🔮| started with a flame

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Começou com uma chama

O calor aquecia a pele de Sn.
A brasa invadia o cômodo.
Se não fosse pela extrema fumaça sufocante, ela teria aproveitado.
Sempre adorou calor.
Mas não aquele calor, não aquele que começou a invadir as cortinas, até toda a sala de estar com pé direito de nove metros estar inteira em chamas.

Mas Sn estava sentada no chão.
Ela não havia mechido um músculo.
Ela sabia que não estava sozinha em casa.
Todas as joias e o dinheiro estava fora dos cofres, ah eles já haviam sido queimados á muito tempo.
A sala era o último cômodo.
E com isso, Sn.

Ela é uma garota suicida? Não. Não diria isso.
Ela gosta de viver? Também não.
Isso entra em outra parte, o X da questão.

A fumaça invade os pulmões da garota, fazendo com que ela engasgue.
O impulso de uma pessoa normal, seria proteger seu nariz e sua boca e fugir dali o mais rápido possível.
Mas Sn não estava em seu estado mais normal ali.

Ela estava bêbada, muito bêbada.
Ela tinha razões para estar ali.

Vinte um anos, era para ser uma idade divertida, mas infelizmente não foi.
Ela estava predestinada á uma vida presa em que seus pais haviam feito á garota.
Um casamento arranjado já estava sendo planejado em alguns meses.
Seus pais não permitiam a voz dela na casa.
Ela não tinha voz ali, ou concordava, ou concordava.

Mas então Sn conheceu uma pessoa especial. A primeira em que ela amou de verdade e foi recíproco.
O garoto era de deixar qualquer um sem fôlego, mas não foi por isso que ela se apaixonou.
Ela escreveu uma carta.
Ela pediu para que ele tomasse juízo, e nunca deixasse ninguém o desmerecer igual o pai o fazia.
Ela não queria que isso acontecesse.
Ela o amava demais.

Então, se me ama, fique.
A voz dele pendurava na cabeça de Sn.
Ela chacoalha para que a voz vá embora.

Ao inalar muita fumaça, os pulmões começam a parar de funcionar.
O ar começa a faltar no corpo, e sua força se indo.
Mas algo a puxa.
Um rosto familiar, ele.

O mesmo loiro a qual ela se apaixonou.
Ele lhe impediu de fazer o que tanto desejava.
Porque ele lhe amava, ah ela sabia disso.
Mas os olhos são mais fortes que o seu amor, então se rende.

[...]

"Sn? Não quer sair? Seus amigos estão aqui e-"

"Eles não são meus amigos" a garota diz em tom frio, encarando a paisagem nublada, pela janela.

"Vamos filha, faz três semanas" a mãe da garota se aproxima dela, indo em um abraço, mas Sn desvia do afeto e se senta na cadeira ao lado da maca.

Encara o corpo do garoto loiro.
Respirando apenas por aparelhos e maquinas.
Tudo isso por causa do estúpido erro de Sn.
A carta que a garota havia deixado, ainda estava na mesinha ao lado da cama.
Foi o único item dele junto ao colar, que estavam inteiros.

Sn releu a carta, e ainda não acreditava que havia a escrito.
Havia trechos em que ela não se reconhecia.

'Pense em mim como uma fase boa de sua vida. Lembre dos momentos bons.
Minha vida teve poucos, mas todos foram com você. Sei que não deve entender, mas preciso fazer isso. Não posso viver essa vida'

O coração da garota batia mais rápido ao ver de relance a carta.
Como ela podia ter apenas desistido de tudo? E agora por conta disso, podia perder a única coisa que ainda lhe dava esperança.

"Eu e seu pai estamos terminando a mudança da casa nova." a mãe diz após uns segundos de silêncio.
Sn solta um suspiro tediante.

"Qual é filha, você está muito deprimida. O que houve aquela noite? Você nunca mais nem olhou nos meus olhos" o tom da mãe aumenta mas Sn não meche um músculo.

Ela apenas não diz nada. Como sempre.
Pega na mão do loiro, e seus olhos marejam.
A mãe sai do quarto do hospital irritada, mas Sn não se importa mais.

"Podemos vê-lo?" a voz de outras pessoas invadem o quarto.

O rosto pálido e melancólico da garota se vira e dá um sorriso apático á todos.

"Nenhuma mudança, mas fiquem a vontade" a garota diz em um suspiro e se retira do quarto.

Enquanto espera por quase meia hora, os amigos dele voltam.

"Obrigada" o garoto negro sorri agradecido. Olhando ao corpo do menino loiro

"Por ver ele todo dia e estar sempre aqui" o mais alto, JhonB concorda.

"E por pagar esse hospital caro. Não te conhecemos muito bem, mas se JJ confiava em você, confiamos também. Ele te amava" Kiara, a garota morena, beija a testa de JJ.

As palavras no passado ecoam na mente da garota.
"Confiava" ou"Amava"
Como se ele já estivesse ido.
Como se ele não estivesse mais conosco.

[...]

"Querida? Faz um mês... nós- o hospital, acha melhor desligarmos os aparelhos"

A voz do pai da menina é aquecida, como o as chamas do incêndio na quela noite.
A lembrança faz o estômago de Sn se revirar.

"Sem máquinas meu namorado irá morrer" sua voz é firme, mesmo querendo chorar ali mesmo.

"Não chame assim, namoraram por o que? Dois dias?" a mãe diz em tom irônico, mas isso faz os olhos de Sn marejarem.

O olhar da garota estava preso na paisagem ao longo, na janela.
Mas ela se vira e encara os pais.

"Era isso que queriam né? Se livrar do peso morto? Para podermos ser uma família perfeita de novo." uma risada seca soa por seus lábios. "Quando achei que haviam mudado. Fui uma idiota. Vocês são frios como gelo, e sempre serão"

A frase de Sn é como uma facada em seus pais, mas não era mentira.
Ela se vira á encarar a janela novamente e com alguns segundos os pais se retiram.

A menina se senta na cadeira ao lado da maca, e pega a mão do menino.
Seus olhos se enchem de lágrima, e ela limpa, tentando esconder.
Ao trazer as costas da mão do loiro, e beijá-la, ela sussura

"pode dizer de novo que eu serei sua?" seu tom é baixo e meio rouco por conta do choro.

Lágrimas escorrem pelo seu rosto.
E como se ela falasse com a mão do garoto, ela continua.

"vamos rescrever as estrelas? apenas volte para mim JJ"

Uma esperança, como uma estrela cadente, brilha por seus olhos.
Ao olhar ao corpo do garoto e ver que foi apenas um barulho na máquina e nada aconteceu, Sn decide ir para casa já que passa das nove.

tentei fazer uma pegada diferente... gostaram?

(fiquem tranquilos que esse já tem pt2)

um beijo amoresss

imagines JJ MAYBANKOnde as histórias ganham vida. Descobre agora