#0 | Desejos ao anoitecer

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Jimin podia jurar que as gargalhadas contagiantes vindas de dentro daquela casa amarela eram ouvidas até do outro lado do oceano e isso divertia o jovem.

Acompanhado por Hugsy,  seu fiel companheiro desde o inicio da pré-adolescência, ele estava sentado na vasta grama do lado de fora da residência, onde sua família passava as férias de verão. A mão direita acariciava a barriga do cão deitado em suas pernas e a outra apoiava seu corpo para trás.

Enquanto isso, o olhar do rapaz estava focado no casal do lado de dentro da construção. Ele ria feliz, observando seus pais dançarem animados uma canção de Whitney Houston. Estavam de mãos dadas, girando pela sala com tamanha empolgação que era possível perceber o amor exalando por seus poros. Jimin chegava a suspirar toda vez que seu pai segurava a mulher pela cintura e jogava seu corpo pra trás, arrastando os cabelos da mesma pelo chão.

A atmosfera daquele cômodo era tão maravilhosa, que chegava a arrepiar a pele do mais novo. Ele se perguntava como era possível, para um casal que estava junto a quase trinta anos, manter a mesma paixão adolescente acessa e seus corpos.

Aliás, era isso que seus pais eram, dois adultos de meia idade, mas com a alma e o coração jovens demais, como adolescentes vivenciando as primeiras experiências da vida.

Era incrível pra ele ter podido crescer em um lar onde o amor reinava de todas as formas. Ouvia, com certa frequência, os colegas da escola reclamando de desentendimentos constantes entre seus pais, ou brigas no seio familiar, mas em sua casa nunca foi assim. Companheirismo, cuidado, confiança e carinho eram coisas que nunca lhe faltavam. Também não se lembrava de presenciar uma discussão acalorada em seu lar, tudo era tão bem resolvido e conversado, que não havia chances para confusões. E. acima de tudo, ele se sentia sortudo por isso, abençoado.

Jimin sabia que se todas as famílias fossem como a sua, o mundo seria diferente.

— Eu te amo até o céu. — foi o que ouviu o pai dizer em meio a musica alta, se dirigindo a amada. Arrancando um sorriso do filho único, ao ver o beijo selado entre os dois.

Pra alguns, seria ate mesmo esquisito ver uma troca de carinhos assim. Mas para o loiro, aquela era uma das mais lindas demonstrações de amor, ainda mais depois de tanto tempo de casamento.

"Amar e ser retribuído com a mesma intensidade é semelhante a voltar pra casa depois de uma longa viagem. Amar é voltar pra casa". Foi essa a resposta que recebeu de sua mãe, quando lhe perguntou como era a sensação.

Ele nunca vivera aquilo.

Seus progenitores se conheceram com quinze anos, Jimin já estava com dezoito e nunca tinha sentido nada além de paixonites irrelevantes por outras pessoas, quem dirá o amor incondicional que ele via naquela casa. Isso o frustrava.

Claro, sabia que ainda era muito jovem, mas queria muito — e o quanto antes — poder conhecer na pele, e coração, ao menos um terço do que presenciava.

E naquele momento, parando para analisar o que Whitney Houston cantava — e seus pais repetiam através de gritos animados — naquela musica, ele fez das palavras da cantora, as suas. I Wanna Dance With Somebody era a tradução perfeita de seus desejos. Ele queria sentir o calor de alguém, dançar com alguém. Alguém que o amasse

Suspirou profundamente ao desviar o olhar ate o céu estrelado sobre sua cabeça, lá, a lua cheia fazia sua morada e seu brilho incessante iluminava aquela noite tranquila. Isso, automaticamente, fez o jovem se lembrar de um pequeno conto que seu avô lia pra si durante a infância. Aquela clássica historia sobre como o Sol e a Lua eram perdidamente apaixonados um pelo outro, mas tudo foi por água abaixo quando Deus criou o mundo e a necessidade de algo para o iluminar surgiu. Obviamente o Sol tratou de fazer brilhar o dia, enquanto sua companheira — Lua — foi incumbida de cuidar das noites escuras.

Moonlight | Jjk + PjmTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon