Capítulo 3 - Casa não é lar

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Ivan Petrov

   Quando tomei a decisão de vir a Chicago, achei que encontraria uma patricinha mimada com seu saltos brilhantes e seus casacos de pele, com aqueles vestidos curtos demais. Não é o tipo de imagem - imatura - que gostaria para minha esposa, mas ainda sim... seria melhor do que ver que a garotinha que tinha seu vestido branco, sujo de glacê vermelho, se tornou uma mulher linda que se esconde por trás de sua tristeza e moletons, e não posso esquecer, um óculos de armação fina e um rabo de cavalo baixo.

Ela continua linda, sempre foi linda. Em todas as fotos que recebi por anos ela estava linda, a diferença é que essa que está sentada no banco de passageiro do meu carro, não sorri como nas fotos.

O sinal fica vermelho, olho em sua direção para a ver encarando o conteúdo da caixa azul.

É um quadro, um quadro claramente pintado a mão. É uma folha de papel emoldurada em um quadro preto, o desenho é inteiramente em cores escuras e a modelo é a Zarina, sentada em uma mesa segurando um livro.

Uma pintura claramente pesada, trás tanta tristeza quando poderia.

- this house doesn't feel like a home - Ela fala a frase em voz alta, como um pensamento que saiu sem que ela percebesse. - Essa casa não parece como um lar - Ela repete mais baixo.

Sem entender o motivo dela estar dizendo isso, me viro novamente para encontrar o sinal verde, me fazendo continuar o caminho até a casa da moça ao meu lado em silêncio.

Zarina Denovan

Era para ser um dia como qualquer outro... mas, eu descobri que estou noiva e como se não fosse o bastante, o homem para qual estou prometida me levou a um café e depois me comprou livros.

Para ser sincera, achei que ele seria diferente. Desde que descobri, a algumas horas, imaginei ele como um homem mais baixo, de olhos castanho e talvez, só talvez, bem mais velho.

Mas o que me apareceu foi um homem realmente alto, de ombros largos, cabelos pretos e olhos azuis.

Ivan não sabe que sei sobre todo o lance do contrato, e pelo que parece, ele também não pretende me contar. Apesar disso, ele é até que uma companhia descente, faz perguntas rasas, não me preciona sobre qualquer assunto e fala pouco - Resumindo, o tipo ideal de companhia, para mim.

O dia estava sendo agradável, eu ganhei livros e tomei um ótimo café. Mas começou a ser desagradável quando abri aquela maldita caixa azul, o desenho tinha realmente traços bonitos, mas era tão pesado e me retratava de uma forma tão deprimente que me fez sufocar por um segundo.

Talvez, as pessoas não pudessem entender o como aquele desenho me representava. Uma garota infeliz lendo para viver, fugindo de sua realidade, gritando socorro as folhas de papel.

Eu parecia medrosa, confusa e olhando para o livro como se pedisse ajuda. Então disse, proferi a única frase que resumia o que eu sentia ao olhar para o quadro.

Ivan parou de me encarar após eu repetir a frase e fomos o resto do caminho até minha casa em silêncio.

Quando ele estacionou o carro, suspirei alto antes de sair do veículo e caminhar até a porta, sendo seguida por um russo com o dobro da minha altura.

Ao abrir a porta um menininho de cabelos grandes correu até mim, me agachei enquanto sentia seus pequenos bracinhos ao meu redor.

- Tia! - Ele gritou quando retribui seu abraço.

- Oi, meu amor - Eu disse sorrindo verdadeiramente enquanto alisava seu cabelo - Senti sua falta.

- Mamãe disse que você estava triste, então vim te dar um abraço. - O garoto de quatro anos diz ao se afastar. 

- O seus abraços curam.

- Eu sei - Ele diz rindo enquanto corre para sala de estar.

Me levanto e vejo que minha irmã caminha até mim, seus braços me envolvem e ela faz carinho em meu cabelo.

- Eu sinto muito, querida. - Ela diz quando me solta.

- Está tudo bem... - Minha voz sai falha ao proferir a frase.

Minha irmã sai do meu campo de visão enquanto meu querido cunhado caminha até mim. O mesmo me abraça como se assim conseguisse me tirar de toda essa confusão, envolvo meus braços ao redor de sua cintura quando sinto ele ofegar meu cabelo.

Solto o suspiro mais longo e pesado que poderia, uma lágrima escorre por minha bochecha. Anthony me solta dando um passo para trás, seca minha lágrima e começa a falar:

- Eu sinto muito por ter descoberto assim, tesoro. Mas garanto, tudo ficará tão bem quanto ficou para Victoria, sua irmã. - Ele segura meu rosto com suas mãos - E eu peço seu perdão por não poder interferir, me dói ver que ele te fere.

Ele não se referia mais ao Ivan Petrov, o russo chatão atrás de mim, Anthony falava sobre meu pai. Mesmo que meu cunhado seja da família, existe uma conduta muito rígida a seguir e nela não é permitido que alguém, que não seja o parceiro de sua filha, diga como o pai da família pode educar suas filhas.

Anthony se referia ao meu pai me ferir.

- Eu entendo, Anthony. - Eu disse em derrota, não havia nada que ele pudesse fazer.

- Mas... te trouxe um presente da Itália, isso eu posso fazer. - ele sorri colocando a mão em seu terno para pegar uma caixa vermelha.

- não é grande o suficiente para caber macarrons... - Digo decepcionada ao segurar a caixa.

- Macarrons não são da Itália, Zarina! - Ele me repreende, como se fosse sua filha que acabou de errar uma questão de geografia.

- Mas você sempre passa na França antes de vir aqui. - digo dando de ombros

abro a caixa encontrando um colar, o pingente tinha uma rosa cravada.

- Victoria quem escolheu.

- Eu amei.

eu sorria para o pingente quando senti minha irmã me abraçando de lado. 

- E sim, eu trouxe Macarrons. - Foi o suficiente para me fazer rir.

Anthony e Victoria sempre cuidaram de mim, eles estão juntos a muito tempo. Desde que Anthony noivou minha irmã mais velha, o mesmo se tornou um amigo com um instinto paterno aflorado, ele e minha irmã estão sempre lá quando preciso e eu os amo, assim como amo meu sobrinho.

Branco não, eu prefiro vermelho - Drakon's IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora