CAPÍTULO 20

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Jaxon

Acordo no meio da madrugada com mais um dos meus sonhos esquisitos, levo um tempo até perceber que não estou na minha cama em Nova York e sim na cobertura do hotel de tio Phil.

Sinto um braço em cima do meu peito e giro a cabeça vendo Nina dormindo tranquilamente em meus braços. Deslizo os dedos pela maçã do seu rosto e observo cada detalhe, desde os cílios escuros e longos, as bochechas um pouco grandes, o nariz reto, a boca levemente cheia e rosada.

— Tão linda — Murmuro.

Nina se remexe um pouco, mas logo volta a ficar quieta. Saio da cama o mais silencioso possível e caminho até onde estão minhas roupas jogadas.

Pego o telefone, vou até a sacada e disco o número do qual eu sabia de cor. Eu precisava saber o que caralhos aquele verme fazia aqui, e tão perto de Nina.

Ele atende no quarto toque.

— Onde você está? — Pergunto diretamente.

— Sempre tão sério — Devolve ele, com aquele tom de voz carregado de arrogância.

— Não me teste. Quero encontrar você amanhã às 10:00 na cafeteria da esquina — Sibilo sem aumentar a voz.

— Você me ligou à meia-noite apenas para dizer que quer me ver? Fico lisonjeado, Jaxon — Fecho os olhos respirando fundo.

— 10:00 horas e nem um minuto a mais. — Desligo sem lhe dar a chance de responder.

Apoio a cabeça no braço, que está pendurado da sacada e penso na merda que minha vida vai se tornar assim que eu contar a Nina quem eu sou.

Quando parei na praia e disse que me lembrava minha mãe, eu não menti, minha mãe realmente gostava do mar. Observá-lo fazia com que eu me sentisse mais perto dela, e do meu passado com a mulher deitada na cama da suíte.

Então Nina saiu do carro e estendeu a mão para mim, para me levar até onde nós dois havíamos passado horas e horas juntos, dividindo brincadeiras e conversas — mas nunca os nossos nomes.

Sua mão pequena segurava a minha com força, como se não quisesse soltar, ela parou perto da água e então começou a divagar com os olhos fechados, e foi quando eu vi a lágrima descer por seus incríveis olhos castanho-claro. E quando perguntei o por que das lágrimas, sua resposta me deixou confuso.

Por que eu havia partido o coração dela? Como? Quando foi ela quem terminou tudo entrei nós?

Aquela carta está guardada até hoje, como um lembrete do dia em que tudo mudou.

Eu havia deixado de odiá-la, preferi deixar os sentimentos bons, àqueles que ela me proporcionou.

Mas agora, eu preciso que ela saiba de tudo. De quem eu sou. Do por que eu menti para ela.

— O que está fazendo aqui? — Levo um susto ao ouvir sua voz rouca atrás de mim.

Viro-me e dou de cara com Nina, ela usava a camisa social que eu havia deixado jogada no quarto, a roupa ia até o meio das suas coxas e alguns botões estavam abertos. Aquela era uma visão e tanto.

Me aproximo dela e seguro seu rosto entre as mãos.

— Eu precisava fazer uma ligação — Levanto o celular para que possa vê-lo.

— A essa hora? — Questiona, logo em seguida ela deixa um bocejo escapar.

Sorrio com o gesto.

— Negócios não param, Morena — Ela faz uma carranca.

— Não me chame assim.

Ela se vira e volta para dentro e se joga na cama passando o lençol por cima do corpo.

Quando Você ChegouOnde as histórias ganham vida. Descobre agora