Capítulo X

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Levanto da cama um pouco tonta. Ouço vozes, meus pais estavam discutindo, como antes.

Caminho até a porta, mas paro ao ouvir algo se quebrando. Minha mãe gritava e meu pai a xingava. Uma lágrima involuntária cai, acompanhada de outras.

Isso não podia estar acontecendo. Não é possível. Não pode ser possível

Corro do quarto eufórica e vejo mamãe sangrando muito. Meu pai já não estava mais presente, apenas uma faca ensanguentada estava jogada no chão.

Ouvi uma risada, era meu ex namorado.

- Seus pais são bem divertidos quando querem, querida. - Me olha maliciosamente.

Sem saber reagir, corro em direção a minha mãe, ela estava chorando.

- Filha, você precisa ... - Um barulho horrível cortou sua fala e fechei os olhos. Meus ouvidos doíam.

- Não, não, não! - Grito tentando fazer aquela dor parar.

A dor de tudo ter voltado. A dor de cabeça. A dor de saber que minha mãe estava partindo.

E assim acordei chorando, minha cabeça latejava em agonia. Ultimamente esse tipo de sonho está me atormentando.

Viro para o lado apertando meu travesseiro em busca de alívio. Era só um pesadelo, só isso. Minha mãe estava bem, meu pai também. Tudo estava em seu devido lugar, o problema foi aquilo parecer tão real.

Tomo um remédio e me apresso para me ajeitar e ir ao colégio, onde passei boa parte do tempo pensativa. O que minha mãe queria dizer?

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- Então finalmente se pegaram?! - Exclama Nanda largando a colher com sorvete.

Peço para ela falar mais baixo, já que algumas pessoas olhavam de forma curiosa para nós. Movo a colher, mechendo meu sorvete de morango. Lembrar do que havia acontecido a noite passada me deixava tímida, precisava falar com alguém.

- Foi bom, não foi? Você tá com uma cara muito abobada. - Sorri ladino.

- Não posso negar. Foi muito bom.

Ficar negando e negando não iria ajudar em nada. Eu simplesmente quero sentir aqueles lábios aos meus novamente.

- Vocês ficam muito fofos juntos. Só toma cuidado com a Jéssica. - Onde havia ouvido esse nome mesmo?

- Aquela garota que te falei, super chata. - Balancei a cabeça me lembrando dela.

Pelo que pude perceber no colégio, Jéssica demonstrar ser uma patricinha, mas não ligo para isso. O que me incomoda é o que o Matheus tem em relação a ela.

- Por que preciso me preocupar? - Como um pouco do sorvete, que já estava derretendo.

Ela faz um biquinho e dá de ombros ainda engolindo o sorvete de chocolate. Assim que termina, me responde.

- Ela vive dando em cima dele. Acho estranho ela não ter feito isso recentemente. - Nanda estava pensativa, porém dei de ombros. Não precisava me preocupar.

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- Flores para uma flor. - Me entrega duas rosas vermelhas. Sorri abrindo espaço para que ele entrasse.

- Eu passei a amar essas flores. São realmente muito bonitas. - Ele concorda e ouço um latido agudo. Noto o cachorro em seu colo.

Lembro da conversa que tive mais cedo com minha amiga. Aquilo começa a me intrigar bastante e me seguro para não revelar para o garoto ao meu lado. Era estranho sentir uma agonia em pensar que ele tivesse algo com outra pessoa.

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