45 - Lar

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Incapaz de manter toda a verdade apenas para si, Tsunade falou taciturna:

— Fui eu que a envolvi em tudo isso.

Falar em voz alta foi como expor um pecado, porque para ela, mesmo que aquela missão significasse a tentativa de uma reparação moral em relação aos dois últimos Uchihas existentes, era quase uma missão suicida. E mesmo que Sakura alegasse estar bem e no controle, ela sabia que não estava tudo bem com sua pupilo. Não tinha como estar. Mas Sakura não iria parar enquanto não estivesse tudo resolvido, mesmo que aquela missão estivesse fadada ao fracasso, a rosada só desistiria depois de tentar todas as alternativas. Porque Sakura amava e se preocupava. E Tsunade a entendia completamente.

Ela baixou o olhar, envergonhada, com um fardo de cinquenta quilos sobre seus ombros.

— Isso tudo, desde o início, era pra ser uma missão totalmente secreta— murmurou encarando suas mãos finas e pálidas, distantes de esforços e sacrifícios, diferentes das mãos de sua pupilo.

Tsunade contou tudo naquele tom baixo e calmo, embora sentisse vontade de chorar por ter sido a raiz de uma coisa tão problemática. E Jiraiya ouviu tudo em silêncio, como o bom ouvinte que era. Esboçou a surpresa necessária quando ela citou os pergaminhos encontrados que falavam sobre a missão que fora dada a Itachi, e o que lhe fora prometido: a proteção de Sasuke.

— Eu não queria envolver ninguém nisso, porque se no final de tudo, der errado, as coisas não vão terminar bem para os envolvidos.— ela comentou incapaz de encará-lo, mesmo sabendo que ele a fitava com toda a atenção do mundo.— Estava tudo indo bem, mas ai Sakura foi pega e obrigada a entrar na Akatsuki, e pra completar, você e o Naruto chegaram na Vila.

Ela parou de falar de vez, tomando o silêncio como consolo que antecedia o sermão que Jiraiya daria.

Porém diferente da decepção que ela imaginava que ele sentiria, ele a olhou com compaixão.

A loira se encolhia cada vez mais na cadeira de rodinhas, ele sabia que ela se sentia envergonhada e responsável por tudo. Sabia que se sentia mal e que não conseguia dormir inteiramente tranquila e bem sabendo que Sakura andava pelo mundo na companhia de renegados inescrupulosos. Sabia que o desespero que ele viu consumi-la no dia em que retornou a vila não era falso e que ainda não tinha sumido completamente. Também sabia que ela não tinha emagrecido por causa de uma dieta.

Ele a conhecia.

Ele a entendia.

Ele a amava.

— Porra— Jiraiya xingou baixinho.— Você não precisa carregar o peso do mundo todo nas costas— apenas com dois passos, ele já estava a sua frente. Entre a cadeira e a beira da mesa de escritório.

Tsunade ficou imóvel por um segundo, processando as palavras do platinado. Tinha fechado os olhos a algum tempo, para evitar que as lágrimas caíssem e entregassem o seu desespero e agonia contínuos. Porém quando sentiu sua cadeira ser levemente empurrada para trás, abriu os olhos para saber o que Jiraiya estava fazendo, e quando o fez, o encontrou abaixado a sua frente.

Ele olhava para ela. De um modo impossível de já ter sido feito. Não existia mais nada no mundo além dele olhando para ela com tanto carinho e compreensão estampados nos olhos negros. Ele sorriu, suas bochechas se moveram levemente. As poucas rugas apareceram e as tatuagens vermelhas se movimentaram. E ela chorou. E ele sorriu mais e acariciou sua bochecha, enquanto segurava ambas as mãos dela com a mão livre. Sua mão era grande o suficiente.

A Missão De SakuraWhere stories live. Discover now