O6.

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Já passava das três da manhã quando finalmente se deitaram na cama do mais velho. Ambos encaravam o teto, sem muito o que dizer ou fazer, porque embora quisessem, não conseguiam dormir. A única luz no quarto era provida pela Lua, que entrava pela janela da parede ao lado. Não se ouvia um som sequer a não ser o de suas respirações e não pensavam em nada a não ser um no outro. Pran nunca sentiu seu corpo tão quente. Não sabia se era pelo moletom que o maior lhe deu para vestir, pelo cobertor que cobria até seu pescoço, ou simplesmente pela presença de Pat ali. O moreno, da mesma forma, sentia que a qualquer momento iria explodir. Mesmo que o ar estivesse ligado, mesmo que só vestisse uma camiseta e uma calça. Estava começando a cogitar a possibilidade de estar com febre, quando ouviu o mais novo murmurar:

ㅡ Por que está tão quente?...

Desviou o olhar do teto para Pran, acabando por rir baixinho.

ㅡ Porque você está todo empacotado, talvez...

ㅡ Não, é um calor diferente... o senhor não está sentindo?

É isso. Um calor diferente. Pat se xingou mentalmente.

ㅡ Estou.

ㅡ Será por causa da bebida? Meu estômago fica... oscilando.

ㅡ Acho que não. - sorriu, desviando o olhar.

ㅡ Então o que pode ser? - perguntou, se deitando de bruços, sem tirar os olhos do mais velho.

ㅡ Vamos descobrir... se importa se eu tirar a blusa?

O menor negou, sorrindo fraco. Não era um sorriso malicioso, muito pelo contrário. Considerando as intenções de Pat, era inclusive inocente até demais, mas bastou um segundo para seus olhos percorrerem seu tronco nu e toda a ingenuidade que lhe restava sair andando dali. O apreciou sem disfarce algum e sem nem perceber, prensou as pernas uma contra a outra. Foi só quando percebeu que Pat o encarava que levou os olhos de volta à seu rosto e engoliu seco, antes de voltar a sorrir.

ㅡ Você não tem filtro, Pran.

ㅡ Hm?~

ㅡ No que está pensando?

ㅡ Eu? Nada... - pressionou os lábios escondendo um sorriso, desviando o olhar de volta para o teto.

ㅡ Ei...

ㅡ Hm?

ㅡ Olha para mim. - ordenou ao segurar seu queixo com delicadeza, o trazendo de volta para si. Pran sentiu o coração parar por um segundo, e em seguida acelerar como nunca. Seus olhos oscilavam entre as orbes escuras de Pat, notando que estavam rígidas, pela primeira vez. Buscou por seu sorriso como se fosse amenizar a situação, mas não o encontrou, e só aí percebeu a proximidade de seus rostos. Sua respiração falhou. O silêncio tornava a situação mais agoniante a cada segundo, era como se seu corpo fosse um ímã o puxando para cada vez mais perto, mas a cada centímetro a menos, mais perigo corria; então relutava, mas era em vão. Só percebeu que não tinha mais o que fazer quando Pat fez questão de colar seu corpo ao dele, envolvendo a cintura do mais novo com um de seus braços. O garoto sentiu suas pernas tremerem no mesmo instante, e como consequência da proximidade, Pat percebeu, e é claro, abriu um sorriso largo, um tanto convencido.

ㅡ Disse que está com calor, mas está tremendo...

O garoto negou, tentando a todo custo desviar os olhos de Pat, mas era como se algo o prendesse ali.

ㅡ Então o que foi isso, hm? - Pat aproximava seus rostos a medida que falava, e apesar de Pran acreditar ser apenas um dos delírios causados pelo álcool, um turbilhão de sensações prenchiam seu corpo naquele momento. Então se aproveitando do fato que nenhum dos dois se lembraria disso na manhã seguinte, com um sorriso perverso, envolveu o pescoço de Pat com ambos braços, provocando no maior um sorriso ainda maior, totalmente satisfeito.

ㅡ Acho que... é o senhor que me deixa assim. - disse baixinho, quase num sussurro ao desviar a atenção de seus olhos para seus lábios, sorrindo ao perceber que Pat fazia o mesmo.

Os dois eram como uma bomba-relógio sem previsão de quando iriam explodir. Tentavam decifrar um ao outro com os olhares, e a cada um daqueles longos segundos, mais fácil parecia ler o que estava em suas mentes, tornando a tensão ainda maior. Pat sentia que estava chegando a seu limite ao mesmo tempo que prometia a si mesmo que não faria nada sem o consentimento alheio, e Pran não era diferente. Nunca foi bom percebendo sinais, e não sabia se fazia parte de seus devaneios, mas se aquele não era o momento perfeito para acabar com toda sua sede, não sabia qual seria.

Pat levou a mão que antes se apoiava no colchão ao seu rosto, lentamente deslizando o polegar por seus lábios avermelhados por terem sido tão maltratados pelo menor, que o mordia constantemente desde que se deitaram ali. Tudo o que queria era saber seu gosto.

ㅡ O que você quer que eu faça? - perguntou analisando cada canto de seu rosto em busca de uma resposta, mesmo que não fosse verbal. Naquele ponto, Pran não sabia mais o que significava a palavra "hesitação". Disse o que lhe veio em mente, como se lêsse em voz alta o que se passava na de Pat.

ㅡ Me beije. 

Com um sorriso convencido e um tanto aliviado, Pat se inclinou ainda mais. Seus narizes se tocaram e logo em seguida seus lábios também, mas não passaram dali.

ㅡ É tudo que eu mais quero agora...

ㅡ Mas?... - o mais novo indagou, confuso com a hesitação repentina.

ㅡ Estamos bêbados... você principalmente. - sorriu de canto, deixando um selar demorado em sua testa antes de se deitar novamente ao seu lado, fazendo questão de manter seus corpos colados.

Pran suspirou e resmungou baixinho, buscando o olhar do mais velho, inconformado.

ㅡ Não estou não! É só um pouquinho!...

ㅡ Mas esse pouquinho ainda é muito~ Não quero que se arrependa disso... pelo contrário.

O sorriso que Pat tinha no rosto enquanto acriciava os fios de Pran era tão dócil que foi suficiente para convencê-lo, já que fazia o mais novo se derreter por inteiro apesar de não demonstrar.

ㅡ Sabia!...

ㅡ O quê? - perguntou curioso, ajeitando o cobertor sobre ambos os corpos.

ㅡ O senhor rouba os corações das pessoas, e ainda deixa elas com vontade...

Pat gargalhou, escondendo o rosto no travesseiro, desacreditado do que ouvia.

ㅡ Não fiz de propósito, tá bom?! Você tem noção do quanto te quero pra mim?

Aquilo atingiu Pran bem mais do que deveria. Seu estômago se revirou em puro êxtase e seu coraçãozinho, pobrezinho, já estava cansado de tanto acelerar. Um sorriso grande, completamente abobado surgiu em seu rosto. Sentiu vontade de se esconder, e assim o fez, afundando o rosto no peitoral alheio. Ali, pôde sentir perfeitamente o calor escaldante de seu corpo. Ouvia seu coração bater de forma desrregulada, se aliviando instantaneamente. Sentiu seu cheiro mais uma vez entrar por suas narinas e percorrer todo seu corpo, provocando sensações que nem sabia que eram possíveis de serem sentidas. Quando sentiu uma de suas mãos em seus fios os afagando graciosa e suavemente, seu corpo entrou em um estado de paz que nunca tinha sentido antes. Os dedos longos sendo deslizados por seus fios de novo e de novo faziam o garoto se arrepiar a cada segundo, e aquele era, definitivamente, o melhor sentimento que já sentiu.
Pat não conseguia parar de sorrirr, não importava quanto tempo se passasse. A presença de Pran por si só era suficiente para causar no mais velho todas as sensações que já conhecia numa intensidade nunca vista antes. Quando o viu pela primeira vez, não soube dizer ao certo o que tinha de tão cativante naquele garoto, mas agora, pouco a pouco, entendia, era tudo. Seu jeito de andar, comer, agir e principalmente, seu jeito de sorrir... suas covinhas, céus... Eram tão lindas que seu peito doía.

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OI GENTE
só queria passar para agradecer por todas as visualizações, favoritos e comentários, vocês são incríveis!!
mesmo que pareça pouco, significa muito pra mim, vocês não tem noção do quanto me deixa feliz :(
se tiverem alguma crítica sobre a história/escrita, por favor, me deixem saber!!!
obrigado de verdade, eu amo vocês
:(<3

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