Minha Outra Vida

Prólogo

Senti o vento gelado se chocar contra meu corpo, bagunçando completamente meu cabelo. Não liguei, apenas continuei caminhando sem motivação alguma.

Algumas gotas de chuva caiam em meu rosto acompanhando minhas lágrimas, "típica cena triste e clichê", se bem que de fato, talvez seja muito triste.

Minha mente estava completamente ferrada, não conseguia raciocinar direito e isso deve ser culpa minha.

Eu não devia ter me apegado tanto, não compreendo como isso tudo foi acontecer. O que a vida queria comigo afinal?

Se a resposta fosse me deixar da forma que me encontrava: confusa, então ela tinha conseguido.

Respiro fundo fungando o nariz e olhando para o céu completamente nublado. Ficar naquela chuva forte provavelmente iria me deixar doente, mas quem se importava com isso nessa altura do campeonato?

Como tudo começou?

Se me lembro bem, foi de uma forma completamente estranha.

...

- Para com isso mãe, eu sei que não sirvo para nada! - Digo firme, sentindo um nó se formar em minha garganta.

Ouvir inúmeras vezes o quão você é inútil pela sua própria mãe acaba sendo muito cansativo. Essas malditas brigas são cansativas. Amaria poder escapar de tudo isso.

Seu semblante sério logo muda para o olhar de culpa, olhar esse que já estava acostumada, toda vez acontecia a mesma coisa.

Ela era uma boa mãe, da forma dela, eu acho.

- Filha, me desculpa. Não queria descontar em você, ok? - Sentir o calor do seu abraço era reconfortante.

No fundo sabia que a mesma me amava e suas atitudes cruéis se davam por conta do meu pai.

Secando as últimas lágrimas em meu rosto, dei um sorriso pequeno retribuindo seu abraço.

- Tudo bem. - Tais palavras eram mais para mim do que para ela, tentava me convencer de que estava tudo bem, mesmo não estando.

Agora? Bem, estou no meu quarto ouvindo música para esquecer os problemas que essa vida medíocre me dá, além de ajudar a abafar o barulho das brigas constantes dos meus pais.

Trocaria tudo por um momento em paz. E após isso, adormeci sem perceber.

Nota mental:
Seria tão errado assim querer fugir da realidade?