III - Sem Barreiras

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Natasha Rogers

Acabei chegando da empresa mais cedo que o habitual, meu pai havia passado a tarde fora, porém me enviou um dos diretores financeiros para me acompanhar durante a tarde, e confesso que foi bastante entediante, o Senhor Barner era um dos braços direitos do meu pai na empresa, e durante um bom tempo, ele tentou fazer com que o meu pai me entregasse em casamento para o filho dele, Bruce.

Por sorte, meu pai recusou essa proposta descabida, e pude me ver livre dos Barnes, que era uma família estranha. Desde pequena eu sempre achei que por trás das lentes grossas e sorrisos tranquilos, os Barnes escondem inúmeros segredos mirabolantes. Porém, eu sabia que eram só especulações de uma criança que lia muitas fantasias.

Maneio a cabeça em concordância para algo que o diretor me explicava, mesmo não tendo ouvido uma única palavra, mordi o lábio inferior olhando os números no documento que me era exibido em um tablet da empresa, e podia jurar que eles estavam se movendo. Pisquei os olhos aturdida e inspirei fundo discretamente, enquanto a voz de Olive Barner ecoava pela sala totalmente alheio a mim, e deslizando o dedo na tela do tablet me mostrando mais números e gráficos coloridos.

Pus um sorriso amarelo no rosto e fingi estar concentrada, porém até a planta sintética no canto da sala era mais interessante que o rosto enrugado do diretor financeiro e seus gráficos.

— Deveria prestar um pouco mais de atenção Senhorita Romanoff, estou explicando todo o lucro da sua futura empresa — A voz de Oliver soou repreensiva e o mesmo cruzou os braços deixando o tablet de lado, e eu arqueei uma sobrancelha — É daqui que vem o dinheiro para que você possa ostentar suas roupas de grife — Ouvi-o murmurar de forma debochada enquanto digitava algo no seu computador, e em seguida pegou o telefone chamando sua secretária.

— Senhora Rogers — O corrigi seca pegando o tablet e analisando rapidamente, e o vi me olhar desconcertado — Deveria rever suas palavras senhor Barner, está de frente para a futura dona de tudo isso aqui — Suspirei me sentando mais confortável na poltrona e olhei para o diretor — e não esqueça que meu marido também é chefe do seu filho — Vi o homem apertar fortemente os punhos, mas não me importei — agora me explique tudo do início — lhe entreguei o tablet e cruzei os braços aguardando o Barner iniciar sua explicação, e assim ele fez.

Durante as horas seguintes, prestei total atenção em tudo que o diretor Barner explicava, e até tirei algumas dúvidas simples. Depois que mencionei o meu novo sobrenome, o mais velho pareceu realmente temer o meu futuro - ou atual - poder, e se mostrou totalmente prestativo, e eu gostei daquilo, afinal, pela primeira vez fui tratada com o respeito que merecia, e até pude me divertir quando fui olhava com temor, o temor do sobrenome do meu marido.

Não demorei muito para cansar e dar aquele dia por encerrado, ainda era cedo quando saí da empresa, deveria ser às três da tarde, talvez, meu pai ficaria uma fera se soubesse que sai mais cedo, afinal ele não me dava regalias. Consegui um táxi facilmente, tendo em vista que estava no centro de Manhattan, no caminho chequei os e-mails da faculdade me lembrando que haviam atividades acumuladas para serem entregues antes do final de semana, e eu estava um pouco atrasada quanto a isso, tudo graças aos últimos acontecimentos em minha vida. Suspirei encostando a cabeça no vidro do carro, vendo a garoa fina cair sobre a cidade e suspirei sentindo meu estômago protestar de fome, e acabei mudando a rota do táxi, pedindo ao motorista para seguir para o supermercado mais próximo.

Depois de quase duas horas de compras, não demorei muito para chegar em casa, e constatar que estava sozinha, para o meu completo alívio. Deixei os saltos dispersos na sala de estar, e pus as compras na despensa que estava vazia desde o primeiro dia que cheguei aqui. Abri os armários em busca de um prato, mesmo fazendo algumas semanas que já estava aqui, eu sequer sabia onde encontrar a louça, e pensar nisso, me fazia lembrar de comunicar ao Steve que precisávamos de empregados, afinal eu não poderia viver de fast food durante toda a gestação.

Amargo Começo - RomanogersWhere stories live. Discover now