36 - Salvadora

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As lembranças do mar de sangue que rodeava Fuyuki no dia que Sakura o encontrou atingiram a mente da Haruno como uma flecha.

Quando chegou no vilarejo naquele dia, teve certeza que o total de sobreviventes era zero. Até mesmo antes de alcançar a pequena vila que se encontrava na orla do País do Fogo, quase fazendo fronteira com o País do Som, tirou tal conclusão, porque mesmo de longe, o fogo e a destruição eram visíveis. O chão terroso estava pintado de escarlate, com o sangue dos moradores da região. Os corpos estendidos por todo o local estavam inertes e sem vida, alimentando o pequeno riacho de sangue e lama que se formava aos poucos.

Viu rostos de várias idades, desde idosos até crianças, recém-nascidos, todos mortos, com seus corpos feridos cruelmente, esfaqueados e violentados das mais diversas formas, feito de pessoas horríveis, pensou Sakura, tão miseráveis que sequer mereciam a morte depois de propagar tanto mal, seu destino era viver em profunda miséria e desespero e opressão. Ela odiava tudo aquilo.

Depois de dar voltas e mais voltas na região, com toda a equipe médica, Sakura deu de cara com uma pequena casa, para não dizer casebre. Parte do telhado estava estava em chamas, a única coisa que chamava atenção na casa visualmente, era o seu tamanho, era minúscula, e nada além disso, porém algo parecia chamar sua atenção. Alguma coisa naquela pequena cabana a guiou pela pequena estrada de terra fina modeladola em meio a um jardim mal cuidado e sem flor alguma, ela apenas supôs que um dia aquilo tinha sido um, poderia estar completamente errado. Quando estava há apenas um metro da porta de madeira claramente velha e desgastada, recuou ao ouvir gritos ao longe. Tinham achado um sobrevivente, de onde estava podia ouvir os gritos agitados dos médicos ninjas, ansiosos para socorrer quem quer que fosse. Sakura virou o corpo sobre os calcanhares, e após dar o primeiro passo, ouviu um fungado. Rouco e abafado.

"Ajuda, por favor..."

Era a voz de uma criança. Pequena e desprotegida. Mas de onde vinha? Inquieta, Sakura olhou para os lados, e quando o casebre atrás de si alcançou sua visão periférica, ela sentiu seu chakra vibrar. Tinha algo ali. Ou alguém. A casa gritou para que ela a adentrasse.

A rosada planejava abrir a porta com cuidado, porém quando seu punho tocou a maçaneta a madeira estragada apenas caiu para trás, revelando o interior da cabana. Graças ao fogo que crepitava no teto, o interior estava iluminado, e de primeira, Sakura localizou a criança que pedia socorro.

O moleque não tinha mais que dez anos, era isso que sua aparência magricela e débil mostrava, talvez se estivesse bem alimentado apostasse que ele fosse mais velho. Os cabelos castanhos estavam desarrumados e os olhos de cor azul prestes a se fechar.

Sakura adentrou o casebre sem mais delongas, se ajoelhando a frente do menino que estava a beira da morte.

"Está tudo bem. Eu vou te ajudar."- ela falou tentando não só acalmar a criança, mas também a si própria.

A Haruno analisou o corpo da criança, procurando por um ferimento, qualquer que fosse. Pois só algo grave tinha deixado o menor naquele estado jogado no chão. O único ferimento visível, vinha de debaixo de sua camisa, já que a mesma estava ensopada de sangue.

"Tem alguém...? Alguém que vai me ajudar?"- ele murmurou após tossir e então Sakura lembrou que o teto poderia desabar a qualquer momento, já que o fogo se alastrava com rapidez.

A Missão De SakuraWhere stories live. Discover now