Natal

1.2K 116 480
                                    

Algumas horas depois, Eiji e Ash prepararam-se furtivamente para sair. Mas antes disso, deixaram embaixo da árvore de Natal, que o americano tinha montado naquele dia, os presentes de cada um dos residentes. Como Ash já havia dado o donativo de Miya, ele deixou somente os presentes do restante do pessoal¹.

Felizmente, eles não foram pegos quando saíram pela porta. Provavelmente, Takeshi ou Kaname fariam muitas perguntas se soubessem que os dois pretendiam passar parte da comemoração natalina sozinhos. Depois do êxito de não serem notados, pegaram um uber que os levou até a praça central da cidade.

Ao chegarem lá, o fotógrafo foi o primeiro a deixar o carro. – Se eu soubesse que estava nevando talvez eu tivesse pensado duas vezes antes de sair nesse frio. – Enquanto isso, esfregava suas mãos para gerar calor.

Ash notou que seu amigo estava com frio. – Você preferia ter ficado em casa? – Indagou.

Eiji sorriu. – Não faça essa cara, vamos procurar algum estabelecimento aberto antes de irmos ver as luzes? Eu estou louco para beber algo quente.

– Acho uma boa. – Concordou o outro.

Apesar de pessimistas, eles puderam encontrar um café aberto. De qualquer forma, isso era esperado. Sempre havia desses negócios que operavam mesmo em eventos importantes; afinal, nem todo mundo comemora o Natal, e ser um dos únicos estabelecimentos abertos nessa época era lucro certo.

– Olha, eu confesso que estou me sentindo meio culpado por frequentar um local que não dispensa seus funcionários em pleno Natal. – Opinou o americano.

– Relaxa. – Apaziguou Eiji. – Os donos são um casal e os únicos dois funcionários são filhos deles. É um negócio familiar.

– Bem, isso alivia um pouco minha culpa. Você já quer pedir? – Sentou-se Ash.

– Sim, sim. – O fotógrafo sentou logo em seguida.

Depois disso, chamou um dos funcionários. – Vocês têm chocolate quente com conhaque?

Novamente, Eiji mostrava o quanto tinha amadurecido. Antigamente, não podia nem sentir o cheiro de bebida que seu nariz já ardia. Agora, pedia sem pestanejar algo alcoólico.

O garçom pareceu olhar bastante para Eiji antes de anotar seu pedido. Provavelmente porquê desconfiava da idade do seu cliente.

Ash achou achou a situação um tanto inusitada. Na reunião com seus colegas de escola o fotógrafo havia bebido também, porém o momento pedia, pois estava com seus amigos, mas e agora? O americano não pôde deixar de sentir-se culpado; afinal, sua influência tinha sido tão ruim assim?

– Eiji, não prefere pedir algo mais leve? – Sugeriu.

– O conhaque é para esquentar. – Explicou o mais velho.

O americano pensou um pouco. – A escolha é sua, mas tente moderar.

Na realidade, Ash não gostava de ver seu amigo bebendo por um simples fato: nos sonhos em que previu sua própria morte, ele viu que Eiji gostava de beber quando ficava triste. Não era como se o fotógrafo tivesse virado um alcoólatra, mas tinha vezes que a bebida agravava sua depressão.

– Eu também vou querer um croissant. – Disse Eiji.

Foi a vez de Ash. – Eu vou pedir um croissant também, mas de bebida eu vou querer um cappuccino.

Enquanto esperavam, o mais novo acabou ficando ansioso. – Será que podemos trocar os presentes agora?

– Não fique assim, senão vai perder o cabelo cedo. – Brincou Eiji.

One more time, One more changeWhere stories live. Discover now