Capítulo 4

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Nunca percebi como o silêncio pode ser esmagador ao ponto de nos trazer memórias, medos e traumas que temos durante a vida.

“ Posso simples perguntar, certo? E se ele me bater novamente?”

— Coma — sou tirada dos meus pensamentos quando Daniel diz apontando o garfo para meu prato — exceto se prefira isso sendo enfiado goela a baixo — calmo, como pode ameaçar tão calmo? Sua serenidade, quando está agindo “normal”, me deixa mais apavorada.

— Estou..... — respiro fundo engolindo em seco — estou sem fome — cada palavra é como uma bomba que pode fazer ele explodir.

— Não perguntei, coma.
Peguei o garfo e comi uma pequena porção de sopa que estava em minha frente, quando engoli o líquido quase vomitei.

Levei a mão à boca tentando não cuspir tudo na mesa, ele me olhou e esboçou um pequeno sorriso como se já soubesse a merda que estava acontecendo.

— Coma tudo, está uma delícia — não era um pedido e sim uma ordem, aquilo era de mais para mim.

— Posso apenas… comer arroz — digo colocando a sopa de lado.

Eu odiava sopa de mandioca, aquilo não era por ser fresca com comida ou algo do tipo. Eu comia aquilo todos os dias por falta de comida em casa, desde que eu me lembro por pessoa até os meus 16 anos só comia aquela maldita sopa todos os dias.

Minha mãe faleceu quando eu tinha seis anos, e meu pai piorou em suas atitudes desde então. A sopa era feita por ele, geralmente havendo coisas nojentas na comida e para não passar fome eu era obrigada a comer.

Aos meus 16 anos, enquanto eu comia a mesma gosma de sempre, meu pai chegou bêbado em casa, o que não era novidade, mas aquele dia foi diferente.

Eu estava quase terminando de comer quando ele acariciou meus cabelos prendendo eles em seu punho, me puxou com força e afundou minha cara na sopa, me afogando nela.

Ele me batia e rasgava minhas roupas, eu tentava lutar contra ele, mas eu era muito magra e fraca para conseguir.

Quando estava prestes a me afogar totalmente na sopa e em minhas lágrimas, ele me puxou da mesa me jogando contra a mobília que ficava na sala.

— Sua putinha, matou sua mãe e agora suja meu nome nas ruas — ele se aproximou e rasgou minhas roupas me deixando nua, puxou meu corpo e deitou em cima — os homens do bar adoram falar da sua bundinha e de seus lindos peitos… Ho! Filha, seu corpo é igual ao de sua mãe, tão bela, tão deliciosa.

Alisou meu rosto e logo em seguida apertou meus seios com força me fazendo gritar por socorro, ele tapou minha boca e começou a tirar seu membro já duro de dentro da calça velha.

Choro em desespero, tentava lutar contra ele, mas nada adiantava, segurando em meu pescoço tentou penetrar, mas alguém entrou… um garoto alto e forte entrou e começou a bater nele.

Não me lembro de seu rosto, pois estava com a visão embaçada por quase desmaiar, antes de tudo saí correndo o mais rápido que pude, peguei minhas roupas e fugi da casa.

— Nina! Nina! — Aquela voz que me trazia conforto por lembrar de sua importante ajuda, não podia agradecer, não podia fazer nada, a vergonha e nojo que senti por estar daquele jeito me perfurou deixando tudo para trás. Deixando aquela voz me chamar ao longe.

— NINA! Coma agora — ele já estava zangado.

— Por favor, faço qualquer coisa, pode fazer o que quiser, mas isso não por favor! — implorei chorando por tudo que passei.

Sequestrada por um Dominador        Where stories live. Discover now