37_ Bairro de pobre.

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ㅡ Espera... o que? ㅡ Saulo soltou uma risada meio sem jeito e desacreditado. 

ㅡ Eu fiquei com ciúmes de você ué, assim como fiquei na festa do Maicão  quando aquela garota quase se jogou em cima de você. ㅡ Revirei os olhos só de lembrar.

ㅡ Espera... ㅡ Saulo ainda parecia muito confuso. ㅡ Você sentiu ciúmes de mim? Tipo, você? De mim? Por que?? 

ㅡ Eu sei lá, Saulo, eu só não gostei de ver elas se jogando pra cima de você. ㅡ Balancei a cabeça com uma careta enquanto Saulo tinha um sorriso enorme nos lábios. ㅡ Que foi? Por que ta sorrindo assim pra mim? 

ㅡ Ué, você está com ciúmes de mim. ㅡ Ele respondeu de maneira óbvia. ㅡ Mesmo que seja apenas como amigo, ainda é alguma coisa. ㅡ Ele sorriu de maneira convencida.

Eu sabia que não era só como amiga, afinal, eu era amiga dele a anos e cagava para com quem ele saísse ou quem desse em cima dele, na verdade, torcia para que ele começasse a namorar logo para ver se me deixava um pouco em paz; quando eu digo que ele me irritava, eu não estou brincando, era nível Pedro! Mas agora... a última coisa que eu queria era que ele começasse a namorar. 

Ok, ok, terrível. Eu queria esperar a semana passar para me convencer de que não sentia nada por ele, mas a cada dia que passava minha mente bugava mais e a única coisa que parecia bem clara eram os meus sentimentos. Afinal, por que era tão difícil pra mim acreditar e admitir que eu gostava dele? 

Seria medo de rejeição? Eu sabia que ele gostava de mim, não seria rejeitada. Mas o fato de já ter sido rejeitada tantas vezes me causou um certo trauminha. Seria medo de magoá-lo? Saulo era uma pessoa incrível apesar de me irritar muito, a última coisa que eu queria era magoar o coração dele. Seria medo de sair da zona de conforto? Poxa, estava tudo tão bem antes disso tudo... bem... eu tenho estado diferente, reconheço. 

Desde que descobri sobre os sentimentos de Saulo eu tenho me sentido melhor. Saber que alguém se importava comigo e nutria sentimentos por mim por tanto tempo me fez sentir única e especial. 

Suspirei observando Saulo. Eu não tinha coragem de dizer nada a ele, mas torcia, lá no fundo, para que ele fosse algum tipo de telepata e adivinhasse tudo sem que eu precisasse dizer. 

ㅡ Vamos descer? O pessoal deve estar comendo tudo que trouxemos. ㅡ Saulo tentou se levantar da cama, mas segurei seu pulso o impedindo de fazer tal ato. O mesmo olhou para mim confuso e continuou sentado.

Encarei os olhos dele sentindo o meu coração acelerar como um louco. Sinceramente, me senti naqueles filmes clichês onde a garota apaixonada sente as borboletas e o mundo inteiro parece parar ao redor deles. 

Eu sentia medo de gostar de alguém. Sentia medo de me apaixonar e de nutrir sentimentos por um cara, afinal, tudo que eu ouvia era que você não manda no coração e que poderia se apaixonar sem nem perceber e por alguém ao qual você nem escolhia. Tinha medo de gostar de alguém que não prestasse, que não sentisse o mesmo por mim, que não valesse a pena. Criei minhas regras do amor para garantir que algo assim não acontecesse, para garantir que eu não gostasse de alguém que fosse o oposto do que eu esperava, porém, não adiantou de nada.

Saulo não se encaixava de algumas das minhas regras. Ele não era o cara perfeito que eu idealizava na minha cabeça, mas por que eu sentia que era melhor assim? Por que, agora, eu queria ele e não me imaginava com o príncipe que eu sonhava? 

Me aproximei de Saulo lentamente e engoli em seco. Apertei de leve o pulso dele que estava em minhas mãos e senti a melhor sensação do mundo quando ele soltou-se e em seguida pegou na minha mão entrelaçando nossos dedos. 

As Regras do Amor Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora