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Vitória 💫

Horas antes..

Acordei antes do alarme, era 4:27. Fechei os olhos e dormi até 4:30. Tava cansada gente, gravidez trás sono.

Levantei assim que despertou o alarme, levantei bem devagar e andei até o banheiro me arrastando. Queria era ficar na minha casa dormindo, mas o dever me chama.

Tomei um banho, amanhã lavaria o cabelo. Eu disse isso ontem, e antes de ontem mais é que eu tava com preguiça. E essa gravidez tem dado crescimento meu cabelo. Ele já ta pra baixo da cintura e eu tava com pena de corta.

Sai do banho enrolada em uma toalha e abri meu armário. Me vesti com a farda e me olhei no espelho, já tiver que pegar um tamanho maior do uniforme, só tiro licença daqui uns dias.

Fui pra cozinha e senti saudades do Mayke, deixei ele lá no Perigoso. Já tinha recebido muita reclamação dos latidos dele. Ninguém podia ouvir os latidos do meu filho, mais eu era obrigada a ficar ouvindo a síndica gemendo igual um camelo desafinado né?

Palhaçada.

Tomei meu café e minhas vitaminas. Lavei rapidamente o que eu sujei e fui pro meu quarto. Peguei a mochila já pronta, recarreguei as pistolas e enfiei no coldre.

Peguei minhas chaves e sai de casa dando de cara com a minha mãe.

— Miriam - Falei com intonação de entusiasmo, totalmente falso — O que trás sua maravilhosa presenças as... — Olhei no relógio no meu pulso - 6:20 da manhã?

— Sua barriga - ela disse descendo os olhos pra minha barriga — Tu acha que eu sou otária o que?

— Seja específica mamãe - Falei trancando a porta e virei pra ela.

— Tu achou que ia esconder a gravidez de mim até quando? - Ela disse parando do meu lado de frente pro Elevador que eu tinha acabado de chamar.

— Não estava escondendo, só não quis contar agora ue. - Falei entrando no elevador e ela entrou comigo.

— Seu pai vai ficar muito puto quando descobrir... É dele? - Olhei pra ela rapidamente.

— Dele quem? - Falei me fazendo de sonsa e ela me encarou com Tédio. — Se a Senhora sabe que é a Senhora tá me perguntando por quê? - Falei saindo do Elevador andando até o meu carro.

— Sua ignorante - Ela disse e eu ri.

— Aprendi com você querida - Falei destravando o carro.

— Filha... Quero que saiba que eu não vou te julgar, nem te apontar o dedo quem sou eu pra fazer isso? - Falei sem entender. — te explico no caminho - Ela disse e entrou no carro e eu fiquei parada — Anda Brenda euoem - Ela disse me assuntando de leve e eu entrei no carro.

Vai vim merda ai.

(...)

— Seu pai é pai de facção - Ela disse e eu freei na hora fazendo ela ir pra frente — Garota! Ta doida? - Parei o carro e virei pra ela.

— Facção é uma filha né? Que vocês adotaram certo? Um nome bem diferente... Gostei - Falei rindo de nervoso e ela continuou séria. — Mãe para de brincar tá? Isso é coisa séria.

— Eu não to brincando, seu pai é pai de facção. A do seu namorado inclusive.

— Impossível mãe, meu pai é chefe da BOPE! Não viaja. - Falei e ela me olhou com deboche.

— E tu acha que ele chegou lá como querida? Acha que as reuniões no casarão são pra falar de quantos bandidos ele prende por dia? - Ela disse me fazendo encostar a cabeça e fechar os olhos — Seu namorado tem ficha limpa por causa do seu pai. Eles se conhecem desde que o Perigoso assumiu a Rocinha. Tu acha que ele escolheu ele pra cuidar de você porque? - Minha vida foi uma mentira basicamente, na realidade eu nem tava decepcionada apenas surpreendida. — Fala alguma coisa Vitória - Ela disse me cutucando e eu olhei pra ela.

— Quantas pessoas sabem? - Ela me olhou com deboche.

— A gravidez te deixou meio burra né? - Ela disse e eu a olhei indignada — Poucas né Brenda? Apenas a Facção e alguns aliados da polícia. E o que você acha disso tudo? Tudo bem pra você?

— O que é a merda pra quem já tá no esgoto? - Falei ligando o carro dando partida pra Delegacia — Só queria saber antes, assim não tinha pegado amor pela minha profissão, agora eu sinto nojo de mim por ser chamada de Major.

— Pode parando! Levanta a cabeça e termina teu trabalho, tu batalhou pra caralho pra tá aqui. - Ela disse me olhando e eu concordei com a cabeça em silêncio. — Você não é manchada pelos erros do seu pai tá entendendo? Continua teu trabalho porra, limpa o RJ.

— Mãe eu tô apaixonada e grávida de um traficante. A Senhora acha que é ele quem vai desisti do tráfico pra vim morar comigo? - Falei olhando pra ela rápido. — É eu mãe. Vou ter que desistir disso tudo, por amor. - Falei e estacionei o carro, sai do carro e ela também. — É certo mãe? Tipo, eu tô certa?

— Não posso dizer se está certa ou errada. De um lado tem sua profissão e do outro seu Amor, se ficar com seu amor perde a profissão e se ficar com a profissão perde o seu amor. A alguns anos atrás eu era você, grávida de um membro da facção terminando a faculdade. Eu escolhi a profissão e o amor, mas no seu caso é diferente. Não pode ter os dois. Ou você é a Major Vitória, ou você é a Brenda Vitória. - Ela disse e eu abracei ela chorando. Eu realmente não sabia o que fazer.

— Obrigada mãe, irei pensar com carinho em tudo o que disse - Beijei sjat bochecha e a gente entrou na delegacia.

Deixei minhas coisas no armário e encontrei minha equipe reunida em uma mesa, com um mapa sei lá. E vários papéis.

— Bom dia - Falei e todos me olharam - O que vocês tão fazendo?

— Major... Queria falar com você mesmo, pode vim aqui? - Ouvi Douglas me chamar e concordei com a cabeça e entramos em uma sala.

— Queremos Pacificar a Rocinha - O Douglas disse. — Se nos der o Aval, Vamos... - Interrompi ele.

— Não. - Disse séria e ele me olhou sem entender.

— O que? Não você não está entendendo, a Rocinha é a maior favela da América Latina. Se a gente Pacificar ela a gente..

— Minha resposta é não! - Falei levantando. — Irei ver com a Delegada se teremos alguma  operação, longe dessa favela.

— A gente pode invadir ela hoje, temos armamentos novos e..

— Você é surdo caralho? Eu disse não! Abaixo da Delegada você tem que me obedecer porque sua chefe sou eu.

— Então é verdade que você está envolvida com o Dono de lá... - Ele disse pensativo — Você é uma piranha. Tá trabalhando aqui pra que? Pra conseguir informações? - puxei ele pela gola deixando cara a cara comigo.

— Vou te falar apenas uma vez e é bom você abraçar o papo. Você me deve respeito tá entendendo? O que eu faço ou não fora desse lugar não diz respeito a ninguém aqui. Então ponha se no seu lugar! Diz só mais um A me ofendendo ou me destacando mais uma vez e eu não vou me importar de perder meu emprego de tanta porrada que eu vou dar nessa tua cara de mimado do caralho! Você entendeu? - Ele não me respondeu e eu sacudir ele — VOCÊ ENTENDEU CARALHO? - Gritei e ele me olhou assustado. — Ótimo. - Falei soltando ele e sai da sala batendo a porta na parede.

Destinos TraçadosWhere stories live. Discover now