Capítulo 07 - Hannah

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Hannah

— Eu odeio o Joe — Cassie resmungou, sem desviar os olhos da televisão. — A Love é mais impulsiva, já o Joe consegue planejar tudo.

Estamos assistindo a nova temporada de "you", aproveitando que já terminamos o nosso trabalho sobre psicopatologias. Conheci Cassie no meu primeiro dia de aula e nos demos bem logo de cara. É bom ter alguém que gosta das mesmas coisas que eu.

— O Joe é narcisista, ele quer sempre o papel de herói e salvador. Esse doente do caralho — comentei irritada. — Acho que ele vai acabar matando a Love.

— Eu vou odiar se isso acontecer. Já estamos na terceira temporada e ele nunca é pego.

Sim, sim, meu Deus. Eu também não aguento mais esperar, pensei que ele seria preso depois de matar a Beck, ou quando a Candace apareceu. Mas isso nunca acontece. Estou começando a pensar que ninguém vai pegá-lo, e se a Love morrer vou ter certeza disso.

— Preciso ir, Hannah — Cassie disse, assim que terminamos o terceiro episódio. — Não termine sem mim.

— Volta sexta, então? Você pode dormir aqui.

— Ai, sim, sim. Vai ser ótimo.

Sorrindo, levei Cassie até a porta, enquanto combinava com ela sobre sexta.

Rebecca estava jogada no sofá, com o notebook nas pernas, e se despediu de Cassie com um aceno. Eu me joguei ao seu lado para ver o que ela estava fazendo, e não me surpreendi quando a vi bisbilhotar os comentários do vídeo que a banda postou no final de semana, eram takes do show.

— Animada pra hoje? Se quiser posso te emprestar um vestido — perguntou, se referindo ao meu encontro com Max, e largou o Notebook para me dar atenção. — Vai ser tão legal se você namorar com o Max, vamos poder sair de casal, sem você ficar de vela.

Eu dei risada. Cristo, é mesmo uma merda, eu sempre fico de vela para Rebecca, mesmo quando estávamos na escola. Pelo menos seus namorados sempre foram bacanas.

O celular de Rebecca vibrou em cima da mesa, ela deu olhada e ergueu a sobrancelha.

— Que diabos o meu primo quer tanto com você? — ela perguntou, me mostrando a tela do seu celular, as mensagem de James se resumiam em "faça essa diabinha me responder", "fala pra ela me responder, Beck", "vou ter que ir até aí?". — Rolou algo entre vocês? O Will acha que o James sente algo.

— Ah, sim, ele sente, ele me odeia na mesma proporção que eu odeio ele — respondi, irritada. — Ele só está fazendo isso porque colocou na cabeça que me quer na banda dele.

O quê? — Beck perguntou, deixando uma risada divertida escapar. — Como assim, Hannah?

— Ele invadiu o meu quarto e me escutou cantar no chuveiro e agora acha que eu sou a melhor pessoa pra substituir o Derek. O Derek. Tem ideia disso? Aquela voz? E numa banda formada apenas por homens?

Rebecca parou de rir, olhou para o nada e de repente ficou séria, como se estivesse avaliando a proposta maluca de James.

— Essa é a melhor coisa que eu já ouvi — ela disse, por fim. — Hannah, você amava cantar. Era o seu sonho. Por que diabos você não aceita? A sua voz é incrível.

Engoli em seco. Reviver esse assunto não é nada bom. James deveria ser menos insistente.

A música não é para mim. O meu pai não é para mim. E eu quero evitar qualquer coisa que me remeta a isso, porque ainda lembro de ouvi-lo dizer alto em bom som que nem mesmo a música, o que ele mais ama na vida, o traria para perto de mim.

Duas verdades, uma mentiraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora