Capítulo 73

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Aron

Não havia percebido que o clima parecia me dizer algo. Na maioria das vezes, das situações ruins a tempestade costumava cair sobre a minha vida. Os dias nublados, chuvosos davam inicio a um pequeno sinal sobre o caminho que percorria. Isso me deixava arrasado, porque na maioria das vezes me encontrava com a pessoa, ou melhor, com a única pessoa que podia dizer amar como mulher. No entanto, se parar pra pensar, todos os problemas que me cercavam haviam sido constituídos embaixo de furacões, tempestades, relâmpagos e trovões. Também entendia que os melhores momentos vividos com Mariana haviam sido debaixo da chuva.

Uma confusão dentro de mim começou a ser gerada. Não conseguia identificar o que fazia de errado ou o que estava fora do lugar, apenas as somas negativas vinha sobre a minha costa como um fardo insuportável de carregar. Aqueles míseros dias me faziam enxergar muito além do que havia pensando antes, agora entendia como um lugar sombrio como esse mudava pensamentos inclusive de um inocente. A pressão, o ambiente era pesado demais para alguém sair sã, mesmo que tivesse uma pessoa para colocar como alicerce ou apenas uma razão.

Receber a visita de Carla me fez compreender que não sairia ileso, que de fato estava como culpado sem chances de reivindicação. Aquela era a minha nova vida, a minha sentença. Os dias foram passando e nenhuma notícia chegava aos meus ouvidos, o silencio me sufocava aos poucos, especialmente quando os meus pensamentos ficavam ligados em tia Alice, Mari e nas angustias que toda a turma vivenciava. Nada de bom conseguia ser maior do que a decepção que emergia dentro de mim, abafando as partes boas e deixando apenas as piores para me encorajar a fazer o correto.

– Você tem visita novamente! – disse o mesmo guarda que dias atrás me deixou falar com Carla.

Naquele momento um resquício de esperança apertou no peito deixando-me alegre, mas em vez de encontrar com Carla, ali estava ela, com aquela prepotência me afirmando tudo aquilo que já havia pensado.

– Está surpreso? – questionou.

– Surpreso eu ficaria se você não viesse me procurar Paloma! – afirmei sentando em sua frente.

– Então sabe o motivo que precisei me colocar para vim aqui! – ela sorriu.

– De você espero tudo e um pouco mais na verdade! – suspirei.

– Todos falam que você é uma ótima pessoa Aron e vim provar dessa bondade. Eu estou aqui como mãe!

– Uma mãe egoísta? – ri.

– Se for egoísmo desejar o melhor para a minha filha, então sim, eu sou egoísta! – ela encarou nos meus olhos. – Não tenho tempo para discutir. Vim aqui para você a deixar livre...

– Ao contrário do que pensa, Mari é bem mais livre comigo do que com você! – afirmei a interrompendo.

– Como ela vai ser livre agora? Aron, esse é o seu mundo, a sua realidade! Antes era ruim, agora é muito pior. Que vida você daria a ela? Que legado? – havia lágrimas em seus olhos. – Mariana sempre teve tudo, do bom e do melhor. Que tipo de mãe eu seria se não desejasse a ela muito mais do que nós temos?

Simplesmente me calei, pois Paloma refletia tudo aquilo que havia pensado esses dias. E precisava concordar com ela em muitas coisas, mesmo que o nosso amor fosse o suficiente, sabia que esse sentimento não era tudo. Construir uma vida ao lado de alguém não era uma tarefa fácil, além de nutrir o relacionamento, precisava também de provisão. Confesso que nesse aspecto me sentia impotente, porque naquele momento não poderia dá a ela o melhor conforto do mundo, na verdade, não poderia dar absolutamente nada, apenas o meu infinito sentimento, minha vida.

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