Capítulo XI

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- Oi. - Ele me olhava de forma abobalhada sorrindo de orelha a orelha.

- Olá minha dama. - Ele se curva e beija minha mão. Bato levemente na sua cabeça tentando fazê-lo parar, mas ele só se aproximou e beijou minha bochecha. - Você está deslumbrante.

- Ei, não é para tanto, só tô vestindo o básico. - Ri olhando para outro lugar, já que não conseguia o encarar nos olhos. - Mas obrigada.

Ouvi Matheus conversar sobre alguns assuntos durante bastante tempo. Percebi novamente que amava ouvir sua voz.

- Ele é nosso filho. - Ri e o olho tentando entender. - O Cookie, sabe? - O cachorro nos olha e late como resposta

- Sei. - Afago os pelos do pequeno.

Recebo uma mensagem de Vina que avisava já estar chegando junto a Fernanda. Isso pareceu estranho, mas ignorei, provavelmente era apenas coisa da minha cabeça. Havia esquecido de perguntar sobre eles com minha amiga.

- Eles vão demorar um pouco, quer esperar lá em casa? - Recebi um sorriso como resposta.

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Eu me encontrava um pouco agitada. Meus pais não estavam em casa, isso era bom, não queria que eles fizessem muitas perguntas com o garoto ao meu lado. Provavelmente tinham ido para seus respectivos trabalhos.

Cookie estava deitado em um pequeno pano na sala, dormia, parecia cansado.

Vi Matheus olhando para algumas fotos em um álbum. As fotos eram realmente muito bonitas. Me aproximo.

- Legais, né? - Ele me olha e concorda. Tinham inúmeras fotos minhas com meus pais, desde bebê até a idade atual. Era estranho, mas passava um sentimento de paz e felicidade.

Saber que meus pais nessa outra vida se importavam tanto comigo era surreal de bom. Toda essa vida era incrível, tudo o que mais queria. Isso só fazia o sentimento de medo surgir em certos momentos. Não queria perder isso.

Senti sua mão acariciar meu cabelo por alguns segundos e o encarei. Disse que queria mais e ele não exitou, porém riu bastante.

- Eu gosto de fazer isso. Seu cabelo é muito macio. - Sinto minhas bochechas quentes. - Você é linda.

Estávamos muito perto, e então, ele me beijou de forma intensa. Senti sua mão em minha cintura e andamos de forma desajeitada até o sofá. Ele beija meu pescoço me deixando com calafrios. Suas mãos percorrendo meu corpo. Ansiava por mais. Gemi baixo quando ele apertou um dos meus seios.

- Mel, se continuarmos assim, não vou saber o que fazer. - Sua voz estava rouca, causando arrepios por todo meu corpo.

Escutamos batidas na porta e me desequilibro quase caindo no chão. Logo em seguida Cookie late, me dando um susto.

O que nós estávamos fazendo?

Mordi o lábio inferior ao me deparar com meus dois amigos sorridentes.

- Você não existe sabia? - Sussurra próximo a minha orelha direita, fazendo cócegas com seu hálito quente.

Nanda nos olha como se suspeitasse de alguma coisa, e eu só sabia rir nervosa dando espaço para eles entrarem.

- Não vamos entrar, já estamos atrasados! - Vina reclama enquanto acaricia Cookie que balançava o rabinho demonstrando afeto. - Que tal ir no cinema?

- Você é doido? Vamos deixar o Cookie aqui sozinho? - Matheus diz incrédulo enquanto cruza os braços. Concordo com ele pensando em alguma solução plausível.

- Será que podemos deixar ele com sua mãe, Matheus? Ela poderia cuidar dele um pouco e quando sairmos do cinema, buscamos ele. - Fernanda se agita enquanto diz sua solução.

E assim todos acabamos concordando com a ideia.

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- Qual filme vamos ver? - Vina pergunta com a boca cheia de pipoca, sujando sua blusa branca com manteiga. Ele era o mais bagunceiro entre nós.

Algumas pessoas do cinema riam baixo enquanto passavam por nós.

- Qualquer um. - Math recebe o olhar de desaprovação dos amigos.


E lá estávamos assistindo a um filme de terror. Math segurava minha mão direita e apertava cada vez que passava uma cena de suspense, já Nanda estava dando um sermão em Vina por ter comido boa parte da pipoca antes de termos escolhido o filme.

Nós pretendíamos ir em alguma sorveteria, ou algo do tipo.

Tomamos um susto assim que um homem vira em nossa direção e pede silêncio com um olhar um pouco ameaçador.

- Mais assustador do que o próprio filme. - Comento e todos riem. O cara deve ter ouvido, mas não disse nada.

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- Cara, aquela freira era aterrorizante, lá se vai meu fetiche. - Vina reclama bebendo um pouco de refrigerante.

Estávamos andando sem rumo pelas ruas, uma hora ou outra íamos em alguma loja, mas só era para olhar mesmo, já que nenhum de nós tinha dinheiro.

- O seu o quê? - Nanda cai na gargalhada e o garoto começa a ficar vermelho, era a primeira vez que o via com tanta vergonha.

- Deixa ele, tadinho. - Digo e o abraço de lado. - O coitado só tinha um fetiche cabuloso.

Minha amiga começa a implicar novamente com nosso amigo e então uma coisa surge em minha mente.

- Nanda, você gosta do Vina? - Ela engasga com a própria saliva e demora um tempo até conseguir se recompor.

Tenho a leve suspeita do significado que isso deixou transparecer, mas prefiro ficar quieta quando nosso amigo pergunta qual o motivo de achar aquilo. Me escondo atrás de Matheus que ria.

- Foi uma pergunta inocente! - Tento me defender e Nanda aperta minhas bochechas um pouco agressiva. Senti ela doerem um pouco e começo a grunhir em resposta.

- Você vai acabar me matando desse jeito! - Ela sussurra com a intenção de que somente eu escute. Peço desculpas e ri baixo. Minhas suspeitas estavam certas.

De soslaio consigo perceber um pequeno sorriso do garoto que ainda estava tímido.

Ao lembrar que meus pais possivelmente não irão ficar em casa hoje a noite, os chamo para dormirem lá. Pensei que iriam negar, mas só pensei.

- Finalmente uma festa do pijama. Não vejo a hora de participar das fofocas. - Math diz inocente e bato em seu ombro.

Após buscarmos Cookie e passear um pouco com o coitado, cada um foi para sua casa arrumar suas coisas para a tal "festa".

Deito em minha cama e abraço o travesseiro agradecendo aos céus por esses momentos.

Quase choro, mas não gosto de ser emotiva, então só fico encarando o teto afim de enrolar a minha ida em ajeitar tudo. Era engraçado o fato dos meus pais quase não ficarem em casa, já que na minha vida "passada" eles estavam sempre presentes e costumávamos sair juntos as vezes.

Me xingo mentalmente lembrando que não posso ficar presa a esse tipo de pensamento e finalmente vou em busca de arrumar tudo. Por sorte tinham alguns doces e guloseimas guardadas, já que não sou de comer tantas coisas assim.

E pro jantar uma boa e velha pizza, uma não, duas ou mais, conhecendo o apetite deles...

Minha Outra VidaWhere stories live. Discover now