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(ouça "the wisp sings - winter aid")

A noite chegava ao fim quando Pran e Pat se encontravam cambaleando pelas ruas escuras e calmas de Bangkok. Pran andava em zigue-zague enquanto Pat o seguia para se certificar de que o menino não acabaria caindo, mas foi pego de surpresa quando, de repente, o viu sentado. Se assustou no início, mas entendeu que era sua vontade quando viu o garoto se deitar sobre o asfalto. Extremamente confuso, mas com um sorriso no rosto, se juntou a ele, deitando-se ao seu lado.

Acima de ambos estava um céu completamente estrelado, que por si só fazia Pran sorrir ao observá-lo.

ㅡ Sabia que quando era criança, eu achava que a Lua me ouvia?... parecia um bobo, conversando com ela da janela. Era tão vergonhoso quando minha mãe via... - fez uma pausa para rir, fechando os olhos devagar.

ㅡ Eu... achava que meus pais me ouviam. - a primeira frase chamou a atenção do mais novo, que levou os olhos cansados em sua direção, os deixando permanecer ali. Pat progrediu sem tirar a atenção da vasta escuridão acima de si.

ㅡ Não sei por quê, mas... achava que o meu pai era o Sol, e minha mãe a Lua. Acho que porquê quando tinha sonhos ruins, ela ficava do meu lado até conseguir dormir. Então depois que ela se foi, comecei a dormir com a janela aberta para poder vê-la e contar como tinha sido meu dia. Um dia o meu avô viu... e mandou construir aquela janela enorme que você tanto amou. Para eu poder vê-los o tempo todo, onde quer que estivessem.

Finalizou com olhos marejados e um sorriso fraco.

ㅡ Por quê eles se foram?...

Depois de alguns segundos em silêncio, sorriu fraco e respondeu.

ㅡ O avião em que eles estavam caiu. Por muitos anos eu acreditei que eles só estavam em uma viagem longa... que não conseguiam voltar. Não tinham corpos no velório, então eu não entendi, na época. Tinha quatro anos, e a Pa, dois. Se não fosse pela insistência da minha tia, nós teríamos ido com eles... e durante minha vida inteira eu achei que teria sido melhor assim.

O mais velho enxugou as poucas lágrimas em seu rosto antes de se virar na direção de Pran, que carregava consigo a expressão e as lágrimas de quem simplesmente não entendia a necessidade de tamanha maldade.

ㅡ Hoje eu entendo porque tive que ficar... um dia eu iria encontrar um garotinho que precisaria de mim... e que me faria amá-lo ao ponto de não conseguir me imaginar sem ele.

Pran se agarrou ao corpo alheio como se não fosse mais soltá-lo, e se pudesse, realmente não o faria. Ao perceber que o moreno tentava dizer algo, supôs que estava tentando se explicar. Prontamente segurou seu rosto e manteve os olhos firmes nos seus.

ㅡ Não precisa falar nada...

ㅡ Eu nem sei porque disse i-

ㅡ Obrigado por ter me dito, Pat. Eu quero ouvir cada detalhe de cada momento e cada história que você conseguir se lembrar... eu quero saber tudo sobre você! Mesmo as coisas que você pense serem inúteis, desnecessárias, tristes ou sem graça, tudo! Vou te ouvir por horas, se me deixar.

Pat fez uma pausa breve, apenas para admirar o rosto à sua frente. Sorriu de canto, como se estivesse acabado de voltar a seus sentidos, e riu baixinho, levando uma das mãos ao rosto do menino.

ㅡ Você fica tão romântico quando bebe~ é a coisa mais linda do mundo, sabia?

ㅡ Pat! Estou falando sério!

ㅡ Eu sei, garotinho... pode ter certeza de que vou te contar tudo o que sei. E tudo que me dizem.

ㅡ Posso te contar algo também?

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