Londres, 8 de fevereiro de 1950.
Harry Styles
— Não é preciso que chore — zombou minha irmã, ajeitando a alça de sua mala sobre o ombro, ao mesmo tempo em que equilibrava Knoxie em seu colo.
Balancei a cabeça.
— Eu não estou chorando.
Gemma aproximou-se e apertou minha bochecha como sempre fizera desde que me lembrava.
— Vamos, eu sei que vai morrer de saudades.
Desviei o olhar para Liam que, há alguns metros, terminava de ajudar o funcionário do navio a carregar todas as malas e caixas de madeira dos Payne para o interior do grande veículo. Realmente, o pequeno pedaço de família que ainda existia próximo a mim se distanciaria por, sabe-se Deus, quanto tempo. Algo em meu interior me importunava — seria a solidão? —, mas cuidei para não deixar transparecer.
— Eu vou ficar bem — afirmei, e eu dizia a verdade.
— Promete? — estreitou os olhos, pousando sua mão direita sobre meu ombro.
— Eu prometo, Gemma — revirei os olhos, segurando um sorriso.
Liam veio até nós, agora carregando nos braços a bolsa de bebê de Knoxie. — Prontos?
Gemma mordeu o lábio inferior.
— Você sabe que pode me telefonar a qualquer momento — ela se dirigia a mim.
— Eu sei.
— E sabe que espero uma visita sua em Madri, não sabe?
— Assim que possível.
Nos entreolhamos por um breve momento, até que Gemma lançou-se a mim em um abraço desajeitado. Retribuí-o imediatamente.
— Cuide-se, meu irmão — soprou ao meu ouvido.
Soltei-lhe do abraço, agora segurando uma das pequenas mãos de minha sobrinha.
— Cuidem-se vocês também.
— Adeus, Harry — Liam estendeu os braços para um abraço.
Abracei-lhe, depositando um ou dois tapas em suas costas. Por mais que minha relação com Liam não fosse a mais amigável em todo o mundo, eu ainda o considerava como irmão mais velho. — Tome conta das garotas.
— É minha especialidade. E você, juízo.
Levantei os braços em rendição. Uma buzina ensurdecedora vinda do navio soou, e então dei-me conta de que aquele era, de fato, o momento da despedida.
— Espero uma ligação sua para que me conte as novidades sobre aquela moça — lembrou ele, em tom baixo o suficiente para que apenas nós dois pudéssemos ouvir. — Estou curioso.
— Adeus, Liam — empurrei seu ombro levemente, sorrindo.
— Adeus, cunhado.
Liam contornou a cintura de minha irmã com o braço, direcionando-os para o ponto de embarque.
— Adeus, querido — Gemma limpava uma lágrima de seu rosto com as costas da mão enluvada, afastando-se junto a Liam aos poucos. E então, gritou: — Eu te amo!
— Eu também — exclamei.
Conforme os via caminhar até o interior do navio, minha mandíbula se tencionava. Quando já não os podia ver, enfiei as mãos nos bolsos da calça de linho, encarando o imenso pedaço de oceano à minha frente.
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1950 • h.s
FanfictionQuando um concorrente a colunista de um dos maiores jornais britânicos da década de cinquenta se mostrara uma ameaça para a candidatura da determinada jornalista Heaven Bryer, todas as estratégias lógicas da moça para conquistar o tão desejado cargo...