sixteen

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Londres, 8 de fevereiro de 1950.

Harry Styles

— Não é preciso que chore — zombou minha irmã, ajeitando a alça de sua mala sobre o ombro, ao mesmo tempo em que equilibrava Knoxie em seu colo.

Balancei a cabeça.

— Eu não estou chorando.

Gemma aproximou-se e apertou minha bochecha como sempre fizera desde que me lembrava.

— Vamos, eu sei que vai morrer de saudades.

Desviei o olhar para Liam que, há alguns metros, terminava de ajudar o funcionário do navio a carregar todas as malas e caixas de madeira dos Payne para o interior do grande veículo. Realmente, o pequeno pedaço de família que ainda existia próximo a mim se distanciaria por, sabe-se Deus, quanto tempo. Algo em meu interior me importunava — seria a solidão? —, mas cuidei para não deixar transparecer.

— Eu vou ficar bem — afirmei, e eu dizia a verdade.

— Promete? — estreitou os olhos, pousando sua mão direita sobre meu ombro.

— Eu prometo, Gemma — revirei os olhos, segurando um sorriso.

Liam veio até nós, agora carregando nos braços a bolsa de bebê de Knoxie. — Prontos?

Gemma mordeu o lábio inferior.

— Você sabe que pode me telefonar a qualquer momento — ela se dirigia a mim.

— Eu sei.

— E sabe que espero uma visita sua em Madri, não sabe?

— Assim que possível.

Nos entreolhamos por um breve momento, até que Gemma lançou-se a mim em um abraço desajeitado. Retribuí-o imediatamente.

— Cuide-se, meu irmão — soprou ao meu ouvido.

Soltei-lhe do abraço, agora segurando uma das pequenas mãos de minha sobrinha.

— Cuidem-se vocês também.

— Adeus, Harry — Liam estendeu os braços para um abraço.

Abracei-lhe, depositando um ou dois tapas em suas costas. Por mais que minha relação com Liam não fosse a mais amigável em todo o mundo, eu ainda o considerava como irmão mais velho. — Tome conta das garotas.

— É minha especialidade. E você, juízo.

Levantei os braços em rendição. Uma buzina ensurdecedora vinda do navio soou, e então dei-me conta de que aquele era, de fato, o momento da despedida.

— Espero uma ligação sua para que me conte as novidades sobre aquela moça — lembrou ele, em tom baixo o suficiente para que apenas nós dois pudéssemos ouvir. — Estou curioso.

— Adeus, Liam — empurrei seu ombro levemente, sorrindo.

— Adeus, cunhado.

Liam contornou a cintura de minha irmã com o braço, direcionando-os para o ponto de embarque.

— Adeus, querido — Gemma limpava uma lágrima de seu rosto com as costas da mão enluvada, afastando-se junto a Liam aos poucos. E então, gritou: — Eu te amo!

— Eu também — exclamei.

Conforme os via caminhar até o interior do navio, minha mandíbula se tencionava. Quando já não os podia ver, enfiei as mãos nos bolsos da calça de linho, encarando o imenso pedaço de oceano à minha frente.

1950 • h.sWhere stories live. Discover now