Best Part • Christopher Vélez

18.

Capítulo 18

Giulia Moraes

Seis meses. Seis meses tendo ao meu lado o melhor companheiro para qualquer aventura, como a que fizemos hoje ao vir para uma cidade litorânea dirigindo por quase cinco horas. Seis meses me sentindo a mais amada e desejada das mulheres. Seis meses que parecem anos, de algo que perdurará eternamente, ao menos da minha parte. Seis meses sendo dele, e ele meu. Seis meses ao lado de Christopher.

Saímos para almoçar perto da praia e eu sentia meu cabelo balançar com o vento trazido pela maresia de Clearwater. Como se a estética do lugar nos convidasse para isso, eu e Chris pedimos risoto de camarão e de bebida vinho branco. Percebia que ele tirava algumas fotos minhas, pensando que eu não havia notado, e então eu abaixei um pouco meu óculos, mostrando que eu estava vendo-o, garantindo nossas risadas. Aproveitamos a refeição, as boas risadas e decidimos caminhar pelos comércios e ruas vizinhos do restaurante que havíamos ido, que mostravam artesanato local e ótimas lembranças para levar daquele lugar.

Quando paramos de caminhar, percebemos que já se aproximava da hora do sol se pôr, por isso voltamos para perto da orla e fomos para um dos piers que estão na praia. Muitos pareciam ter pensado como nós dois, já que o local estava um pouco cheio, por isso fomos ao que estava mais afastado, que parecia mais privativo. Ficamos ali, abraçados, curtindo um dos pores do sol mais lindos que eu já havia presenciado.

— É lindo, não é? — a voz do moreno ecoou sussurrada perto do meu ouvido.

— Demais... — foi tudo que eu consegui dizer, enquanto assistíamos a esse evento lindo da natureza.

— Te amo — ele voltou a sussurrar, deixando, em seguida, um beijo molhado em meu pescoço.

— Eu te amo bem mais — respondi me virando para dizer isso em seus olhos. Aqueles olhos grandes e hoje bem mais claros e cor-de-mel que de costume. Me olhavam com a mesma adoração de sempre. Me enxergavam profundamente como se chegassem a minha alma. Me liam como se eu fosse a mais bela história escrita. Os olhos que eu tanto amo ter sobre mim.

Provavelmente a parte que mais gosto no meu moreno.

Encostei minha cabeça em seu peito enquanto seguia aconchegada em seu abraço e sentia seu carinho no instinto protetor e nos beijos que ele deixou em minha testa.

Por mais que eu estivesse diante de uma paisagem linda, em um momento fechei os olhos, me permitindo sentir todas as sensações que meu coração palpitando forte e descompassado me traz. Eu vivia bem e plenamente feliz. Eu cursava o curso dos sonhos, tinha o namorado perfeito e o mais companheiro possível, eu tenho boas amigas, um apartamento lindo... A não ser pela distância da minha família, eu não tinha do que reclamar.

— Você é feliz? — perguntei por causa da minha sensação de felicidade.

— Porque está me perguntando isso, pequena? — outra coisa que eu amava era quando ele me chamava de pequena... — Do nada essa pergunta...

— Não é nada, esqueça — selei seus lábios — Era só curiosidade.

— Você acha que eu não pareço feliz, é isso? — ele parecia realmente preocupado com a minha pergunta.

— Não, meu bem. É só que... — sorri de lado — Eu estava pensando em quanto tenho razões para ser feliz. E eu realmente me sinto assim. Feliz — suspirei — Eu faço o curso dos sonhos, tenho você, tenho as meninas, vivo bem aqui... Eu sou feliz assim. E eu fiquei curiosa para saber se você se sente assim também.

— Ah... — senti um desânimo em seu tom de voz, mas esperei que ele concluísse sua fala — Eu ainda preciso de mais algumas coisas para ser plenamente feliz. Eu tenho você, a minha família, mas ainda queria me tornar cantor, viver do meu sonho — seu olhar havia se desviado para o horizonte, e eu o olhava compreensiva, entendendo que é normal não estar cem por cento satisfeito com a própria situação — Então, respondendo a sua pergunta... Eu sou feliz. Mas eu poderia ser mais feliz.

— Enquanto você estiver vivo, os seus sonhos também estarão. Não importa o tempo que vai levar, sua hora vai chegar e eles vão se realizar. E eu vou estar aqui para te ver realizando cada um deles e te aplaudir. Seja da plateia ou da coxia — falei tocando a joia que eu havia lhe presentado, recordando-lhe da minha fala no dia do seu aniversário.

— Eu sei, pequena. Eu sei... — pela primeira vez em todo esse tempo que eu o conheço, não senti tanta certeza assim em sua fala. Ele parecia um pouco mais desacreditado que antes — E eu te agradeço pelo apoio. Sei que você vai estar ao meu lado para me ver realizar isso um dia... Se eu realizar.

— Ei! — chamei sua atenção segurando seu rosto com as minhas mãos — Você vai realizar. Eu tenho certeza disso — Deixei um beijo curto em seus lábios — Tá? Eu te prometo — Falei sem desgrudar nossas testas.

— Você não pode prometer aquilo que não pode cumprir, meu amor...

— Mas, você pode — insisti.

— Eu sou muito sortudo por te ter, sabia? — sorriu fraco

— Sabia — brinquei fazendo-o sorrir genuinamente. Era mais uma das tantas coisas que eu amava nele. A risada.

— Obrigado por isso. Você não sabe quanto importa pra mim saber que pelo menos uma pessoa no mundo acredita em mim.

— Se contar com a sua mãe, já são duas! — voltei a brincar com sua fala e ele sorriu outra vez, agora acompanhando a minha risada. Silenciei-o um pouco, agora tratando de demonstrar todo meu amor com os meus beijos sobre seus lábios e finalizando o momento com um abraço.

Voltamos de mãos dadas e em silêncio. Talvez não tenha sido a melhor ideia falar sobre esse assunto com ele, porque senti que ele havia ficado um pouco angustiado, ainda que ele não tivesse reconhecido isso. Passamos por um mercado no caminho e eu comprei mantimentos para que pudéssemos cozinhar algumas coisas nos próximos dias. Mas, principalmente para hoje. Sentir o silêncio de Christopher me fez querer dar a ele uma noite tranquila, leve e especial, e talvez até animá-lo outra vez, fazendo-o esquecer desse assunto. Comprei o necessário para fazer aquilo que ele me implora no mínimo uma vez por mês para fazer... Sushi.

E eu esperava que uma noite comigo, vinho e sushi o fizessem sentir melhor.