Cap. 22: A química certa é aquela do tipo irresistível."

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Leonardo

A viagem da volta foi em silêncio.

Samantha veio na frente, ocupando o lado da carona, e Jéssica e Guilherme foram atrás.

Todos ficaram em um clima relativamente tenso, já que ela estava mal.

Espionei os dois algumas vezes pelo retrovisor, e flagrei Jéssica observando Guilherme. Não foi recíproco, no entanto. Ele estava dormindo.

Encaro Samantha novamente. Ver alguém que normalmente é imperativa e cheia de vida pra baixo é no mínimo... estranho.

Afinal, a mesma pessoa que vive me xingando e me chamando de babaca, está agora ao meu lado, completamente cabisbaixa.

E o mais irônico disso tudo?

A mesma pessoa que brigou comigo durante quatro anos precisou de mim hoje.

"Leo, Me ajuda. Por favor, me ajuda".

E no fim das contas, só me pergunto uma coisa.

Se foi ela quem estava sofrendo, se foi ela quem se sentiu fraca...

A encaro olhando para a janela.

Então por que a pessoa que se sentiu mais impotente fui eu?

                              (...)

Duas horas depois, nós chegamos. Mais do que o esperado, já que pegamos trânsito.

Guilherme é o primeiro que desce do carro, já que ele precisa pegar o ônibus e eu preciso deixar Samantha em casa.

- Tchau, Guilherme. - Jéssica se despede. - Foi bom te ver hoje.

- Tchau, Jessi. - responde com um pequeno sorriso.

E penso que será só isso, porém...

- Guilherme! - Samantha chama da janela.

O mesmo espera, na calçada.

- Sim?

Há uma pausa.

- Me desculpa pelo encontro. - pede, chateada. Seu tom parece melancólico.

Ele abre um sorriso.

- Não se preocupa. - a tranquiliza - Ainda terão muitas oportunidades para nós dois sairmos.

Samantha concorda com a cabeça, silenciosamente.

Involuntariamente acabo espionando Jéssica, e a vejo olhando para baixo.

Acho que ela estava tentando esconder a verdade por trás dos seus olhos.

Afinal...

Basta apenas um olhar para que uma pessoa exponha tudo a respeito de si mesma.

                             (...)

Após deixar Jéssica em casa, eu e Samantha ficamos a sós no carro.

Silêncio nos envolveu por um longo tempo até agora.

- Pode ligar o rádio?- finalmente pede.

Sinto vontade de congelar.

"Você pode ligar o rádio" , exatamente a mesma coisa que ela pediu quando estava drogada.

Ainda sim, disfarço.

- Claro. - cedo. - Pode escolher uma estação.

Samantha troca algumas vezes, até finalmente colocar na estação que eu sempre escuto.

1000 motivos para eu (não) amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora