08_ Leve a Jurema.

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ㅡ Na verdade, nem foi tanto tempo assim. Poderia ter sido mais. ㅡ Forcei um sorriso sonso.

ㅡ Ah, que isso, eu não via a hora de matar a saudade de você... ㅡ Ela fez uma careta pensativa.

ㅡ Pérola. ㅡ Respondi sem ânimo algum.

ㅡ Pérola. ㅡ Ela sorriu. ㅡ Eu senti sua falta. ㅡ Seu sorriso falso era tão evidente que irritaria a qualquer um. ㅡ Apesar de que pensei que você já se vestiria melhor depois de ir para a faculdade. Uma futura advogada se vestir assim é tanto vergonhoso... ㅡ Encarei minhas roupas com uma careta e revirei os olhos com sua provocação. ㅡ Você é rica, por que se veste tão mal?

ㅡ Você não é bem vinda, por que insiste em ficar na minha casa? ㅡ Encarei a mesma com os braços cruzados. Ela continuou com o sorriso sínico. Lhe devolvi um igual.

ㅡ Não pense que vim porque eu quis. ㅡ Ela começou a andar pelo meu quarto analisando todas as minhas coisas. ㅡ Meus pais me obrigam a vir para cá todos os fins de ano, sabe disso.

ㅡ Ah, claro. ㅡ Ri abaixando a cabeça me lembrando de Dafine falando sobre os pais dela a mandar para cá porque nem eles aguentavam a própria filha.

ㅡ Mas, o fato de eu estar aqui não significa que vamos ter que ser amiguinhas como antigamente. ㅡ Ela se virou para mim.

ㅡ Nós já fomos amigas um dia? ㅡ Arqueei a sobrancelha.

ㅡ É claro. ㅡ Assentiu com um olhar inocente. ㅡ Éramos até você ficar com ciúmes porque seu namorado quis ficar comigo. ㅡ Ela fez um biquinho.

ㅡ O Caio não era meu namorado! Era o garoto que eu gostava e você ficou com ele só porque sabia disso! ㅡ Me exaltei sem querer, o que causou um sorriso satisfeito nos lábios da garota.

ㅡ Eu?? Isso é uma calúnia! Eu não tenho culpa se seu crush da adolescência preferiu... ㅡ Ela passou as mãos pelo próprio corpo. ㅡ Isso. Ao invés da tábua que você chama de corpo. ㅡ Ela começou a gargalhar alto.

Encarei a mesma com uma sobrancelha arqueada e esperei até que ela parecesse de rir igual uma maluca.

ㅡ Já acabou? ㅡ Cruzei meus braços com um olhar entediado quando ela parou de rir.

ㅡ Desculpa, é que foi muito engraçado. ㅡ Ela jogou os cabelos para de trás dos ombros. ㅡ É engraçado o fato de você pensar que pode competir comigo.

ㅡ Eu nunca disse que queria competir com você, e de fato não quero. Você não é alguém que eu queria gastar o meu tempo, agora, se não precisa de mais nada, agradeceria se saísse do meu quarto. ㅡ Fui até a porta e a segurei esperando que Jurema saísse do meu quarto.

ㅡ Ta bom, ta bom, já estou saindo. ㅡ Ela ergueu os braços e caminhou devagar, rebolando devo dizer, até a porta. ㅡ Mas olha, sei que sempre teve inveja de mim e por isso sempre tenta me derrotar em tudo. Mas não vai. ㅡ Ela balançou o dedo indicador na minha frente. ㅡ Se pensa que vai, você está bem errada.

ㅡ Ai, garota! Você que ta toda errada a começar pelo seu nome. ㅡ Empurrei a mesma para fora e fechei a porta.

Eu nunca entendi essa palhaçada que a Jurema tem comigo desde que éramos pequenas. Ela sempre quer me vencer em tudo e, segundo ela, quem a quer vencer em tudo sou eu. O que não faz sentido, pois minha última preocupação na vida é ela.

Isso também explica o porquê de ela sempre ficar com os garotos que eu gosto, para meio que... Ganhar de mim.

Urg... ㅡ Resmunguei irritada e me joguei na cama. Eu realmente só queria relaxar. Eu tinha tido um ano pesado e agora que minhas amigas haviam voltado, tudo que eu queria era me divertir com elas sem me preocupar se tinha alguma guria dando em cima do meu crush ou inventando bobagens pros meus pais.

Teve uma época que fiquei de castigo um mês porque ela escondeu uma camisinha na minha gaveta e depois disse pros meus pais que um nerd estava fazendo meus deveres de casa e eu pagaria ele de outra forma.

Dá pra acreditar naquela garota??? Até hoje fico indignada que meus pais acreditaram nela e não em mim.

ㅡ Ok, Perola, esquece a Jurema. Finge que ela nem existe. Toma um banho, assiste uns episódios de Gith e dorme. Amanhã vai ser outro dia. ㅡ Falei para mim mesma e me levantei da cama. Eu havia comido bastante no aniversário, então não precisaria jantar.

[...]

Eu estava sonhando que Tom Holland e Harry Styles brigavam por mim quando acordei e me deparei com a anta do meu irmão sorrindo para mim.

ㅡ AAAAHHH!!! ㅡ Gritei e rolei cama a baixo dando com minhas costelas no chão.

ㅡ BOM DIA! O SOL JÁ NASCEU LÁ NA FAZENDINHA!! ㅡ O besta começou a pular em cima da minha cama igual uma criança enquanto eu gemia de dor no chão.

ㅡ SEU IDIOTA, SAI DA MINHA CAMA!! ㅡ Gritei novamente me colocando de pé e empurrei-o, coisa que o fez cair da cama e bater com tudo no chão. Gargalhei.

ㅡ Ai, sua ingrata. ㅡ Pedro se levantou e olhou para mim passando a mão nas costas. ㅡ Só vim te avisar que suas amigas estão lá embaixo.

ㅡ E por que não bateu na porta e me chamou como um irmão normal??? ㅡ Fiz uma careta.

ㅡ Eu pareço um irmão normal para você? ㅡ Ele, que estava sem camisa, começou a fazer poses para definir e mostrar seus músculos enquanto fazia biquinho. ㅡ Sou gato demais para ser um irmão normal.

Revirei meus olhos, calcei minhas pantufas e arrastei meus pés para fora do quarto enquanto passava minha mão sobre meu rosto.

Passei pelo corredor de parede de vidro e percebi que o dia era de sol. Não havia uma nuvem sequer no céu.

ㅡ Você e a rabanete já discutiram? ㅡ Pedro me acompanhou quando comecei a descer as escadas.

ㅡ Arg, por que me lembrou logo cedo que ela estava aqui? Nem me lembrava mais. ㅡ Fiz uma careta, mas logo ela desapareceu quando vi Dafine e Priscila paradas na sala da minha casa conversando com meu pai.

ㅡ Aí, tio, a garota disse que meu tênis não era original, aí eu disse que a bolsa dela não era original, aí ela disse que meu celular era xing ling, aí eu disse que o cabelo dela era prancha, aí ela disse... ㅡ Dafine gargalhou alto interrompendo a conversa e eu não fiz diferença. As meninas sempre começavam com esses papos de " adolescentes " para irritar meu pai de propósito.

Meu pai encarava Priscila com um olhar de tédio enquanto a mesma falava tudo aquilo sem parar.

ㅡ Elas estão te torturando, pai? ㅡ Fui até ele e lhe dei um beijo na bochecha.

ㅡ Graças a Deus você apareceu. Suas amigas querem me deixar maluco. ㅡ Ele tomou um pouco de seu café.

ㅡ O que vocês fazem aqui tão cedo? ㅡ Observei-as e percebi que estavam de biquíni por debaixo das blusas.

ㅡ Viemos te levar para a praia. ㅡ Dafine estalou os dedos. ㅡ Ta um inferninho lá fora e o pessoal que tava no parque ontem marcou. Você vai com a gente.

ㅡ Minha Pérola não vai para a praia com um bando de adolescentes que não conheço. ㅡ Meu pai negou tirando meu sorriso animado do rosto. Fazia mais um ano que eu não ia a praia.

ㅡ Se ela não for, nós vamos ficar aqui com ela e o senhor. ㅡ Priscila se sentou na cadeira ao lado do meu pai. ㅡ E eu tenho muito assunto. Acredita que essa mesma menina disse que minha calça era falsificada da shopee?? Aí eu disse que... ㅡ Meu pai a interrompeu.

ㅡ Ta, ta, vai! ㅡ Meu pai se levantou da mesa afastando a caneca branca. Dafine e Priscila comemoraram.

ㅡ Mandou bem, Priscilão. ㅡ Sorri para ela, mas na hora ela parou de sorrir e fez uma careta para mim.

ㅡ Mas leve a Jurema. ㅡ Meu pai mandou subindo as escadas, o que tirou o sorriso de todas nós.

ㅡ O que?? ㅡ Todas perguntamos juntas.

•••
Continua...

As Regras do Amor Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora