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Capítulo 42

Christopher Vélez

Era realidade! E eu mal podia crer que estava certo quando pensava que terminaríamos assim. Giulia abraçada em mim, usando uma camiseta minha, os cabelos molhados do nosso banho, ambos cansados, mas ao mesmo tempo tão satisfeitos, e não falo somente do sexo em si, mas da nossa situação. Era como se agora tivéssemos mais leves, relaxados, sem precisar esconder tensão, sentimentos ou o que seja.

Ter tido ela outra vez depois de tantos anos só reforçou o que eu já sabia: ela é incomparável. Nada igual às outras. E isso porque ela tinha a própria ousadia, me conhece, me teve o tempo inteiro seu refém, em suas mãos. Quando a vi completamente despida em minha frente, me esforcei para não gozar ali. E isso só acontece com ela. Porque tudo nela é diferente. O toque, o beijo, o jeito... Era inútil tentar explicar.

Ela é a mulher da minha vida.

Que agora está contornando invisivelmente a minha tatuagem do peito, e apesar de ser algo completamente inocente e casual, eu estava arrepiado.

— Você gosta? — perguntei, trazendo seu olhar para mim.

— É linda. Assim como as outras — sorriu fraco — Você ficou ainda mais charmoso com elas — confessou me deixando um beijo rápido no peito e foi a minha vez de sorrir fraco, um pouco envergonhado pelo elogio.

Viu como ela me deixa? Eu quase nunca ficava com vergonha.

Obrigado — falei em português, mostrando-a que ainda sei um pouco do que me ensinou. Sua reação foi instantânea, uma que misturava fofura e zombaria.

— Você ainda sabe! — constatou — Qual mais você se lembra?

Boa noite, você é muito linda — Giulia gargalhou no mesmo instante e eu também, mas pensando em como eu adorava vê-la sorrir.

Ter falado português e pensado no Brasil me trouxe ao pensamento o mais recente ex-namorado de Giu. Eu já tinha alguma insegurança por saber que eles estavam juntos, e mesmo depois dessa noite incrível, eu ainda precisava sanar a minha dúvida sobre isso.

— Posso te fazer uma pergunta? — quebrei o pequeno silêncio que se formou após as nossas risadas, enquanto Giulia seguia riscando invisível minha tatuagem e eu brincando com alguns fios de seus cabelos.

— Se eu disser que não você vai fazer de todo jeito... — brincou, mais uma vez nos fazendo sorrir.

— É sério — avisei.

— Ok, Mr. Sério, pode perguntar.

— O que você sente pelo Bernardo? — Ela ficou estática. Sua mão havia parado de me desenhar e pousou no meu peito, apoiando sua cabeça.

Uff, uau... — suspirou — Eu sinto muito carinho, amizade, afeto... Só.

Senti como ela hesitou um pouco, e por isso ainda não me sentia tão satisfeito com a resposta.

— Só? — perguntei para que não me restassem dúvidas.

— Só, por quê? — Vi como a minha repetição a deixou um pouco confusa, sua atitude de voltar a me olhar demonstrou isso.

— Por nada... — falei tranquilo — Por quê? Você em algum momento se apaixonou por ele?

Giulia soltou uma risada fraca, como se eu tivesse dito a maior idiotice de todas.

— Nós precisamos mesmo falar sobre isso agora, Chris?

— Eu só estou curioso para saber o que aconteceu nesses anos que estivemos separados. E também porque pelo jeito como ele te olhou, por como fala de você, vi que ele te ama. E eu queria saber se em algum momento isso foi recíproco...

Best Part • Christopher VélezWhere stories live. Discover now