Sangue Puro: A última Labonair ( Livro 1) - FINALIZADO

Capítulo 44

HAYLEY BLAKE

Mais testemunhos foram ouvidos, fêmeas corajosas que não permitiram que os culpados fossem inocentados e apesar dos traumas e medos, elas foram valentes em acusá-los, sempre mantendo o queixo erguido. Elas tinham minha total admiração pela ousadia. 

Mark deu um passo à frente quando os testemunhos foram finalizados. Os olhares caíram sobre mim, era minha vez. Enchi meus pulmões de ar e andei até parar diante dos acusados, e com o olhar cravado em Camilla, eu comecei a contar tudo que acontecera nos últimos dias.

Relatei cada tortura que foi submetida, sobre Nick, o desgarrado que matara Victoria e me levou. Sobre o vampiro que me torturou e por fim, sobre Camilla e sua participação com o bando de desgarrados. Foi difícil lutar contra o choro e as lembranças ruins, quase me engasguei ao contar sobre a violência que sofrera nas mãos de Nick.

Quando acabei, passei as costas da mão direita pelo meu rosto molhado pelas lágrimas, espremi os lábios trêmulos e segurei um soluço quebrado. A dor me consumia por dentro. Quase podia sentir o sangue escorrendo pelas minhas mãos.

Jack passou seu braço forte pelos meus ombros, me puxando de encontro ao seu peito, afundei minha cabeça em seu pescoço, inalando seu cheiro reconfortante. Ele acariciou meus cabelos e beijou meu rosto algumas vezes.

-Estou orgulhoso de você, lobinha.

Quase caí no choro mais uma vez. O aperto em minha garganta me impediu de falar, apenas continuei em silêncio, abraçado a Jack. Não ouvi o que Mark ou os anciãos falaram, não me importei com os discursos ou o falatório, tentava lidar com a bagunça dentro de mim. Quando enfim a sentença foi decidida, me afastei de Jack o suficiente para escutar.

-Temos provas e testemunhas suficientes para comprovar que vocês todos são culpados dos crimes citados anteriormente. A sentença da traição é tortura em praça pública, o povo será responsável por punir os culpados. E como manda nossas tradições, a tortura durará sete dias até que o Supremo decida a morte de cada um de vocês.

Camilla caiu em um falso choro violento. Aquela loba estava me tirando do sério há tempos já. Nenhum dos outros culpados demonstraram arrependimento ou medo pela sentença. Ouvi o povo comemorar, ansiosos para iniciarem com a tortura. Se eu não estivesse tão exausta, também estaria eufórica para fazê-los sofrerem, mas haviam muitas outras fêmeas e machos esperando por aquele momento.

-Por favor, não me deixem aqui, eles vão me violar, por favor. -Camilla implorou aos soluços e lágrimas.

Olhei para Jack e ele assentiu, pensando o mesmo que eu. Um último ato de misericórdia, ela não merecia piedade, mas mesmo assim, não permitiria que a tocassem daquela forma. Nenhuma mulher ou fêmea merecia ter seu corpo violado, por mais miserável que fosse.

-Nenhum macho deve tocar em Camilla. Deixem que as próprias fêmeas acabem com ela-declarei firme.

Me esquivei do toque de Aiden quando meu irmão me segurou pelo braço. Ele abriu a boca para falar, mas neguei com a cabeça. Não queria conversar com ele ou com ninguém. Ergui a mão quando Clary ameaçou me acompanhar e continuei meu caminho. Sabia que minha família estava preocupada comigo, mas eu não queria a companhia de ninguém.

Dei as costas aos culpados, aos lobos, minha família e amigos e caminhei para longe, na direção da casa que dividia com Jack, precisava ficar sozinha. Não suportava mais ficar entre lobos enfurecidos com sede de vingança.

A porta estava aberta, praticamente corri pelas escadas até alcançar o segundo andar da casa. O cheiro de Jack mesclado ao meu estava impregnado nas paredes, tudo que passamos juntos ali fez meus olhos encherem de lágrimas.