15_ Você me bateu?

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Ok, aquilo foi fofo. Eu não era de admitir esse tipo de coisa e nem acreditava muito nessa coisa de destino ou cosmos, acreditava que nós traçávamos o nosso próprio destino e que nossas decisões que decidiriam nosso caminho futuro, mas ainda assim achei aquilo fofo.

Patrick disse que precisava ir e eu também voltei a caminhar. Apesar de Jurema ter jogado na minha cara o fato de todos os caras que já gostei terem preferido ficar com ela, eu ainda estava de bom humor. Eu já era meio que acostumada com as provocações dela. E por mais que quisesse xinga-la de todos os nomes possíveis, não podia correr o risco de perder o dinheiro que meu pai me dava para os materiais da faculdade.

ㅡ Nos encontramos de novo, garota bravinha. ㅡ O mesmo carinha que passou por mim mais cedo apareceu ao meu lado, só que sem seus amigos. ㅡ Ta perdida?

ㅡ Pareço perdida? ㅡ Continuei caminhando tentando ignorar os olhares do retardado ao meu lado.

ㅡ Não. ㅡ Ele riu. Aquela risada ridícula no tom sarcástico de um idiota que está cantando alguém. ㅡ Eu que me perdi na sua beleza. ㅡ Parei de andar e virei meu rosto para o outro lado da rua tentando disfarçar o fato de que eu estava rindo. Aquilo havia sido ridículo, mas não queria que ele pensasse que eu gostei. 

ㅡ É o melhor que pode fazer? ㅡVoltei a andar pela calçada. Não pude deixar de notar que a maioria das garotas que passavam olhavam com um sorriso para o garoto na qual eu nem sabia o nome. Resolvi olhar melhor para ele para entender o motivo de tantos olhares. 

Acontece que o modo como ele mexeu comigo me fez odiá-lo sem nem mesmo prestar atenção nele. Mas, olhando bem, ele era muito bonito. Fazia o tipo daqueles garotos que eram os mais desejados e populares da escola, mas que faziam bulliyng com os nerds e coisas do tipo. Era o típico bad boy que chamava a garota excluída pro baile e quando ela chegava lá, humilhava ela. Ok, eu estou vendo romances adolescentes demais. 

O garoto tinha olhos bem claros, um verde bem vivo, na verdade. Seus cabelos eram loiros, no mesmo tom dos de Saulo, mas não eram grandes, tinham um corte bem comum. Ele também era forte e tinha um sorriso muito bonito, seu problema era seu olhar de segundas intenções.

Ele sorriu de maneira safada quando percebeu que eu o estava analisando e eu revirei os olhos voltando a andar. 

ㅡ Posso mostrar o melhor que posso fazer. ㅡ Ele parou na minha frente e direcionou sua mão até minha cintura.

ㅡ EI! ㅡ Empurrei sem braço. ㅡ Ta ficando maluco?? Não toca em mim! ㅡ O garoto me encarou como se nunca tivesse levado um fora na vida. 

Dei a volta por ele e voltei a andar pela calçada. Eu odiava homens assim que saem tocando, não sabe nem o meu nome... palhaçada.

ㅡ Espera... ㅡ O garoto voltou a me seguir. Revirei os olhos novamente. ㅡ Você disse não? ㅡ Ele riu.

ㅡ Ta surdo? ㅡ O encarei. ㅡ Me deixa em paz.ㅡ Resmunguei voltando a andar. 

ㅡ Calma... espera aí. ㅡ O garoto agarrou o meu braço me puxando para ele, mas antes que pudesse reagir, lhe dei um soco no olho esquerdo. 

O garoto se inclinou para baixo com as mãos no rosto e logo atrás dele vi Saulo. O mesmo parecia ter vindo correndo, mas agora estava de olhos arregalados olhando para mim e para o cara. 

ㅡVocê me bateu? ㅡ Ele voltou a sua postura com uma das mãos no rosto.

ㅡ Impressão sua. ㅡ Cruzei meus braços. O rapaz balançou a cabeça negativamente e se afastou de mim enquanto ainda me encarava, não com raiva, mas surpreso.

ㅡ Parece que você não precisa de ajuda. ㅡ Saulo parou na minha frente.

ㅡ Owwnn... você tinha vindo me salvar, meu herói? ㅡ Toquei meu peito com as duas mãos fingindo estar emocionada. Saulo riu.

ㅡVocê não se parece com uma mocinha indefesa. ㅡ Nós dois começamos a caminhar.

ㅡ Por que está aqui? Não estava tentando afogar o Gabriel? ㅡ Perguntei e apertei os olhos para olha-lo. 

ㅡ É que... é que a Jurema estava me enchendo o saco. ㅡ Ele resmungou. ㅡ Disse que estava com fome e queria comer um espetinho, que tinha uma barraca muito boa. Depois começou a me cantar de novo.

ㅡ É inacreditável. ㅡ Balancei a cabeça e soltei um riso curto.

ㅡ O que?

ㅡ Ela sabia que eu estava ali na barraca de espetinhos, aí ia te levar para lá para dar em cima de você e, se você fizesse como todos os outros, ficaria com ela onde eu pudesse ver. ㅡ Expliquei. ㅡ Eu acho incrível o modo como ela consegue dedicar tanto tempo da vida dela para estragar a minha.

ㅡ E se ela ficasse comigo estragaria a sua vida? 

ㅡ Que? Não é isso, é que... você sabe... desde sempre a Jurema fica com os caras que eu gosto e... ㅡ Fiz uma careta quando vi que havia me embolado e falado tudo errado. ㅡ Não... eu não quis dizer isso... ㅡ Saulo me interrompeu.

ㅡ Você gosta de mim, Pérola? ㅡ Ele tocou o peito com uma das mãos e fingiu estar emocionado. ㅡ Sempre soube. Ninguém resiste aos meus encantos. ㅡ Ele jogou os cabelos para trás.

ㅡ Não, idiota. Não é isso. ㅡ Ri de sua péssima atuação. ㅡ Ela sempre fica com os caras que eu gosto, geralmente depois deles me darem um fora, no seu caso... todos nos shippam, então ela deve deduzir que rola um sentimento de alguma parte. 

ㅡ  Da sua parte, é claro. Quem não gosta de mim? ㅡ Ele apontou para si mesmo como se fosse um deus grego irresistível. 

ㅡ Nossa, mas como é convencido esse garoto, meu Deus! ㅡ Lhe dei um tapa na cabeça, o que o fez começar a correr atrás de mim e eu dele. Ninguém entendia o motivo por duas pessoas idiotas estarem correndo na calçada da praia, mas nenhum de nós nos importávamos. 

Eu acabei correndo na direção da enorme rocha que finalizava a praia. Saulo acabou me perdendo de vista quando me misturei no meio de umas crianças, o que revela bem o quão alta sou, e eu acabei entrando atrás da rocha para me esconder. O que eu não esperava, era que a praia não terminava na rocha. 

Fui andando de costas para garantir que Saulo não me visse até que me virei e me deparei uma área vazia e pequena, do outro lado havia outra rocha. Então, ali meio que tinha uma pequena, bem pequena, praia. A areia ali era mais limpa e as ondas bem mais calmas. Já que não havia pessoas gritando ou vendedores anunciando, ali também era mais silencioso e o som das ondas curtas podiam ser ouvidos perfeitamente. 

Para uma garota que gosta de admirar as coisas, aquele lugar era como um mine paraíso. 

ㅡ Uau. ㅡ Caminhei devagar pela areia até onde a água batia e abri um sorriso automático. ㅡ Esse lugar é...

ㅡ PÉROLA!!! ㅡ Saulo deu um berro atrás de mim que me fez desequilibrar e, eu não cairía sozinha, é claro, eu puxei comigo.

ㅡ SAULO, SEU RETARDADO! ㅡ Gritei quando senti meu corpo cair sobre a areia molhada e logo o dele por cima do meu.

ㅡ Eu fiquei te procurando igual um condenado! ㅡ Ele exclamou arrancando de mim uma risada. 

ㅡ Mas precisava berrar assim? Eu estava mó contemplando o mar e um idiota gritou atrás de mim. ㅡ Lhe dei um tapa no peito.

ㅡ Você gosta desse idiota. ㅡ Sorriu convencido novamente. 

ㅡ Ah é? Eu gosto? ㅡ Ri e, de repente, Saulo aproximou seu rosto do meu me fazendo esconder o sorriso. Seus olhos pararam na frente dos meus e sua respiração batia de leve sobre meu nariz. Meus olhos se arregalaram e eu não soube dizer o motivo por meu coração ter disparado tanto. 

ㅡ Quer que eu prove que você gosta? 

•••
Continua...



As Regras do Amor Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora