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Capítulo 32

Christopher Vélez

Minutos antes do embarque, após toda a despedida chorosa da minha mãe, eu ainda me pegava olhando para os lados buscando por alguém que eu estava certo que não me procuraria nunca mais. Me consolando ou apenas me incentivando a embarcar, ouvi um "ela não vem" da minha companheira de viagem, que me empurrava levemente em direção ao portão.

Chegar a Porto Rico, ter compromissos com os produtores e o estúdio, poder palpitar em algumas canções e letras, estar vivendo aquilo que eu sempre quis, era incrível. E no fim das contas, dividir por alguns meses um apartamento com Ana não tinha sido má ideia. Acabamos recordando a razão do porque nos apaixonamos um dia, e desenvolvemos uma amizade saudável, que algumas vezes se permitiu um pouco mais de intimidade, mas que para não ter problemas futuros, decidi deixar claro que não poderia voltar a acontecer, e estávamos cumprindo com o trato e tranquilos com a amizade forte que criamos.

Minha aventura em outro país durou pouco mais de dois meses, somente. Enquanto estava lá descobri que haveria um reality, o La Banda, com intuito de formar a mais nova boyband latina, e mesmo que eu já estivesse trabalhando em uma carreira solo, decidi me inscrever para a seleção. Se eu passasse da primeira fase, seria meu sinal de qual caminho deveria seguir. Fui chamado para audicionar ao vivo e então entendi para onde o destino queria me levar. Voltei para Miami por causa do programa, e mesmo depois de pouquíssimo tempo, descobri que o apartamento vizinho havia ficado vago há quinze dias.

Ela foi embora.

Coloquei toda minha força e foco no reality e a cada fase que passava, agradecia por estar onde estou e ligava no mesmo instante para contar tudo a minha mãe e o restante da minha família que está no Equador. E todo esse foco e disciplina me geraram bons resultados, principalmente com o público, que votavam a cada semana.

Mal pude crer quando meu nome foi anunciado como um dos ganhadores, ou seja, um dos integrantes do grupo. Eu havia conseguido! E era só o começo.

***

10 de janeiro de 2022

Seis anos vivendo o meu sonho. Hoje agradeço que eu não neguei a chance de participar desse reality, porque foi graças ao La Banda que eu conheci meus irmãos Zabdiel, Richard e Erick, parceiros de tudo e acima disso, meus companheiros de grupo. De CNCO. Também conheci um amor maior que qualquer coisa, o mais puro e bonito deles: o de fã. Elas são a parte mais especial disso, e sem elas eu não teria realizado tantos sonhos, não estaria onde estou, sem elas não seríamos nada.

Já viajamos a inúmeros países, vários continentes e sempre encontramos multidões a nossa espera, o que é muito mais do que nós quatro havíamos imaginado. Multidões que cantavam as nossas músicas muitas vezes sem saber o nosso idioma direito, que aprendem somente porque gostam de nós e do que cantamos. Porque nos amam. E é nesse amor que eu estou focado.

Não posso dizer que passei esses seis anos de celibato, sem companhia alguma. Quando eu sinto falta ou tenho minhas vontades, busco alguém e mato o que está me matando, mas nada sério. Nada de envolver sentimentos. E não, não é trauma do meu último relacionamento. É só que eu vivo viajando agora e não quero me apegar a alguma de algum lugar. E talvez, porque eu não queira mesmo ter de novo aquele sentimento avassalador que te faz refém. Refém do outro e de você mesmo, por sentir algo tão autodestruidor.

Eu fiquei sozinho e gostei disso, sem compromisso com ninguém, coisa que desde os dezesseis anos eu não sabia o que era. Agora, com vinte e seis, eu não estava procurando por isso ainda. Estou vivendo a agitação da minha adolescência agora, que estou solto, que posso conhecer alguém em cada cidade, em cada festa ou balada.

Best Part • Christopher VélezOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz