Capítulo 75

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Mari

O ser humano está adepto a mudanças a todo instante, é comum no decorrer do tempo alterar os pensamentos, suas atitudes e principalmente seus caminhos. Poderia perguntar a você se nunca mudou de opinião, mas tenho convicção que a resposta seria um único e exclusivo sim. Porque nem que seja uma vez na vida cada um de nós já tivemos trocas de escolhas.

Era triste saber que a minha transferência de pensamentos não havia sido concreta, mas as minhas ações necessitavam a transposição na mudança, devia seguir o meu caminho deixando Aron Morgan para trás. Ele consequentemente seria a sombra do meu passado, aquela ao qual carregaria o resto dos meus dias, porque pessoas marcantes tinham a minha vida, e o meu cavaleiro da noite tinha mais que isso, ele possuía a chave da algema onde havia sido trancafiada exclusivamente pela sua pessoa.

Meu coração gritava em desespero para não seguir sozinha, mas ouvir as suas palavras duras após um amor arrebatador naquele lugar asqueroso me deixou arrasada, com alguns pedaços dilacerados. Mesmo compreendendo que supostamente ele tenha dito palavras justamente para me ferir, afinal, conhecia o suficiente para acreditar que Aron afastava-me, não se sentia autossuficiente para mim, quando na verdade ele era tudo que mais precisa.

Contudo entendi que aquele nunca seria o momento certo para permanecermos juntos, parecia certo afirmar que sim. Simplesmente pelo amor que mal cabia em nosso peito, porém, as condições diziam que não, e em hipótese alguma amor alimentava barriga, necessidades e especialmente passava por cima de algo tão egoísta. Sim o egoísmo de nossas próprias vontades, a violação da perversidade e o amor existente que enlaçava nossas almas eternamente.

Todavia o deslocamento de nossas almas parecia distanciar cada vez mais, como uma diástase, onde é um afastamento anormal entre dois elementos distintos, que deveriam estar fixo um no outro, mas não era o nosso caso. Errado afirmar que queríamos. O certo com certeza era afirmar que precisamos disso. Doloroso, confesso porque o desespero em ir correndo mais uma vez para os seus braços conseguia ser maior no meu interior, mas o orgulho por suas palavras partiram qualquer coragem dentro de mim.

– Mari chamaram o nosso voo! – Marjú me tocou levemente avisando que finalmente partiríamos.

Respirei fundo mentalizando no subconsciente que precisava partir. Tomar outro rumo na minha história e, tinha plena consciência que precisava fazer isso sozinha. Fechei os olhos e as lágrimas vieram com uma força desconhecida, era a minha fraqueza me puxando para o abismo. Seu corpo tatuado aparecia detalhadamente naquele momento, cada traço, enigma e significado ecoavam em minha cabeça. Meu próprio corpo rejeitava a minha decisão causando-me uma paralisação, o tremor que atravessava minha alma era assustador, o coração descompassado em chances enormes de parar me induzia a não prosseguir.

– Não é a hora de fraquejar, Mariana! – tocou-me Vitor que permanecia ao meu lado.

Abri os olhos despejando nele o ódio existente dentro de mim, não saberia explicar como alguém consegue ser repulsivo demais.

– Dá um tempo Vitor! – disse Maria Júlia.

– Só quero lembra-la do nosso acordo! – informou.

O acordo, aquele cujo levaria embora a minha vida de sua presença, obviamente que permanecer distante estava no roteiro, especialmente por suas palavras duras, mas a levar uma vida onde a sua existência seria inata possuía um preço muito alto, e consequentemente devastador, principalmente para mim.

– Não me esqueço desse acordo! Aron merece uma carreira! – meu tom saiu repreensivo.

– E eu banquei os custos do início da sua carreira, claro que Alerrandro já possuía olhos para esse margin... – ele me encarou não finalizando aquela palavra asquerosa. – Enfim, só quero que saiba que se não fosse por mim, ele continuaria naquele buraco! – finalizou.

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