Capítulo 95

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Tudo estava exatamente como eu me lembrava de ter visto pela última vez. A sensação que aquilo me causava era impossível de descrever. Qualquer pessoa que visse aquela casa diria facilmente que alguém vivia ali e que, provavelmente, saiu apenas para fazer algo rápido.

— Ei, amor. Tudo bem? — Pete colocou a mão em meu ombro enquanto eu permanecia parada na porta, olhando tudo a minha volta.

— Uhum. — concordei baixinho — Bom... É... Entrem, gente. — falei passando a mão rapidamente em minha bochecha para enxugar uma lágrima solitária.

Parker e Michelle me seguiram para dentro da casa, ainda em silêncio. Alguns brinquedos no chão da sala, além de um par de galochas minúsculas ao lado da porta. Tudo aquilo era meu.

— Pode deixar as coisas aí no sofá, amor. — avisei apontando o assento com meu queixo e continuei a caminhar em passos lentos até a passagem que levava a cozinha. — Tem louça no escorredor... — sussurrei.

— O que disse, Liz? — MJ perguntou surgindo logo atrás de mim.

— Louça no escorredor. — repeti, dessa vez mais alto — Eu devia ter guardado, minha mãe tinha acabado de lavar os pratos que sujamos no almoço. Ela teve uma convulsão, eu liguei pra emergência e saímos daqui às pressas... Não tive oportunidade de fazer isso depois.

— Nossa... Sinto muito, sabe? Que você tenha passado por isso tão pequena e sozinha. — ela balbuciou sem saber exatamente o que dizer.

— Eu também sinto... Eu era só uma criança. — respirei fundo antes de continuar a falar — Bom... Vamos dar uma olhada no resto da casa.

Fomos pelo corredor que levaria aos quartos e o banheiro. Meu namorado e minha melhor amiga me seguiam em silêncio, reparando bem em tudo.

A porta do meu quarto, que tinha uma plaquinha com meu nome e várias borboletas adesivas, estava aberta. Assim como a sala, havia brinquedos pelo chão. A cama, que era bem menor do que eu me lembrava, estava arrumada. Tudo estava da mesma forma que eu e Martha deixamos quando viemos fazer minhas malas.

— Bizarro, não acham? — perguntei quebrando o silêncio — Talvez pra vocês não seja tão estranho quanto está sendo pra mim mas... Sei lá.

— Não consigo imaginar você tão pequenininha ao ponto de caber nessa cama. — Pete comentou e eu ri fraquinho.

— A porta da frente é o quarto da minha mãe. No final do corredor ficam o banheiro e o escritório. — expliquei enquanto saímos de meu quarto.

Nada parecia ter sido tocado em nenhum dos cômodos, absolutamente nada. Não podia afirmar isso com toda a certeza do mundo porque era impossível me lembrar perfeitamente onde estava casa objeto quando saí dali há mais de dez anos.

— Acho que devíamos começar por aqui — comentei ao abrir a porta do escritório — Se o que procuramos são papéis, é provável que esteja em alguma delas. — apontei para as prateleiras repletas de pastas coloridas.

— Minha nossa... É muita coisa. — Michelle passou os dedos lentamente sobre a escrivaninha onde estava o computador e os limpou em seguida devido à poeira.

— Leanne era jornalista. — Pete falou tomando iniciativa e tirando uma pasta da prateleira — O que não deve faltar aqui é papel pra olhar.

— Sim, mas podemos ser mais práticos. Ela era muito organizada, não precisamos olhar arquivo por arquivo, é só procurar a pasta que tenha algo relacionado à exames. — expliquei olhando a lateral das pastas para ler o que estava escrito com caneta permanente.

I Found You • Peter ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora