Capítulo 2

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Olá queridos e queridas,

Hoje não é dia de publicação, mas está oficialmente aberto minhas publicações. Pois o primeiro capítulo já estava no final do meu livro 'Do outro lado'. Agora sim, inédito!
Presente neste feriado esse capítulo para vocês. Espero que gostem e comentem um 'cadiquim'... Votar?
Nem preciso pedir...
Beijos

Capítulo 2


"O primeiro amor é um pouco de loucura e muita curiosidade."

George Bernard Shaw


Não voltei para trabalhar à tarde, fiquei sentada na minha sala enrolada ao edredom, tomando chocolate quente e pensando na minha vida. O que estava acontecendo?

Quando criança, eu sempre fui super protegida. Mamãe tivera dois abortos antes de me gestar. E na minha gravidez ela precisou fazer muito repouso.Depois de mim foram mais três abortos e o médico chegou para ela e disse:

- Marta você não pode mais engravidar se quiser ver sua filha crescer. É muito arriscado.

Então eu fui sempre uma pedra preciosa, única.

Qualquer gripe eu já estava no médico. Uma pequena febre era motivo de pânico total. Eu não podia fazer quase nada.

Minha infância não foi igual a das outras crianças. Tudo o que elas podiam fazer a mim era proibido. A maioria das brincadeiras era considerada perigosa e eu nem sequer podia pensar em participar.

Mas, por outro lado, eu tinha tudo o que queria: brinquedos de última geração, as melhores roupas e calçados, e a comida que desejasse. Resumindo, eu era totalmente infeliz, a felicidade era extremamente passageira e baseada no que eu ganhava, que em pouco tempo eu não gostava mais.

Era criada dentro de uma bolha. E com isto tudo eu fui ficando cada dia mais triste e revoltada com tudo.

Muitas vezes eu fugia de casa para brincar na rua com as crianças da vizinhança e quando me descobriam era repreendida como se acabasse de fazer a coisa mais errada do mundo. Era como se as outras crianças pudessem transmitir uma doença para mim. O medo de que eu ficasse doente e viesse a morrer era muito grande e com isso eu não tive uma infância normal.

A pré-adolescência não foi muito diferente; as amizades eram bem selecionadas e eu não podia fazer tudo o que bem quisesse. Por isso, com quatorze anos, eu e minha amiga Denise fugimos de casa, queríamos ser modelos. Fomos de carona, de Viana no Espírito Santo, onde morávamos, até o Rio de Janeiro.

Deixei uma carta explicando que precisava de liberdade. Mas meus pais ficaram loucos de raiva e preocupação. Colocaram a cidade inteira a nossa procura.
Demos notícias assim que nos instalamos num hotel. Não queríamos preocupá-los tanto.

Andávamos no calçadão de Copacabana, bem arrumadas e produzidas, pelo menos nós achávamos que sim, queríamos ser descobertas por algum 'olheiro' e ser a revelação da beleza do século.

Duro foi perceber que não éramos tudo isso. Havia garotas lindíssimas na praia e por todo lado. Nós não passávamos de duas garotinhas bonitinhas e sem graça.
No final de uma semana o dinheiro acabou, e nada de ninguém se interessar por nós, então precisamos entrar em contato e pedir ajuda.

Terminamos nossa 'pequena' aventura voltando para casa de carro com motorista e minha mãe chorando o tempo todo.

Denise ficou de castigo durante um mês sem sair de casa. Comigo não aconteceu o mesmo, porque avisei que fugiria de novo se me colocassem de castigo.

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