Capítulo 8
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."
Carlos Drummond de Andrade
Escutei um zumbido forte no ouvido e perdi meus sentidos. Quando fui recuperando eu estava deitada no corredor do avião com um jovem medindo minha pulsação e a aeromoça com uma toalha gelada no meu rosto.
- Oi... Está se sentindo melhor?
Não respondi, procurei pelo rosto conhecido do Alexandre e não o vi. Talvez tenha sido um pesadelo, não foi real aquilo.
- O que você sentiu? Está sentindo algo agora? – balancei a cabeça que não, e tentei levantar.
- Acho melhor ficar mais um tempo deitada, sua pulsação ainda está baixa. – disse ele.
Mas eu não queria ficar ali deitada com várias pessoas me olhando.
- Quero levantar.
- Vou te ajudar então, caso sentir mal volte a deitar. – falou ele.
Foram me levantando devagar. Então lá estava o Alexandre com um copo de água na mão e no rosto uma expressão preocupada.
Eles me ajudaram e eu sentei novamente em meu lugar. O rapaz era um médico que estava a bordo, fazia residência ainda. Sentou do meu lado e perguntou o que eu senti.
- Eu não sei – falei com a voz trêmula olhando para o Alexandre- eu acho que ele falou que minha mãe morreu.
O medico olhou para ele que balançou a cabeça confirmando.
- Isso procede?
- Eu não fazia ideia que ela não soubesse, estou tão assustado quanto ela.
- Impossível estar como eu. – falei magoada.
Ele abaixou tentando chegar mais perto.
- Desculpe Joana, ninguém me alertou sobre o seu desconhecimento da situação. Agora até entendo certas coisas...
- Então me conta. – falei – agora que começou...
- Vou sentar no meu lugar, se precisar de algo... E se preferir eu posso ministrar um calmante. – falou o rapaz muito atencioso.
- Tudo bem, obrigada.
Depois que ele voltou para seu lugar, Alexandre sentou e ficou pensativo. Acho que pensando em que falar.
- Estou esperando você falar...
- E eu nem sei mais o que falar...
- Fale o que você sabe da minha mãe, por que disse que ela morreu – falei com lágrimas caindo.
- Não fique assim... Eu juro que se pudesse voltar atrás nas minhas palavras...
- Mas não pode! Fale!
- O que sei é que sua mãe estava internada numa clinica e veio a falecer.
Comecei a chorar compulsivamente e ele me abraçou puxando para ficar mais perto dele e eu fiquei.
Acordei com um toque suave nos meus cabelos, mas fiquei quieta. Eram os lábios dele roçando na minha cabeça e a outra mão alisando meu braço. Percebi que molhara sua camisa e ele deveria estar todo amassado. Fui me afastando.
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Verdades Secretas - A venda na amazon.com.br
RomanceJoana cresceu cercada de muito carinho e atenção. Era filha única de um casal muito influente da região de Vitória, Espírito Santo. Família conhecida pela produção de café. Ela cresceu cheia de manias. Era de poucas amizades. Teve poucos namoros...