Barganha

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Já se passaram oito malditos meses aqui, o que tem tornado mais leve foi meu terapeuta, ele me conta todas as fofocas do mundo do kpop e notícias relevantes e irrelevantes, ontem ficamos debatendo a tarde toda porque ele descobriu que o maior besouro do mundo tem 17 centímetros e vive no Brasil, disse que o dia que for naquele local vai ir com uma marreta e um terço para orar já que se der de cara com um bicho enorme desses certeza que encontrara Jesus, ri a tarde toda da cara pálida dele toda vez que olhava pro seu celular e dizia que o besouro era maior.

Não comecei as terapias, continuo na base dos calmantes e tive alguns acessos de raiva, me sedaram mas Jimin convenceu que não precisava de contenção, via no rosto do psiquiatra que ele não estava gostando da abordagem do meu terapeuta e seguido chamava o moreno na sua sala e um tempo depois vinha um Jimin feliz que ele acatou todos seus pedidos, não entendia o porque de Hoseok se curvar as vontades dele, mas isso sempre ocorria depois de algumas horas de ambos trancados na sala do médico, será que eles tinham algo e Jimin ia pra sala dele e o acalmava e então ele cedia.

Ele mesmo já disse que o médico dava carta branca pra fazer o que quisesse, nem o enfermeiro chefe tinha direitos como o terapeuta, imaginar o que faziam naquela sala sozinhos por horas trancados fez tudo se revirar dentro do meu estômago, deve ser fome preciso tomar café e parar de paranóia, como se fosse da minha conta a vida pessoal dele, que se envolva com quem quiser quem sou eu pra falar.

Pare Jungkook não vá por esse caminho, meu racional dizia isso, mas tinha uma parte que ignorava e tentava matar todo dia que dizia algo bem mais assustador, mas vou continuar ignorando até o fim.

Levantei e fui para o banho, no chuveiro relaxando embaixo da água morna meus pensamentos vinham com tudo, como dormia basicamente a base de remédios era no horário do banho que todos meus pensamentos me atingiam com força.

Oito meses sozinho, sem meu amor, sem minha casa e nesse lugar que nem consigo denominar.

Se eu não tivesse inventado aquela viagem não estaríamos na estrada e o acidente não iria ocorrer.

Senão tivesse enchido o saco porque queria aquela moto, ele estaria aqui comigo.

Sempre fui mimado por ele, tudo que pedi ele me deu e o que não conseguia ele se virava do avesso mas uma hora ele conseguia, se tinha definição para meu garoto era perseverança.

Só de pensar nele e na falta que me faz as lágrimas involuntariamente brotam nos meus olhos, todo sofrimento parece não ter fim.

A culpa é minha sei disso, ele gostava de uma vida cômoda e tranquila e eu apareci e o desestabilizei todo, todos seus planos de uma vida calma e segura foram pro ralo quando ele se envolveu com o filho do militar, religioso e intolerante.

Tivemos que fugir e fiquei muito tempo sem sair de casa com medo dele aparecer, nunca trabalhei e ele me sustentou e me escondeu por anos até meu pai parar de me caçar pelas ruas.

Mas não quero me lembrar disso, quero tentar manter as lembranças boas mesmo com o passar dos meses cada vez parecem mais borradas, tem tantos detalhes que estão sumindo em minha mente que fico com medo.

Já se sentiram vazios?

Como se nada fizesse sentido e a única coisa que pensa é porque não dei um fim a esse sofrimento.

Pensava o tempo todo em suicídio mesmo depois de tantas tentativas falhas ainda queria acabar com minha própria vida.

O que teria a perder?

Afinal o motivo do meu viver foi embora, ele sempre me dizia que éramos almas gêmeas e ficaríamos junto por toda a eternidade, mas a vida é uma caixinha de surpresas e me levou ao paraiso de uma maneira que nunca fora tão feliz em toda minha existência e depois meu amor foi arrancado brutalmente de mim sem nem uma chance de um adeus.

Chocolates, declarações e um adeusWhere stories live. Discover now