17. Rösti

326 62 59
                                    

Samael fez um escrutínio pelo quarto e repuxou os lábios para baixo diante do muquifo em que seu irmão estava hospedado com aquela mortal.

Aranhas passeavam pelo teto. Traças estavam hospedadas nas paredes e a luz fraca do abajur piscava falhando. Olhou para a cama...

— Por que a cama está se mexendo?

Não obteve resposta. Analisou Luigi da cabeça aos pés.

Seu irmão estava horrível.

As roupas, que agora usava por completo já que Manu tinha as próprias, estavam em frangalhos.

Calças sujas e com rasgos nos joelhos; a camisa com botões faltando e os sapatos arranhados e gastos.

Luigi parecia um pobre mortal que com a falta de recursos tentava se vestir bem com o pouco que não tinha.

A mulher não estava diferente: usava calça, camisa de mangas longas e um sobretudo surrado. As botas estavam tão gastas que era possível contar os arranhões.

Olhou de novo para cama que ainda se movia como se tivesse vida própria.

Ratos, talvez? Pensou Samael.

— Irmão... o que ela fez com você?

— Eu? Eu não fiz nada... — mas então se interrompeu quando teve um estalo — ainda! - completou erguendo o indicador para o alto.

— Do que você está falando? — indagou Luigi, com as sobrancelhas franzidas.

Manu o encarou tentando transmitir para aquele imbecil o seu plano. Todavia, ele não pareceu entender, pois em resposta torceu o nariz.

E eu pensando que só os machos humanos eram abestalhados!

Manu arregalava os olhos e apertava o maxilar tentando enviar por telepatia seu plano para o demônio.

— O que você tem? Está passando mal?

A loira revirou os olhos.

— Tu não se faz de besta, não visse? Ou eu acabo contigo de vez! Eu tô começando a me arretar com essa caralhada de demônios aparecendo no meu caminho. Eu acho que eu só vou ter paz quando eu me livrar de tu.

Ela disse isso encarando Samael que pareceu engolir em seco. Foi quando Manu teve certeza.

Com certeza os demônios a viam como ameaça por causa do que fez com Ethan.

A loira sorriu tão abertamente que o recém arregalou os olhos, parecendo assustado.

Para Samael, a humana com certeza não se acanhava na presença de demônios. Obviamente não era uma mulher comum.

O demônio estava atento a qualquer movimento, pois facilmente ela poderia transformar ele em merda, assim como fez com Ethaniel.

Entretanto, ele não poderia demonstrar qualquer sinal de apreensão. Com esse pensamento, tentou se controlar pigarreando e retomando seu tom de voz sarcástico.

— Como é? Vocês vão me convidar para entrar nessa espelunca ou preferem passar o resto do dia nessa posição? — virou o rosto novamente para Manu que ainda ria de maneira assustadora — Humanos cansam e tem fome, não é?

— O que é que tu queres, hein? — perguntou a loira.

— Eu quero muitas coisas e uma delas é você.

— Pois então venha buscar! — aquela autorização foi suficiente para que com a velocidade sobrenatural que Manu já conhecia, Samael entrasse no quarto e se posicionasse diante dela — Mas se eu fosse tu, eu teria muito cuidado,  porque tu não sabe a menor ideia de com quem tais te metendo.

Demônio DomadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora