Ano Novo - Parte II

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Por cerca de dez minutos o casal ficou abraçado, olhando para a profusão de cores no céu escuro. Durante esse tempo, eles não conversaram um com o outro, pois o barulho dos fogos era alto demais. No final de tudo, eles de alguma forma sentiam-se renovados e cheios de expectativas para aquele ano. Embora não verbalizassem, ambos teciam planos para o futuro. Um futuro onde eles estavam juntos e felizes.

Depois dos fogos, o trio jogou conversa fora enquanto bebia. Nesse momento, Mamoru revelou que descobriu o namoro do casal no último encontro. Ela os parabenizou, fazendo o maior esforço possível para não demonstrar sua desolação pela decepção amorosa. No fundo, ela se agarrava à ideia de que Eiji estava feliz, o que era bem óbvio. O sorriso bobo na cara do seu antigo pretendente transparecia isso totalmente. Apenas um cego não podia enxergar aquela felicidade tão singular aos amantes. Podia não ser com Eiji, mas um dia Mamoru desejava ser feliz daquela forma.

O americano teve que fingir ignorância sobre aquela recente descoberta, de modo a não revelar os sentimentos da amiga, entretanto, isso o incomodava profundamente, pois, mais uma vez, ele omitia e mentia para o namorado. Ash tentou não pensar nisso muito profundamente, pois entendia que Eiji faria a mesma escolha no lugar dele.

O fotógrafo ficou inicialmente transtornado pela descoberta da amiga, mas vendo que Mamoru dava seu apoio, ele não demorou a tranquilizar-se. A garota sempre exercia esse efeito nele. Uma amiga que de fato ele confiava.

Depois de uma hora de bebida e conversa fiada, o trio já não sabia em que momento a barreira de intimidade entre eles havia sido ultrapassada. Talvez fosse pela bebida, ou mesmo pelo frio, mas o certo é que em determinado momento eles encontraram uma árvore, sentaram-se na beira dela e passaram a se abraçar e rir.

— Eu estou bêbado? — perguntou Ash.

Eiji deu uma risadinha. — Não era você que dizia que era forte para essas coisas?

— Ah, essa era eu! — Mamoru se acusou.

O americano justificou-se. — É por causa dessas bebidas baratas. Não estou acostumado com destilados de péssima qualidade.

— Ele é rico ele — debochou a garota.

— Ash, Mamoru — o fotógrafo tomou a palavra. — Em que momento a gente comprou mais garrafas?

— Foi entre a terceira e a quarta garrafa — informou Mamoru.

— Não seja idiota — exclamou o americano. — Como poderíamos comprar mais bebida apenas entre a terceira e a quarta garrafa?

— Você é muito espertinho, seu fura olho — retrucou Mamoru.

— Dessa vez, você feriu quem, Ash? — indagou o fotógrafo.

O americano começou a gargalhar descontroladamente. Então caiu no colo de Mamoru.

— Oh, vendo por esse ângulo, você é bem bonitinha — disse ele, sorrindo maliciosamente.

Mamoru retribuiu o sorriso, então se inclinou para frente e beijou Ash.

Ao ver aquilo, o fotógrafo esperou Mamoru terminar para puxá-la pelo colarinho e beijá-la.

— Roubei de volta o beijo que você tirou dele — justificou-se.

— Você beija como um desentupidor — zombou Mamoru.

O americano assistiu o namorado e a amiga se beijarem enquanto ainda estava no colo de Mamoru. Ao ouvir as palavras da garota, ele puxou o namorado para seu colo.

— Ele é meu — disse ele, completando — e fique sabendo que é você que não sabe beijar, somente os habilidosos conseguem entender a maestria dessa boquinha — nisso, beijou o namorado.

One more time, One more changeWhere stories live. Discover now