Capítulo 3

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Mari

A fissura não pede licença para entrar, ela simplesmente chega nos mobilizando a conquistar de todas as formas o que mais almejamos. Era exatamente assim que me encontrava, cheia de anseios em descobrir o significado de todo esse mistério.

Não percebi o tempo que passava, apenas fuçava os arquivos lendo atentamente cada palavra. Para o meu azar havia pouca coisa do assunto, mas com certeza valeria a pena, pois a ansiedade me tomava numa proporção maravilhosa, à vontade era de saber quem era o rosto por trás de todo esse mistério.

– Conseguiu achar o seu trabalho, Mariana? – perguntou o professor me tirando os devaneios.

– Na verdade, me interessei por essa! – mostrei a ele ao que me referi.

– O sucesso sobre duas rodas encontra-se ao motoqueiro com a caveira nas costas, em uma corrida clandestina, uma fachada para o real motivo dessa gangue de motos. A criminalidade tem aumentado significativamente após esses arruaceiros invadirem as avenidas trazendo bagunça e caos, além de colocar os cidadãos em perigo, trazem também os contrabandos para serem exportados. – o professor me encarou após terminar de ler o noticiário em voz alta, ficou alguns segundos me analisando, confesso que estava ansiosa. Sem mais enrolação ele prosseguiu. – Isso estava na pasta dos sigilosos?

– Sim, o senhor disse que podíamos escolher qualquer arquivo! – o lembrei.

– Eu sei Mariana, mas os sigilosos não! – informou.

– Sério? – murchei. – Uma pena, pois nenhum dos outros chamou minha atenção, com exceção dessa notícia. – informei.

– Tente escolher qualquer outro, menos da pasta dos sigilosos, tudo bem?

– Ok, mas posso perguntar o motivo?

– Eles estão sendo investigados pela polícia federal há alguns meses, estão nos nossos arquivos para debatermos o assunto, mas não podemos deixar um aluno levar para casa como um estudo de caso, entendeu? – disse ele.

– Entendi! Mas com certeza essa seria a melhor notícia para criar uma tese. – afirmei.

– Não tenho dúvidas! – ele sorriu.

O mesmo afastou-se, enquanto voltei às pastas anteriores em busca de um noticiário que fosse instigante o suficiente para me fazer tirar esse maravilhoso conteúdo ao qual acabara de ler. Todavia, era um menos interessante que o outro capaz de trazer um tédio total, enfim, estava frustrada, pois por alguma razão o único arquivo que não saia da minha cabeça era aquele corpo com suas variadas tatuagens. Qual o significado delas? E por que esse alvoroço sobre sua pessoa? Essas e outras perguntas rondavam minha mente, a fim de todas as formas solucioná-las.

Por fim, escolhi um arquivo nada interessante, sobre a diversidade de dois mundos, ou seja, classes sociais e suas influências. Não era nada empolgante, mas de todos os assuntos lidos, esse foi o que me chamou atenção, principalmente por conta do preconceito. Enfim, ouvimos as orientações do professor, encerrado o curso voltei para casa.

Meus pais não paravam em casa por organizarem a empresa de advocacia, confesso não achar ruim, pois assim conseguia fazer todas as minhas pequenas vontades. Coloquei um biquíni para pegar um bronze, estava muito pálida, além disso, precisava aproveitar o calor que São Paulo transmitia, apesar de não ser todos os dias, ao menos acontecia com mais frequência, afinal, em Curitiba não temos essa proeza.

Deitei na espreguiçadeira, sentindo o calor emanar em minha pele, por um instante esvaziei a minha mente, mas foi em vão no momento que aquelas benditas tatuagens surgiam ao meu pensamento. Uma mais linda que a outra, confesso que a curiosidade era justamente saber o significado de cada uma. As rosas em cada lado do seu peitoral, o escorpião, os símbolos, tudo aquilo trazia sensações de tormento, pois meu coração começou a acelerar, meu corpo esquentar mais que o normal e minha respiração falhar.

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