Cap. 29: "Pessoas que realmente se odeiam sequer conversam."

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Samantha

As coisas andam meio esquisitas.

Claro, talvez pelo fato de eu estar estudando que nem louca, já que iremos fazer uma porção de provas, mas não só por isso.

As coisas estão...

- Você já chegou? - pergunta.

Realmente estranhas.

- Uhum. - confirmo - Você deveria ter coisas melhores para fazer do que me ligar, sabia? Nós vamos fazer provas essa semana.

- Eu tô estudando, sua idiota. Não sei se você sabe, mas é assim que se mantém uma faculdade.

- Vai se foder. - xingo. - Sei disso mais do que ninguém.

- Sabe mesmo?

- Mas é claro que sei. - resmungo - Sei bem mais do que você.

- Claaaaro.

- Eu vou desligar.

- Para, você sabe que estou brincando. - sua voz é repleta de gargalhadas- O que está fazendo?

- Bem, antes de você vir encher o saco, eu estava estudando. Estou quase terminando o livro.

- "A vida dos vertebrados". - conclui. - Que bom que está aproveitando o livro.

- É. - confirmo - Admito, me ajudou bastante.

- Não vai me agradecer?

- Já agradeci. Disse que o livro me ajudou bastante. - concluo.

- E desde quando isso é agradecimento?

- Quando se trata de nós dois, isto é o máximo de agradecimento que você terá. - afirmo- Escuta, eu preciso desligar. Essa ligação tem algum motivo em específico?

- Tem. - confirma- Está na hora de cumprirmos nossa aposta.

- Ahhhh, então finalmente está pronto para perder?

- Até parece. - debocha. - A verdade é que estou impaciente.

- Impaciente? - indago- Como assim, impaciente?

- Você sabe. - seu tom é condescendente- O seu perfume.

  Argh, o meu perfume.

De onde ele tirou isso do nada?

- Sabe de uma coisa? Ainda não digeri esse prêmio. - confesso - Por que, de uma hora para outra, você quer meu perfume?

- Não é óbvio? - indaga- Pra te irritar.

- Você não precisa roubar meu perfume pra isso. - digo em tom sério, e posso perfeitamente ouvir suas risadas pelo telefone.

- Samantha, o que lhe falta é perspectiva. Você não pensa no quanto se pode ir além numa zoeira.

- Vai por mim, eu sei. Fizemos isso por três anos.

- E ainda sim não foi o suficiente. - afirma- Será que nós dois conseguiremos parar com isso?

  Paro de falar, já que fico sem resposta.

  Eis um ótimo questionamento.

  Será que eu e ele iremos parar com isso um dia?

- Não sei. - admito. - Espero que um dia isso acabe.

1000 motivos para eu (não) amar vocêWhere stories live. Discover now