Cap. 35: "Eu me lembrava perfeitamente dela."

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Jéssica

Evangelizar é algo que eu sempre amei fazer. Afinal, ninguém nunca sabe o quanto pode mudar apenas por descobrir seu amor à Cristo.

Nunca fui boa em música. Nunca fui boa em desenho. Nunca fui boa ao menos em slides de projeção para o culto.

Porém eu sempre, sempre, sempre, tive facilidade em evangelizar.

Afinal, como não teria? Deus sempre falou no meu coração, desde que eu era pequenininha.

Então, nesse momento, vestindo a camisa da minha igreja, saio para evangelizar.

Meu grupo só irá fazer isso daqui a 12 horas, mas nunca aguentei esperar. Então sempre que chega a véspera da evangelização...

- Olá, o meu nome é Jéssica. - cumprimento- Eu e a minha igreja estamos fazendo um projeto muito incrível de evangelização. Por favor, pegue um folheto.

Eu distribuo alguns sozinha.

- Agradeço, mas não quero. - a mulher nega.

Tristeza me envolve um pouco, porém não desanimo.

- Tudo bem. - abro um sorriso. - Tenha um ótimo dia. - desejo.

Continuo a caminhar, na esperança de encontrar mais alguém.

E de fato, ao olhar para frente, acabo encontrando mais alguém.

Alguém inesperado.

- Guilherme. - afirmo. - O que está fazendo aqui???

O mesmo se aproxima de mim.

- Eu soube do projeto da "Maranata." - afirma- Os folhetos já se espalharam pelo bairro.

- Ah. - exclamo- Não sabia que mais alguém havia tido essa ideia além de mim.

- Na verdade, eu não tive. - me conta- Apenas imaginei que você estaria aqui.

Pisco algumas vezes, surpresa.

- É mesmo? - indago- Como??

Guilherme abre um sorriso.

- Três anos, Jéssica. - esclarece. - Felizmente, certos hábitos não mudam. Principalmente os seus.

Num instante, sinto vontade de rir. Como ele percebeu e acumulou tantas informações dentro de três anos?

- É, você me pegou. -admito- Nunca fui uma pessoa muito criativa.

- Bem, isso não tem a ver com com criatividade. Tem a ver com princípios. - conta- E você sempre teve princípios, Jéssica.

Ele me encara de um jeito peculiar. Como se enxergasse muito mais do que o necessário.

E, ao ouvir seu comentário, abro um sorriso.

- Bem, obrigada por dizer isso. - agradeço- Significa muito.

Ficamos assim, parados por um tempo. Nem ao menos posso dizer quanto, já que eu pareço estar em transe.

- Enfim... - digo, acordando- Foi muito bom te ver, mas agora eu tenho que ir.

O cumprimento com a cabeça e depois faço um movimento para ir embora, mas...

- Espera. - Guilherme me chama.

Eu me viro.

- Sim? - indago.

Se aproxima novamente.

- Eu não vim até aqui à toa. - afirma.

Pisco algumas vezes, confusa.

1000 motivos para eu (não) amar vocêWhere stories live. Discover now