Cap. 2: "Que se foda a Dorothy."

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* aviso: irei deixar notas de rodapé no fim do capítulo para as referências citadas de mitologia. Toda vez que aparecer o código "N.R" em alguma palavra significa que existe um significado por trás da frase.

Obs: Elas também estarão numeradas. -----> Ex: N.R1; N.R.2; N.R.3...

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Samantha

- Alô??

- Jessi, preciso que me encontre agora. Está no seu horário de almoço??

Eu não quis contar a verdade aquele cretino mais cedo no carro, mas a verdade é que eu e Jéssica ainda somos melhores amigas. Digo, honestamente achei que eu chegaria ao colégio novo e não teria absolutamente nenhum amigo. Sempre tive colegas, mas nunca algo verdadeiro de fato. Então se foi assim a minha vida por que caralhos construiria relações sólidas chegando a um ambiente desconhecido???

Bem, era o que eu tinha pensado. Cheguei ao Centro Educacional da vida sem a mínima preocupação em fazer amizades, apenas em estudar e talvez me tonar representante de turma - coisa que eu consegui, a propósito -... Mas tudo mudou no fim de fevereiro.

Eu estava no intervalo bebendo um suco de laranja quando um babaca esbarrou em mim e manchou todo o meu uniforme. A blusa havia extremamente cara, quase R$60.00 , então é óbvio que fui tirar satisfações e exigi que ele prestasse mais atenção quando estivesse ocupado manchando a roupa das pessoas.

Todos debocharam de mim , incluindo Leonardo. Disseram que eu estava fazendo tempestade num copo d'-água, que não era para tanto. Então , sem absolutamente nenhum apoio, resolvi engolir o meu ódio e voltar a sentar, completamente frustrada.

Porém em meio a mesa de todos aqueles meninos havia uma menina em particular. Era baixinha e encolhida, quase como se fosse tímida. Tinha olhos escuros como ébano, tornando quase impossível de diferenciá-los das pupilas. Seus cabelos eram castanhos, longos e encaracolados, chamando a atenção de qualquer um que olhasse pra eles. Vestia calças jeans, tênis pretos de cano curto e mais um casaco branco de Star Wars.

Eu já a havia visto antes, porém nunca nos falamos. Eu era a novata e, ela, aparentemente, uma veterana. E foi justamente por isso que me surpreendi ao máximo quando a vi emburrando a cara, brigando com o menino que derrubou suco e logo em seguida levantando de sua mesa e vindo até mim.

"Sim?" - perguntei.

"Você é a famosa Samantha" - a mesma exclamou enquanto largava o pacote de biscoito sob a mesa e estendia a mão para que eu a segurasse - "Muito prazer, eu sou a Jéssica" .

Obviamente fiquei sem reação, mas ainda sim não consegui deixá-la no vácuo.

Então a cumprimentei.

"Parece que estão rindo de você." - eu disse ao mesmo tempo que apontava com a cabeça para os babacas nos encarando logo atrás.

Jéssica se virou por um segundo antes de soltar um sorriso de escárnio.

"Não passam de uns imbecis" - exclamou - "Eu vi o que o Mateus fez, e concordo que foi completamente escroto e desnecessário"

"Obrigada!" - dessa vez eu exclamei - "Falando sério, sempre tenho problema com exatamente o mesmo grupinho de meninos."

Fixei o pior deles com os olhos.

"Principalmente aquele". - apontei com a cabeça para Leonardo.

Jéssica o visualizou brevemente e em seguida soltou um leve sorriso.

"Isso é novo, sabia?". - ela comentou - "Normalmente o Leo se dá bem com as meninas".

1000 motivos para eu (não) amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora