29_ Diferente.

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Diferente.

Era essa a palavra que descrevia os beijos de Saulo. Diferente. Eu nunca fui uma garota muito namoradeira como já disse, mas eu já dei uns beijos ali ou aqui. Mas... Nenhum deles me fazia sentir aquela sensação tão... Diferente. O que é estranho já que os beijos de Saulo eram todos por encenação. Eu não devia me sentir diferente com relação a eles, devia?

O toque de Saulo parecia ser único na minha pele. Como se minha pele reconhecesse a pele dele sempre que ele me tocava.

Quando nossos lábios se separaram os meus, rapidamente, sentiram falta dos dele. Eu não queria, de alguma forma, que ele beijo terminasse.

Abri meus olhos e logo encontrei os dele. Olhos tão brilhantes que olhavam para mim de um jeito também diferente. Seu olhar me dizia algo, algo que eu não cria ter a capacidade de discernir. 

Um sorriso fofo se abriu no canto de seus lábios e antes de separar suas mãos do meu cabelo ele puxou meu rosto devagar na direção do dele. Saulo depositou um beijo delicado na minha testa e riu se virando para seus pais.

ㅡ Feliz? ㅡ Ele voltou a falar com seus pais, mas eu ainda me sentia meio em êxtase. Continuei observando seu sorriso até notar que seus pais haviam entrado na casa e ele voltou a olhar para mim. ㅡ O que foi?

ㅡ Nada. ㅡ Neguei com a cabeça. ㅡ Eu... Eu te atrapalhei com alguma coisa? ㅡ Dei uns passos para trás mantendo uma distância segura entre eu e ele e olhei para o carro que ele mexia.

ㅡ Não, você não me atrapalha. ㅡ Ele respondeu me fazendo olha-lo de novo. Saulo tirou a parte de cima do macacão novamente e passou as mãos no cabelo puxando uns fios para trás. ㅡ Eu só estava ajudando meu pai, mas o que te trouxe aqui? Já estava com saudades de mim? ㅡ Sorriu convencido.

ㅡ Não é isso. ㅡ Ri cruzando os braços. ㅡ Maicão disse que tentou te ligar a manhã toda e você não atendeu.

ㅡ Ah... Meu celular ta carregando lá no quarto. ㅡ Saulo fez uma careta. ㅡ Mas aconteceu alguma coisa com ele?

ㅡ Ele passou pra faculdade. Seus pais estão dando um churrasco na casa dele e a Dafine me chamou pra ir. Ele pediu pra eu passar aqui pra te chamar porque você não respondia.

ㅡ Ah, ele passou? Que massa! Eu vou sim eu só tenho que... ㅡ Saulo apontou para si mesmo completamente sujo de graxa.

ㅡ Eu espero você tomar banho. ㅡ Ri assentindo. ㅡ Ou você prefere que eu vá indo? ㅡ Apontei para a porta da oficina.

ㅡ Não! ㅡ Saulo respondeu de imediato. ㅡ Minha namorada tem que ir comigo, trate de me esperar. ㅡ Ele sorriu brincalhão. Ri novamente arqueando uma sobrancelha. ㅡ Eu quero ir com você, entra aí, não vou demorar.

Segui Saulo para dentro de sua casa que já era familiar para mim. Eu e a galera íamos a sua casa para assistir filmes ou coisas do tipo pois seus pais eram os mais gente boa.

Eu sempre achei a casa do Saulo daqueles tipos de casas de vós sabe? Que a cozinha e banheiros tem aqueles azulejos estampadinhos, filtro de barro, flores e plantas por todos os lados, pratos de porcelana pintados nas paredes, almofadinhas de estampas coloridas, panos se pratos com desenhos de galinhas e aquele cheirinho de café com biscoito. Era aconchegante.

ㅡ Quer bolo, Pérola? ㅡ Sua mãe me perguntou depois que Saulo saiu da sala.

ㅡ Não, obrigada. ㅡ Sorri para a mesma que se sentou no sofá junto comigo. A televisão estava ligada na Ana Maria Braga.  ㅡ A senhora tem estado bem?

ㅡ Sim, graças a Deus. ㅡ Ela sorriu. ㅡ Ainda mais agora que meu filho finalmente teve coragem de tentar algo com você. ㅡ Parei de focar na televisão e olhei para ela que ainda encarava a tv, mas com aquele olhar de quem estava perdida em seus pensamentos. ㅡ Lembro de quantas vezes o meu filho chegou da escola falando do quanto você era bonita. ㅡ Ela sorriu de novo e olhou para mim. ㅡ Ele dizia que era apaixonado por você, que era a garota mais linda que ele já havia visto. ㅡ Ela riu. ㅡ Não sabe como ele morreu de saudade de você durante esse ano que vocês não se viram.

Meu coração palpitou. Saulo realmente gostava de mim e não era de agora. O que eu estava fazendo??

Sorri para ela fingindo naturalidade, mas logo que ela voltou a olhar para a televisão o meu sorriso desapareceu. Saulo não deveria ter topado fingir namorar comigo se gostava mesmo de mim, isso não é... Não é saudável! E ele super me apoiou com o Patrick...

ㅡ O que eu faço... ㅡ Falei baixo comigo mesma.

ㅡ O que disse, querida?

ㅡ Nada. ㅡ Sorri torto.

Ouvi o pai de Saulo chamar por ela da oficina e a mesma saiu da casa para ir até lá me deixando a sós com meus pensamentos. Será que era por isso que os beijos de Saulo pareciam tão diferentes para mim? Porque ele gostava de mim? Ser beijada por alguém que realmente tem sentimentos sinceros para comigo era diferente de alguém que simplesmente estava saindo comigo...

Ou será que eu também sinto algo?

ㅡ Ai! ㅡ Balancei minha cabeça cansada de toda aquela confusão. Por que Saulo precisava ser tão confuso?? Por que eu precisava ser tão confusa com relação a ele??

Minha cabeça era um balão de confusão, então resolvi mandar mensagem para ninguém mais, ninguém menos que Thalia. A garota já devia me odiar de tanto que eu enchia o saco dela, mas eu precisava conversar com alguém.

Me acheguei para perto do quarto de Saulo e entrei em silêncio. Me certifiquei de que o chuveiro ainda estava ligado e me sentei em sua cama para tentar falar com ela. A princípio eu pensei em ligar, mas ela podia estar ocupada e Saulo podia ouvir, então mandei uma mensagem.

Pérola- Thalia, me dá um help aqui!

Poucos minutos depois ela visualizou.

Thalia- O que foi? O que aconteceu?

Pérola- Você estava certa e o Saulo gosta de mim. Eu to na casa dele esperando ele tomar banho e a mãe dele começou a me falar sobre como ele gostava de mim desde a escola. Eu não sei o que fazer! Me sinto mal fingindo namorar um cara que gosta de mim de verdade. Eu não quero acabar magoando ele, poxa, ele é tão legal! Me ajuda! O que eu faço??

Thalia- Pérola, se acalma, não tome nenhuma decisão no desespero.

Pérola- Você acha que eu devo terminar esse namoro falso?

Thalia- Ele pode pensar que fez algo errado e ficar chateado.

Perola- Então eu finjo que não sei dos sentimentos dele?? Quando essa semana acabar nós vamos voltar a ser amigos como antes, mas eu não vou conseguir olhar para ele da mesma forma. Também tenho medo dessa coisa magoar ele.

Thalia- Não se esqueça que ele já gostava de você quando topou essa farsa.

Pérola- Eu sei, mas é que... Sei lá! Eu me sinto estranha com essa situação toda.

Thalia- Porque você gosta dele também.

Pérola- Thalia! Eu não... Eu não gosto... Eu não sei, ok? Essa minha relação com o Saulo é muito esquisita. Ele não é como os outros caras que eu já gostei que eu simplesmente olhava para eles e falava: gosto. Não! Com o Saulo é mais confuso e complicado.

Thalia- E por acaso deu certo com os outros?

Perola- Não.

Thalia- Perola, falando sério agora, eu não conheço muito o Saulo, mas pelo que vi no dia do almoço, ele é um amor de pessoa e gosta mesmo de você. Sei que seria muito feliz se desse uma chance real ao garoto. Até porque minha intuição me diz que você também já está se apaixonando pelo loirinho.

Perola- Eu não... Eu não sei. Não vou tentar nada com ele enquanto eu não tiver certeza do que eu sinto. Não quero acabar magoando ele se o que eu sinto for só algo passageiro. Vou manter minha palavra de não me envolver com ninguém por um tempo enquanto tento descobrir o que eu sinto e para não chatear ele também.

Thalia- Faz certo. Mas no fim dessa semana você vai vir me dizer que gosta dele e eu vou jogar na sua cara que eu estava certa.

Ri de sua mensagem e fui pega de surpresa quando a porta do banheiro se abriu e Saulo saiu de lá de dentro apenas com uma toalha amarrada na cintura.

•••
Continua...

As Regras do Amor Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora