente em sua direção.

— Foi bem rápido. — comentou, simples.

— Sim.

— O que ela queria?

— Nada de mais. Uma opinião.

Feliz aniversário, Tomioka-san! | GiyushinoWhere stories live. Discover now