TESTEMUNHA

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OIIIII MEU POVOOOOO. Olha quem apareceu?
Esse capítulo tá babado, confusão e gritaria.

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POV JULIETTE

FLASHBACK ON

Aquela era mais um madrugada em que eu era acordada no meio da noite por mais um dos pesadelos de Luísa. A mesma estava no quarto em prantos enquanto eu estava na cozinha enchendo de açúcar um copo de água. Precisava tentar acalma-la mais uma vez.

Peguei o copo com água e fui até seu quarto, ela estava deitada de bruços na cama, seus olhos vermelhos, sua feição era neutra, lembranva um pouco quando a encontrei naquela floresta, desolada. Aquilo doía em mim. Não sabia o que podia fazer para ajudá-la. O que mais eu poderia fazer para que aquela mulher superasse que foi estuprada e quase morta? Já havia se passado meses.

E pra piorar, Luísa tinha descoberto a uns dias que estava grávida de 5 meses. Os médicos não nos informaram sobre isso, talvez por um erro. Luísa agora estava pior, carregava dentro dela o fruto de um estupro. O que eu poderia fazer? Eu não fazia ideia. Por isso eu ficava ali, dia e noite, sem dormir, sem me alimentar direito, mal estava indo a escola. Parei minha vida pra cuidar de uma mulher que eu mal conhecia, mas algo dentro de mim me puxava para ela, como se fosse meu dever fazê-la superar aquilo. Luísa não tinha família, seus pais estavam mortos. Até onde eu sabia, ela tinha uma tia que mandava dinheiro pra ela, mas essa mulher não sabia de nada. Definitivamente eu era a única pessoa que sabia do estado dela. Eu não podia deixá-la sozinha.

- Toma. - Estendi o copo de água com açúcar. Luísa se sentou na cama lentamente. Seus cabelos bagunçados, o olhos úmidos, seu rosto sujo pelo lápis de olho borrado.

- Isso nunca vai parar, não é? - Luísa falou baixo. Encarava um ponto fixo na parede. Eu estava em pé ao lado da cama. Alisei seus cabelos e desci meus dedos até seu rosto na intenção de secar suas lágrimas. Eu sentia muito por ela, era difícil pra mim. Eu só queria que sua dor passasse.

- Eu estou aqui. Você não tá sozinha. Vamos superar isso juntas. - Me sentei ao lado dela na cama e a encarei. Estávamos próximas. Ficar perto de mim parecia acalma-la. - Você precisa voltar pra terapia. Precisa entender o que está acontecendo, Luísa. Não pode simplesmente ignorar o fato de que está grávida do seu maior pesadelo.

- Eu não quero tirar, Ju. - Luísa falou e eu suspirei. Continuei a encarando sem saber o que dizer. Obviamente que era uma escolha dela, mas eu sabia que Luísa não estava nas melhores condições pra tomar decisões sobre si mesma. - Eu posso ignorar o fato de que é filha de Carolline. Essa criança pode ser minha única companhia. Minha única família.

- Olha, eu te prometi que estaria do seu lado, certo? - Luísa assentiu devagar. Seus olhos vermelhos se enchendo de lágrimas de novo. Aquele assunto era delicado, eu sabia. Mas precisava a impulsionar a tomar uma decisão. - Eu quero te ajudar, mas eu preciso que você se ajude também. Por favor, vamos pra terapia. Eu vou com você. Faço o que for necessário pra que você se sinta confortável. - Falei calmamente, talvez assim eu a convencesse.

Luísa achava que sofria ainda mais na terapia por ter que se abrir e falar do ocorrido. Era doloroso pra ela. Sua zona de conforto era ficar quieta fingindo que nada aconteceu, mas os pesadelos eram inevitáveis. Ela não saia de casa, e se ao menos visse alguém parecido com Carolline, entrava em pânico. Ela estava sofrendo de depressão e estresse pós traumático.

E eu estava ali, a meses sem conseguir deixá-la sozinha. Eu sabia que não tinha obrigação, Luísa não era minha parente, nem minha amiga antes do ocorrido. Mas ela era mulher. E desde que a encontrei e soube de tudo que fizeram com ela, algo me prendeu ali. Eu não sabia o que me ligava a ela, mas era forte, muito forte. Eu faria qualquer coisa por ela.

STOLEN [ INTERSEXUAL ] SARIETTE Where stories live. Discover now