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Capítulo 28

Giulia Moraes

A batida forte da porta foi como o último golpe que nocauteia o lutador. Senti que meu choro ficou ainda mais forte e intenso. Eu pensava que discutiríamos, por aquilo das mentiras, mas não pensei que chegaríamos a tanto e que o que antes eu via era somente a pontinha do iceberg que nos rodeava. Às vezes me pego piscando seguidamente, esperando que estivesse em um pesadelo terrível onde discutimos tão feio e nos dizemos coisas que machucam tanto um ao outro até chegar ao fim da nossa relação. Me custava acreditar que acabamos com esses meses de relação e companheirismo assim, em meia hora. Me desesperava que tudo escorresse assim pelas minhas mãos e eu sequer tinha forças para segurá-lo, já que estou decepcionada, magoada e sem confiar cem por cento nas suas palavras.

Desesperada, liguei para as meninas e pedi que elas viessem me fazer companhia, porque eu as necessitava muito. Duda não demorou a chegar, enquanto Tali precisou ir resolver algo no carro antes de vir. Abri a porta para a ondulada e imaginei que eu estava toda um espantalho já que sua expressão foi um misto de preocupação e espanto ao me ver.

Oh, God! O que houve? — me abraçou forte, me envolvendo em seus braços como se fosse capaz de me proteger do resto do mundo. E somente por já não estar sozinha, meu choro se descontrolou. Agora eu soluçava e imagino que meus olhos e rostos já estivessem inchados como uma boia e vermelhos como um pimentão.

— Acabou, Duda... Acabou tudo — falei entre os soluços. A angelena fechou a porta atrás de si e caminhou comigo até o sofá, primeiramente para me tranquilizar e logo em seguida entender tudo que tinha acontecido.

— Calma, por favor. Se tranquiliza — me segurou pelos ombros — Inspira... Expira... — fez conforme havia falado e eu lhe repeti a respiração, que aos poucos foi me acalmando — Muito bem. Agora explique o que aconteceu e porque você está chorando sem parar.

— Christopher e eu terminamos. Ele vai morar em Porto Rico, ao parecer com Ana — contei, me segurando para não chorar outra vez ao falar isso em voz alta.

— O quê? Isso é sério, amiga? — Eu gostaria muito que fosse mentira, amiga. A incredulidade nesse assunto era quase regra. Contei tudo a Duda com os detalhes e assim como eu tinha ficado durante a conversa, ela ficou agora, trocando a cada hora de caras e bocas, com tudo que estava ouvindo.

— Não acredito que Christopher fez isso com você. Ainda deve a coragem de dizer que você não o ama de verdade! E depois a egoísta ainda foi você, sendo que ele nem pensou em você! — exclamou transtornada, estando a par de tudo — Nem imagino como você deve estar se sentindo... — tocou minha mão, em sinal de apoio.

— Eu só preciso me liberar disso, só então vou conseguir seguir em frente — avisei — Você não quer colocar uma dessas suas playlists tristes?

— Não precisa pedir duas vezes! — falou conectando seu celular ao aparelho de som, para que tocasse uma de suas milhares de playlists. Agradeço que ao invés de me pedir para não chorar, minha amiga havia oferecido seu colo para que eu chorasse. E isso para mim era se libertar dessa dor, dessa angústia. Graças às músicas de Duda, não demorei a deixar que as lágrimas voltassem a escorrer pelo meu rosto livremente.

Não havia visto a hora, e muito menos quanto tempo Talita havia demorado, mas assim que ouvi sua batida delicada na porta e sua voz me chamar com um pouco de receio, uma das músicas que mais me representavam começou a tocar.

— Está aberta a porta — avisou Duda.

— Meu Deus, o que é isso? — comentou espantada ao ouvir a trilha sonora e ao ver meu estado.

Best Part • Christopher VélezWhere stories live. Discover now