I - Sem saída

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Natasha Romanoff

Me olhar no espelho naquele dia estava sendo torturante, não conseguia acreditar que eu havia conseguido desgraçar toda minha vida em tão poucas horas. 

Foram poucos os momentos onde pude agir por mim, e quando finalmente obtive liberdade, as consequências vieram logo após como um lembrete de que eu não era merecedora de tamanha sensação. Quão tola fui, não é? Quando menos esperei, estava em um quarto vestida de noiva e com um exame em mãos, que comprova que havia um bebê crescendo dentro de mim.

Irresponsável. Foi isso que meu pai, o grande Alexei, disse quando soube, e infelizmente a notícia não foi dada por mim. 

Minha mãe, a grande socialite Melina Romanoff chorou e pôs as mãos na cabeça perguntando aos seus "deuses," onde ela havia errado em minha criação. 

Já eu, me sentia vazia, sabia que havia feito algo sem pensar, mas eu estava tomada pela raiva, era lógico que não iria pensar. Porém após receber uma bofetada da vida e do meu pai, me caiu a ficha de que eu fui irresponsável, e de que agora eu teria uma vida em minhas mãos.

Eu não sabia nem tomar conta de mim mesma, e para piorar mais ainda, eu estava sozinha nessa.

Mas fui ingênua ao achar que meu pai me deixaria ser mãe solteira, claro que o ilustríssimo Alexei Romanoff não traria essa vergonha para a família. Ele me forçou a falar, me fez dizer quem era o pai daquela pobre criança que eu carregava sem um pingo de amor, pois infelizmente eu não sabia o que era aquilo.

Não consigo descrever a reação do meu pai ao saber que seu neto seria um Rogers, vi ódio em seus olhos, e naquele momento, pude ter quase certeza que eu morreria. A família Romanoff odiava os Rogers há mais de um século, e a história por trás de tanto ódio é escondida há sete chaves, apenas sabemos que não devemos nos relacionar com os Rogers e assim fizemos durante anos, até agora. .

Naquele dia ouvi meu pai gritar e minha mãe chorar por horas, e depois de alguns sermões, eu fui levada para o meu quarto onde permaneci trancada até os dias seguintes. 

E junto do sol, após o terceiro dia de cárcere, veio a pior notícia que meu pai poderia me dar: Ele e o patriarca da família Rogers haviam decidido meu futuro e da criança, eles iriam me casar com Steve Rogers, pai do bebê. Lógico que eu protestei, bati o pé e berrei em plenos pulmões que eu nunca me casaria com Steve, e Joseph riu e disse que o pior eu já tinha feito; Fui a vadia do filho dele.

Aquelas palavras foram tão frias e afiadas que me calei, como sempre eu me calei. Meus pais também não abriram a boca para me defender e então eu entendi, eles pensavam como Joseph.

Hoje, um mês e meio depois, eu estou em frente ao espelho do meu quarto olhando para mim mesma com ódio, porque eu fui idiota e agora estava pagando pela minha própria tolice. Queria poder chorar e pagar de mocinha da história, mas sei que sou tão anjo quanto o próprio Lúcifer. Tenho pena da criança em meu ventre e de Steve Rogers.

Os motivos pelos quais sinto pena? Bom, sinto pena da criança porque não irá receber amor, pelo menos não de mim, e dadas as circunstâncias, creio que também não receberá do pai, e muito menos dos avós. 

De Steve eu tenho pena porque na noite em que dormimos juntos, ele achava que eu era alguém que se chamava Peggy, e eu estava tão bêbada e desesperada que sequer consegui desmentir aquela história.

Talvez eu não devesse me culpar tanto assim, afinal eu era tão vítima naquela história quanto o próprio Steve, mas minha consciência me crucificava e me dizia que eu era a culpada, então o que eu poderia fazer?

Amargo Começo - RomanogersWhere stories live. Discover now